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Universitária vence prêmio com com projeto que combate a violência doméstica

Empresa Markt Club anuncia vencedora do concurso Prêmio de Inovação. A ganhadora Luana Aguiar está no 6º semestre de psicologia

Ana Luisa Araujo
postado em 24/10/2021 06:00 / atualizado em 26/10/2021 17:48
Luana Coutinho recebe o prêmio de R$ 5 mil de Roberto Niwa -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Luana Coutinho recebe o prêmio de R$ 5 mil de Roberto Niwa - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Luana Coutinho Aguiar, 21 anos, teve seu projeto escolhido entre 32 inscritos para o Prêmio de Inovação da Markt Club, maior empresa de clube de vantagens da América Latina. A proposta que levou o nome de Assistência contra a violência à mulher, da estudante de psicologia do Centro Universitário de Brasília (Uniceub), pretende colocar no site da empresa um botão para mulheres que sofrem violência doméstica clicarem e serem acolhidas de diversas formas. A jovem ganhou R$ 5 mil, a possibilidade de contratação na empresa e uma pós-graduação no Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), que foi parceiro do projeto.

"Acredito que é muito mais sutil esse método. Se você estiver no computador e o seu agressor chegar, é só você fechar a aba, não é como no telefone. Muitas mulheres não sabem que podem ser escutadas, e não necessariamente elas precisam denunciar na hora que ocorre a agressão”, afirma Luana.

O objetivo do concurso era incentivar a inovação e o empreendedorismo entre os universitários do Distrito Federal. Dos cinco finalistas, a vencedora se destacou pelo seu projeto ter consistência do início ao fim, com uma ideia bem elaborada, e aplicabilidade. Além disso, a proposta da estudante foi a melhor apresentada para plataformas on-line e e-commerce.

A ideia surgiu a partir de uma conversa com a irmã Letícia, formada em direito. Ela trabalhava com a temática de violência doméstica. Luana conta que poderia ajudar acolhendo essas mulheres, dando suporte psicológico, que é sua área de atuação. “O que eu poderia fornecer auxílio seria na parte de acolhimento dessas mulheres”, diz.

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. (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O projeto será colocado em prática dentro de 30 a 60 dias. Ou seja, até o fim do ano mulheres vulneráveis poderão contar com a ferramenta. Luana ressalta que, às vezes, elas se sentem intimidadas em ligar para o 180 e falar com alguém. Muitas vivem com o agressor e não conseguem denunciar. Na última semana, inclusive, uma jovem de 19 anos fingiu pedir um hambúrguer para denunciar que estava em situação de cárcere privado. Felizmente, o policial conseguiu entender o pedido de socorro e mandou uma equipe ao local que ficava em Samambaia Norte, no Distrito Federal. 

Em 2021, houve, até agora, 11.829 casos registros de crimes enquadrados da Lei Maria da Penha no Distrito Federal, e o ano ainda não acabou. No ano passado, o total foi de 12.014 casos. 

Sabendo disso, além do primeiro botão que será o Disque 180, no qual será possível ligar diretamente e fazer denúncias, haverá também outros dois. O segundo será o Fale on-line, em que a mulher, ao acessar, será redirecionada para um chat do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. O terceiro e último será o de Solicitar atendimento. Nele a vítima terá atendimento psicológico on-line.

De acordo com Luana, para esse último funcionar, será preciso fazer parcerias com Organizações Não-Governamentais que ofereçam assistência a mulheres em situação de violência, ou especialistas que tenham interesse em prestar esse tipo de serviço.

No final da página, haverá um aviso esclarecendo que os canais não pertencem ao Markt Club, mas que a pessoa será redirecionada para o atendimento de órgãos responsáveis por esse tipo de violência.

 

inciativa

As mulheres vulneráveis economicamente em decorrência de violência doméstica e familiar, atendidas pela Secretaria da Mulher do Distrito Federal (SMDF), terão a oportunidade de serem contratadas para prestação de serviços terceirizados na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Por considerar que a dependência financeira é um dos dos principais motivos da permanência da mulher em situações de violência, e que a autonomia econômica oferece a oportunidade de escolha, a SMDF assinou um acordo de cooperação técnica com a Secretaria-Geral do MPF. O trato, que tem vigência de cinco anos, assegura a inclusão dessas mulheres nas contratações da PGR.

O documento prevê que, nos contratos com quantitativo de 50 ou mais trabalhadores, no mínimo, 2% das vagas deverão ser reservadas para mulheres indicadas pela SMDF, e o processo seletivo para a contratação será realizado pelas empresas prestadoras de serviços. O acordo com a PGR tem validade de 60 meses.

"Esse é um passo importante, porque garante que as mulheres que são atendidas pelos equipamentos da Secretaria, além de receber todo o acolhimento psicossocial, terão a oportunidade de reconstruírem suas histórias sendo autônomas economicamente. É um recomeço", destaca a secretária da Mulher, Ericka Filippelli.

