Apresentar o domíno de uma segunda língua no currículo é algo que destaca os candidatos na hora da seleção de emprego. Mas, de acordo com pesquisa do British Council e do Instituto de Pesquisa Data Popular apenas 5% da população brasileira fala um segundo idioma e desses, apenas 1% é fluente na língua inglesa. Levantamento do Banco Nacional de Empregos mostra que algumas profissões ainda têm o inglês como requisito para contratar um funcionário em 95% das vagas:
"A exigência do inglês chega a aparecer em até 95% em uma das profissões mencionadas. Dessa forma, o conhecimento de uma segunda língua para algumas profissões é mais do que um diferencial no currículo, mas uma necessidade para o recrutador tomar sua decisão", comenta Marcelo de Abreu, CEO do BNE.
Segundo dados da pesquisa do Banco Nacional de Empregos (BNE), site de currículo, as profissões que mais exigem o inglês como condição são: analista de relações internacionais; analista de comércio exterior; analista de importação e exportação; engenheiro de telecomunicações; secretária bilíngue; gerente de projetos, tradutor; analista de infraestrutura; gerente de TI; engenheiro eletricista; analista de business intelligence; analista de comunicação; gerente de marketing; analista de processos e analista de redes. Profissões que em sua maioria fazem o uso de tecnologia.
Para a pedagoga Olga Freitas, dominar a língua inglesa deixou de ser um diferencial para ser um pré-requisito para muitas contratações. Apesar de ser apenas o terceiro idioma mais falado no mundo, ficando atrás do mandarim e do espanhol, é a língua mais utilizada nas áreas de ciência e tecnologia, o que a torna imprescindível para boa parte das áreas profissionais.
“O mundo globalizado, que está a um touch de distância, por meio de nossos dispositivos eletrônicos, também nos coloca em relação direta e naturalizada com o idioma. Estamos o tempo todo on-line, conectados na internet, em nossos notebooks ou smartphones, realizando webs, lives, postando mensagens na timeline ou nos stories, criando networkings tentando não cair em fake News, vejam como a língua está presente em nosso cotidiano! ”
Segundo a especialista ficou ainda mais evidenciado ao longo do período de isolamento social, em que as distâncias foram encurtadas virtualmente, e nos vimos diante de um universo considerável de possibilidades, que não apenas deram um novo formato às relações comerciais e de trabalho, mas redimensionaram espaço, tempo e forma com que acontecem. Conseguimos nos reunir, em uma mesma sala, em tempo real, com pessoas que estão em diferentes partes do planeta, de diferentes nacionalidades, por exemplo.
Essa transformação, abrupta (do dia para a noite, nos vimos em isolamento físico), colocou uma lente de aumento na necessidade de fluência no inglês, em muitos campos de atuação, especialmente, aqueles voltados às relações internacionais e comércio exterior, telecomunicações, engenharia, ciência e tecnologia, turismo.
Outras áreas também surgem em um novo cenário, como profissionais de big data, designers de inovação, gamers, desenvolvedores de aplicativos, mídias digitais e marketing, videomakers, entre muitos outros.
“A fluência em inglês, sem dúvida, oferece melhores colocações e melhores salários, além de trazer maiores chances de atualização, ampliação da rede de contatos, negociações mais eficientes. Não por acaso, escola especializada em idiomas tem investido cada vez mais em cursos de inglês voltados ao mundo dos negócios”, acrescenta Olga.
Voltando-nos ao desenvolvimento científico, acadêmico e tecnológico, em que materiais, resultados de pesquisas, descobertas, invenções, avanços e orientações são, predominantemente, realizados e publicados em inglês, a fluência no idioma também significa desenvolvimento, soberania.
Por isso, para a mestra em neurociência do comportamento, é tão importante e, cada vez mais recomendável, que o inglês seja desenvolvido como segundo idioma nas escolas de educação básica, desde os primeiros anos de escolarização.
Inglês no negócio
Nadja Caldeira, 22 anos, formada em publicidade e propaganda, ocupa o cargo de product designer em uma empresa de tecnologia e perdeu uma oportunidade dentro da empresa por não dominar a língua inglesa.
"Eu sou product designer júnior e ocorreu que estávamos sem um superior de design no time, por isso o grupo Junior teve que assumir algumas responsabilidades. Uma delas incluía cuidar de clientes estrangeiros que estavam entrando na empresa. Como não tenho o domínio do inglês, eu não consegui pegar essas contas desses clientes", lamenta.
Muitas empresas brasileiras est]ao oferecendo a chance de formação do inglês para os profissionais que querem aprender. A empresa de Nadja está fazendo isso. A companhia reembolsa parte do valor do curso e assim a jovem está se capacitando em inglês: “O inglês para empresas de tecnologia é essencial. Se eu não aprender nunca vou conseguir funções de liderança. Olhando para o futuro, acho que vai continuar cada vez mais necessário”, acredita.
Para Ricardo Leal, CEO da influx Escola de Idiomas, a formação do inglês é uma vantagem para quem busca se inserir no mercado ou até mesmo perseguem uma promoção. "Há cursos específicos para quem quer aprender o idioma para o mundo dos negócios. É um grande diferencial para quem busca aquele ‘algo a mais na carreira’", ressalta.
Mas diferentemente de abordagens mais tradicionalistas, geralmente com foco quase exclusivo na gramática, as estratégias devem contemplar o ensino bilíngue, propiciando experiências de uso real da língua, inserindo os estudantes em ambientes que os incentivem a conhecer e explorar a língua, por meio de atividades lúdicas, desafiadoras, em que o estudante protagonize seu próprio processo de aprendizagem e possa utilizar a nova língua em contextos diversos.
*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá