entrevista

Especialistas explicam como apagão na área de tecnologia afeta empresas

Priscilla Karolczak é gerente de atendimento e desenvolvimento da Kinghost, empresa que oferece soluções digitais

Laura Jovchelovitch Noleto*
postado em 04/10/2021 18:33 / atualizado em 04/10/2021 20:23
 (crédito: KingHost/Divulgação)
(crédito: KingHost/Divulgação)

Os profissionais da Tecnologia e Informação acabam sendo norteados pelas melhores propostas de emprego/salário, deixando de ser mantidos por vínculos como qualidade de vida, ambiente harmonioso, saúde mental. É o que avalia Priscilla Karolczak, gerente de atendimento e desenvolvimento da KingHost, empresa que oferece soluções digitais. Priscilla teve seu primeiro contato com a programação quando cursava engenharia elétrica. Ela gostou tanto, que decidiu investir em um curso técnico de informática para ingressar na área como estagiária e, mais tarde, fez graduação em sistemas de informação. Nesta entrevista, analisa como a falta de mão de obra afeta as empresas, quais competências são importantes para quem quer trabalhar com TI e por que algumas pessoas desistem.

Como a falta de mão de obra qualificada afeta as empresas?
A principal forma que afeta as empresas é a dificuldade de preencher quadros e dar vazão às demandas. O mercado acaba se tornando extremamente competitivo na busca por profissionais, e aquelas empresas que têm maior apelo financeiro oferecem melhores salários. Tudo isso gera um grande movimento no mercado de profissionais, já que eles não ficam tempo suficiente nas empresas a ponto de entregar valor (como em toda contratação, se espera uma entrega de valor pelo investimento). Os profissionais acabam sendo norteados pelas melhores propostas de emprego/salário, deixando de ser mantidos por vínculos como qualidade de vida, ambiente harmonioso, saúde mental etc (como era na pré-pandemia). Agora, com o home office, fica mais fácil não se criar vínculos — o que facilita ainda mais esse aquecimento no mercado. Muitas empresas, na hora de contratar, acabam por vezes baixando a régua e investindo em treinamentos para manter os profissionais engajados e por mais tempo.

Como são os processos seletivos e a contratação de profissionais da área?
Os processos envolvem entrevistas para avaliar comportamento, fit cultural (etapa com gestor e RH), outra entrevista para validar competências mais técnicas (com o time ao qual a vaga está destinada) e um desafio técnico (para entender o nível das habilidades técnicas do profissional).



O que leva um profissional de TI a desistir de uma vaga durante o processo seletivo?
Podemos pensar que a primeira coisa é muita demora e burocracia no processo seletivo. O novo perfil do profissional de TI consegue hoje avaliar e decidir muito para qual lugar ele pretende trabalhar. Uma característica do novo profissional de TI é não apreciar processos burocráticos, demorados e conservadores. Tudo o que demora para acontecer, ou se mostra pouco adaptado às mudanças atuais, acaba não sendo ágil, e os profissionais estão buscando agilidade, gestão 3.0 ou superior. Acredito que vagas muito secretas em relação a salários, falta de transparência, cargos que são ocultados e confidenciais aos candidatos também podem soar desinteressantes. Em síntese, a experiência do processo seletivo pode refletir muito sobre a forma de como uma empresa funciona e é gerida. Se o processo é muito burocrático, pode refletir uma gestão engessada.

Qual o perfil ideal que um profissional de TI precisa ter?
Acredito que todos os perfis podem ser bons para se trabalhar com TI ou podem trabalhar com qualquer coisa que desejarem. A questão é estar ciente e disponível a desenvolver competências que serão exigidas no dia a dia das suas atividades. Competências como a flexibilidade (para se adaptar às rotinas e diferentes horários de trabalho); ter boa comunicação; ter uma escuta ativa (já que as soluções criadas serão feitas para resolver problemas e necessidades de outras pessoas).

 

*Sob a supervisão de Ana Sá

 

 

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