A secretária-geral do Ministério Público Federal, subprocuradora-geral Eliana Torelly, reforça que o acordo de cooperação assinado revela o compromisso do MPF com o combate à violência de gênero e proteção das mulheres em situação de vulnerabilidade. "O acesso dessas mulheres ao mercado de trabalho é um passo importante para a garantia da independência econômica, o que é bastante facilitado pela reserva de vagas levada a efeito."

Quem poderá ser contratada?

A secretaria será responsável por elaborar uma relação de candidatas, a partir dos cadastros de mulheres atendidas pelos equipamentos de apoio à vítimas de violência doméstica e familiar, como Ceam, Nafavd, Casa da Mulher Brasileira e Casa Abrigo.

A Secretaria da Mulher do DF oferece ainda cursos, oficinas e palestras gratuitas, por meio dos programas Oportunidade Mulher, Empreende Mais Mulher e Mão na Massa.

Acolhimento necessário

Roberto Niwa e Luana Coutinho na empresa Markt Club -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Para Luana Coutinho, vencedora do prêmio, só de a mulher estar falando com um psicólogo, e saber que tem a possibilidade de entrar em um site com espaço de acolhimento feito especialmente para ela será reconfortante. “É uma realidade [a violência doméstica], a gente não pode ignorar, tem que tratar disso. Normal não é, mas infelizmente é muito comum", lamenta.

O CEO da Markt Club, Roberto Niwa Camilo, explica a importância de incentivar jovens a perseguir seus sonhos e correr atrás daquilo que desejam. Para ele, o projeto de Luana abarca uma questão social muito importante e fundamental nos dias de hoje. Apesar de ser uma empresa, essencialmente, de desenvolvimento tecnológico, Roberto diz que não queria fechar o prêmio somente para projetos da área de tecnologia da informação, e assim o fez. Se este fosse o caso, mulheres que sofrem com violência doméstica não poderiam ser beneficiadas, agora, com essa ferramenta que está prestes a ser lançada.

Roberto afirma que a geração mais jovem está interessada em criar um empreendimento totalmente inovador que mude o mundo, ou em ter estabilidade por meio de um concurso público. Ele pondera que é possível achar um meio do caminho entre esses dois objetivos. “As pessoas estão muito focadas, hoje em dia, em conquistar o mundo, em ser o novo Mark Zuckerberg. É preciso entender que esse padrão não é o que vai fazer a todos feliz”, argumenta.

Sobre o projeto, Roberto diz que a vencedora trabalhou a ideia do começo ao fim e isso a tornou campeã. “Muita gente trouxe uma ideia mas tentou inserir várias outras que não faziam parte. Não havia uma estruturação com começo, meio e fim”, afirma.

Ele explica que há a razão da sugestão, a execução e o resultado, e esses elementos eram importantes para a empresa. “O projeto da Luana tinha exatamente isso”, finaliza.

[BOX]
Mulheres atendidas pela Secretaria da Mulher do DF poderão ser contratadas pela PGR

As mulheres vulneráveis economicamente em decorrência de violência doméstica e familiar, atendidas pela Secretaria da Mulher do Distrito Federal (SMDF), terão a oportunidade de serem contratadas para prestação de serviços terceirizados na Procuradoria-Geral da República (PGR).

Por considerar que a dependência financeira é um dos dos principais motivos da permanência da mulher em situações de violência, e que a autonomia econômica oferece a oportunidade de escolha, a SMDF assinou um acordo de cooperação técnica com a Secretaria-Geral do MPF. O trato, que tem vigência de cinco anos, assegura a inclusão dessas mulheres nas contratações da PGR.

O documento prevê que, nos contratos com quantitativo de 50 ou mais trabalhadores, no mínimo 2% das vagas deverão ser reservadas para mulheres indicadas pela SMDF e o processo seletivo para a contratação será realizado pelas empresas prestadoras de serviços. O acordo com a PGR tem validade de 60 meses.

"Esse é um passo importante, porque garante que as mulheres que são atendidas pelos equipamentos da Secretaria, além de receber todo o acolhimento psicossocial, terão a oportunidade de reconstruírem suas histórias sendo autônomas economicamente. É um recomeço", destaca a Secretária da Mulher, Ericka Filippelli.

A secretária-geral do Ministério Público Federal, subprocuradora-geral Eliana Torelly, reforça que o acordo de cooperação assinado revela o compromisso do MPF com o combate à violência de gênero e proteção das mulheres em situação de vulnerabilidade. “O acesso dessas mulheres ao mercado de trabalho é um passo importante para a garantia da independência econômica, o que é bastante facilitado pela reserva de vagas levada a efeito."

Quem poderá ser contratada?

A secretaria será responsável por elaborar uma relação de candidatas, a partir dos cadastros de mulheres atendidas pelos equipamentos de apoio à vítimas de violência doméstica e familiar, como Ceam, Nafavd, Casa da Mulher Brasileira e Casa Abrigo.

A Secretaria da Mulher do DF oferece ainda cursos, oficinas e palestras gratuitas, por meio dos programas Oportunidade Mulher, Empreende Mais Mulher e Mão na Massa.

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