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Saiba quais são as profissões mais requisitadas por empregadores

Algumas áreas começam a experimentar um cenário melhor: a primeira semana de agosto registra crescimento de 17% na oferta de emprego do país

Os brasileiros convivem, hoje, com uma taxa de desemprego de 14,6%. Mais de 14 milhões sem ocupação no país, situação agravada pela pandemia da covid-19. Neste segundo semestre, contudo, esse cenário apresentou sinais de melhora. A Primeira quinzena do mês de agosto teve a maoir oferta de vagas do ano, segundo dados do site InfoJobs. O número de vagas teve expansão de 17%.

Outro dado que mostra um quadro melhor para o mercado de trabalho é o resultado da pesquisa do site Banco Nacional de Empregos, que revela a lista com as 10 ocupações mais buscadas por recrutadores no primeiro semestre de 2021.

São elas: estagiário, vendedor, auxiliar administrativo, auxiliar de serviços gerais, atendente, auxiliar de produção, recepcionista, motorista, assistente administrativo e promotor de vendas. As quatro primeiras ocupações cresceram em buscas 19%, 44%, 26% e 69%, respectivamente. Para vendedor, foram 5.456 vagas disponíveis em 2020. Em contraste, no mesmo período deste ano, foram abertas 7.872 oportunidades para o cargo.

O Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Governo do Brasil, registrou, nos primeiros quatro meses de 2021, a criação de 957.889 vagas com carteira assinada. No ano passado, esse saldo foi negativo: 763.232 oportunidades foram fechadas.

BNE/Divulgação - Algumas áreas começam a experimentar um cenário melhor: a primeira semana de agosto registra crescimento de 17% na oferta de emprego do país.Conheça as 10 profissões mais requisitadas pelos recrutadores

José Luiz Tortato, COO do Banco Nacional de Empregos, com formação em administração de empresas, explica que essa procura não está relacionada somente ao preenchimento das vagas que estavam vazias em razão da pandemia. Houve, de fato, aumento de oportunidades, ainda que não seja de forma geral e igualitária para todos os setores. Nesse levantamento, comparou-se o primeiro semestre do ano passado com o deste ano.

Aquecimento

Foi constatado que o mercado se aqueceu a partir do fim de 2020, e a tendência se prolongou no começo de 2021. Sem dúvidas, o crescimento está ligado à reabertura do comércio, segundo Tortato. Quando uma loja reabre, puxa toda a cadeia de produção.

Além disso, dois fatores foram essenciais, e, unidos, estão gerando um resultado positivo: a procura por oportunidades e, em concomitância, o surgimento delas. “Os empresários estão otimistas, e as vagas não param de surgir. Tivemos aumento significativo na procura, tanto da parte dos empregadores quanto dos candidatos”, afirma tortato.

Essa disponibilidade de vagas, inclusive, ocorria antes da pandemia. Interrompida por esse episódio, a necessidade reprimida se escancarou. “O cenário era positivo antes do novo coronavírus, mas ficou em suspenso. Agora, alguns setores se destacam e se potencializam, ainda por cima”, afirma. O administrador ainda diz que os 10 cargos mais ofertados têm a ver com a reabertura do comércio.

Somente na plataforma Conecta, portal de vagas de uma instituição de ensino particular, os setores de tecnologia, comunicação e financeiro abriram mais de 2,4 mil vagas para estudantes e recém-formados entre janeiro e junho deste ano em todo o país. Foram 822 para informática, tecnologia da informação e engenharia da computação; 833 vagas para marketing, comunicação, publicidade e propaganda, e 756 para o setor financeiro.


Também o site de empregos, o Indeed, registrou aumento de 58% no número de anúncios de emprego na sua plataforma, tomando como base o patamar de fevereiro de 2020. Os especialistas do site consideram importante: ter um trabalho temporário ou não planejado e não recusar caso uma modalidade desse tipo apareça; preparar-se para um processo de contratação remoto, ainda que não seja numa área desejada; aprimorar os conhecimentos, de forma on-line, e ter paciência no período de contratação, porque irá demorar mais do que o esperado.

Atendente em restaurante

Ed Alves/CB/D.A Press - O objetivo de Geovane é juntar dinheiro para conseguir investir em um projeto pessoal

Geovane de Barros, 27 anos, trabalha há três semanas como atendente em um restaurante de café da manhã. O jovem tem um objetivo traçado e uma razão por estar trabalhando seis dias por semana, das 13h às 21h.

O atendente aproveita o período de aulas remotas em sua universidade para juntar dinheiro e investir em projetos pessoais. De acordo com Geovane, ser atendente não é algo que pretende fazer para o resto da vida, ele está lá temporariamente. O plano dele é ser artista ou geólogo. “Pelo menos, como artista, não consigo chegar lá sem ter uma quantia para investir. Estou aqui com o propósito de aumentar minha receita”, diz.

Geovane chegou a fazer freelancer em uma das unidades do restaurante, até que abriu uma oportunidade. Ele se candidatou e passou no processo seletivo. Experiências esporádicas como ser mediador de exposições, enquanto era estudante de museologia, também fazem parte do seu currículo. O rapaz conta que, desde que entrou para sua recente empresa, viu mais dois funcionários serem contratados.

Barros diz não ter certeza sobre a maior disponibilidade de vagas no mercado. Entretanto, tem a impressão de que, à medida que as pessoas se vacinam, as oportunidades aumentam. “Vejo que elas se sentem mais despreocupadas e, dessa forma, saem mais também. Onde trabalho, há previsão de novas contratações, e acredito que esse seja um indício de que esteja aumentando, sim”, revela .

Número de vagas de estágios aumenta

Arquivo Pessoal - "Tem muito projeto ocorrendo neste momento. Eu sei que eles estão renovando a rede óptica no nordeste, instalando novas estações e novos cabeamentos ópticos" Bruno Scholles, 22 anos,

Foram abertas 108.335 vagas de estágio no primeiro semestre de 2021. Os dados são do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee). A pesquisa da instituição revela que, no último mês, houve crescimento de 26,7% nas oportunidades, quando comparado ao segundo semestre de 2020.

Surgiram 35.631 no primeiro semestre para jovens aprendizes. Esse número representa aumento de 30,5% em relação ao segundo semestre de 2020, e crescimento de 10,5% se comparado ao primeiro semestre do ano passado.

O Ciee empregou 203.127 jovens e abriu 143.966 postos de trabalho. Desse total, 140.971 são estagiários. De acordo com a instituição, esse número não era alcançado desde abril de 2020 — início da pandemia.

No oitavo período de engenharia de redes, Bruno Scholles, 22 anos, acaba de conseguir seu segundo estágio. O detalhe é que ele não parou de trabalhar no primeiro, vai trabalhar simultaneamente nos dois. O jovem estagia, atualmente, na Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras), auxiliando engenheiros na precificação e manutenção de redes ópticas por todo o país.

O estudante está na Telebras há um ano, que levou o mesmo período para conseguir a sua primeira colocação no mercado de trabalho.

Na empresa, que é de economia mista, são oferecidos serviços de telecomunicação, principalmente no que tange aos sistemas de redes e de satélites. Scholles trabalha somente com redes. “Tem muito projeto ocorrendo neste momento. Sei que eles estão renovando a rede óptica no Nordeste, instalando novas estações e cabeamentos ópticos”, conta.

A experiência na Telebras tem sido ótima. Scholles trabalha quatro horas por dia que jamais são ultrapassadas. Além de os gestores serem corretos, são atenciosos. Na semana de provas da faculdade, o jovem tem um horário mais flexível, e nenhum prazo dado a ele, até hoje, foi ,apertado ou impossível de ser cumprido.

Bruno gosta bastante do estágio, contudo não pretende trabalhar com esse ramo depois que se formar. O que realmente desperta a atenção do jovem é o trabalho somado à pesquisa. Ele acaba de conseguir uma colocação no Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).

“Atualmente, estou muito mais voltado para processamentos de imagens. No Censipam, farei parte do desenvolvimento de um projeto acerca de um sistema de detecção de queimadas e desmatamento na Amazônia”, informa. “Eu gosto de pesquisar e trabalhar, quero estar envolvido com algo que seja um misto dos dois”, complementa.

O estagiário explica que a engenharia de redes é vasta e, por isso, não necessariamente irá trabalhar nessa área depois de formado. O jovem indica que pode, inclusive, ser desenvolvedor no setor de processamento de imagens.

Bruno conta que não foi fácil conseguir um estágio. “Depois do primeiro, recebi propostas enquanto estava na Telebras. Voltei a procurar, recentemente, novas oportunidade, porque queria aprender mais, justamente, pela necessidade, uma vez que a Universidade de Brasília (UnB) está remota”, diz.
Sobre o aumento de vagas, ele percebe que vem ocorrendo no setor de tecnologia. “Minha namorada, que é de arquitetura, está com dificuldade de encontrar um novo estágio. Vejo colegas de outros cursos, como economia e artes, que também estão tendo esse mesmo problema”, conta.


Programa

O Grupo Movile abriu inscrições na última semana para o Mobile Dream, programa de estágio e jovens talentos. As 100 vagas ofertadas são para ocupar postos em empresas como iFood, PlayKids, Afterverse, MovilePay e Zoop. As oportunidades são para áreas como tecnologia, marketing, finanças, logística e recursos humanos, e os pré-requisitos são estar em um curso de nível superior, ou ter concluído essa etapa entre janeiro de 2016 e janeiro de 2021. Interessados residentes em qualquer cidade podem se inscrever até 26 de setembro, no site do programa: movile.com.br .

 

*Sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo