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Social media

Profissão de social media ganha destaque com Big Brother Brasil

Entenda as nuances da carreira e saiba quais são as novas tendências para o setor

Mesmo após o fim do reality show Big Brother Brasil (BBB), o alcance e engajamento dos participantes nas redes sociais continuam dando o que falar. Antes desconhecida por muitos, agora a profissão de social media deu um “boom” graças ao programa.

O exemplo de sucesso é a campeã da edição de 2021, Juliette Freire, que tinha por volta de 4 mil seguidores, quando entrou no programa e, atualmente, tem mais de 30 milhões, graças ao trabalho de posicionamento desempenhado pelos administradores, conhecidos somente como “adms”. Eles e os gestores de mídias não fazem só posts, mas mostram que para vencer o jogo é preciso analisar os números e ser um bom estrategista.

Reprodução - .

Para Marina Franciulli, comunicadora e fundadora da Mazzi Comunicação, a profissão de social media deu, sim, um grande salto. Não só pelo BBB, mas pela necessidade de transformar o negócio presencial em digital, devido à pandemia. “Muita gente teve que migrar para o digital de maneira mais eficiente. Os administradores dos perfis dos participantes do BBB deram um pouco mais de visibilidade para a profissão”, afirma.

A especialista pondera ainda que aqueles que conseguiram se estabelecer de forma coerente e constante nas mídias digitais, consequentemente, foram capazes de crescer e se estruturar em meio à crise. “Esse crescimento abriu muito campo de trabalho. Ser social media era a profissão do futuro e agora é do presente”, completa.

As marcas, portanto, passaram a usar as redes sociais para manter um contato direto com o público-alvo. Para Marina Franciulli, esse é o começo do trabalho de um social media. O gestor acaba sendo a boca do funil de vendas — onde as pessoas vão ter o primeiro contato com o produto ou serviço — para, posteriormente, fazer a compra.

Like Marketing/Divulgação - Rejane Toigo, especialista em redes sociais, pondera que se o social media não é estrategista, ele apenas faz um post

A especialista em redes sociais Rejane Toigo também observa que as mídias são um canal mais fácil para ganhar visibilidade e conseguir fechar uma venda. Mesmo assim, o processo de transformação digital não significa somente se fazer presente no Instagram ou no Facebook. É preciso cuidar de outras etapas de digitalização interna e do próprio e-commerce.

“O processo de digitalização de muitas empresas começou pelas redes sociais, mas não é a única coisa a ser feita. Porém, é uma grande oportunidade para os profissionais absorverem essa demanda e ajudarem a empresa a ir para uma digitalização completa”, destaca.

Rejane começou a carreira profissional como dentista, mas não era o que a fazia feliz de verdade. Quando ainda morava em Porto Alegre (RS), ela conheceu o marido e por influência dele passou a gostar de empreendedorismo, fez cursos e especializações e fundou a Like Marketing, em 2010.

30 milhões
número de seguidores de Juliette atualmente. Antes do BBB eram 4 mil seguidores

De olho na estratégia

Arquivo Pessoal - Marina Franciulli, fundadora da Mazzi Comunicação: a profissão de social media ganhou mais visibilidade graças ao BBB e à pandemia

Para Marina Franciulli, comunicadora e fundadora da Mazzi Comunicação, a profissão de social media se tornou mais evidente não só em razão do BBB, mas pela necessidade de transformar o negócio presencial em digital, devido à pandemia.

Para muitas pessoas, o social media é apenas aquela pessoa que faz uma arte e publica nas redes sociais, como Twitter, Instagram, Facebook e LinkedIn. Mas a função vai muito além disso.

A especialista em redes sociais Rejane Toigo destaca que esse tipo de profissional é um estrategista de conteúdo, com atuação em três níveis: estratégico, prático e operacional. “Se você não tiver a capacidade de traçar estratégia de conteúdo em todos os canais, é muito difícil ser um social media, você será um fazedor de post”, completa.

Além da parte estratégica, o publicitário Thiago Melo ressalta que a profissão em si se desdobra em diversas áreas: marketing digital, design e copywriting, por exemplo. De forma resumida, o profissional é o responsável pelo intercâmbio entre consumidores e marcas.

“Ele nada mais é que o profissional que vai fazer a comunicação por meio das redes sociais. O social media vai acabar medindo como está a efetividade das ações, campanhas, se alcançou o público, e mesmo sem ter alcançado, se converteu esse público em clientes”, explica o especialista.


Todo dia um recomeço

Como toda profissão, é necessário dispor de habilidades cognitivas e competências técnicas para exercê-la. Os especialistas em redes sociais Marina Franciulli e Thiago Melo consideram que entre as hard skills mais requisitadas estão ser usuário de redes sociais (heavy user), saber usar as ferramentas e softwares de edição de imagem e vídeo, além de ter um bom texto.

Para as habilidades pessoais, o dinamismo é destaque. Como as ferramentas das redes mudam e se atualizam constantemente, o trabalhador precisa estar por dentro dessas novidades. É preciso gostar de estudar e ser curioso.

“É uma profissão muito dinâmica e não tem um dia de conforto total, porque todo dia é um recomeço”, reflete a fundadora da Mazzi Comunicação Marina Franciulli.

Já Thiago considera que o maior desafio do ramo, além de sobreviver a todas as mudanças de um algoritmo diferente ou a uma técnica nova, é lidar com pessoas. Ser resiliente e estar aberto às diferenças é primordial.

“Esses profissionais são pessoas abertas à inovação e empáticas: estão sempre percebendo e escutando a dor dos outros”, afirma. "Dentro das redes, a gente tem que entender que estamos lidando com outras pessoas”.

Saiba Mais

“Se você não tiver a capacidade de traçar estratégia de conteúdo em todos os canais, é muito difícil ser um social media, você será um fazedor de post”


“Esses profissionais são pessoas abertas à inovação e empáticas: estão sempre percebendo e escutando a dor dos outros”


Em alta

Segundo levantamento feito pela rede social profissional LinkedIn, a pandemia aqueceu algumas áreas, principalmente voltadas ao e-commerce e à criatividade. Entre as 15 profissões em alta para 2021, conheça as que são voltadas para o nicho de um social media:


» E-commerce

As contratações de especialistas em e-commerce cresceram 43% em relação ao ano passado. As empresas tiveram que se adaptar na pandemia e passar a vender de forma on-line.


» Conteúdo digital

Com a pandemia, o engajamento e o consumo de conteúdo nas mídias sociais dispararam. Essa categoria teve um crescimento nas contratações de 74% em 2020. Entre as principais competências estão experiência em podcasts, transmissões ao vivo, YouTube, marketing digital e edição de vídeos.


» Marketing

A demanda por especialistas em marketing digital disparou. Essa categoria atraiu um grupo demográfico jovem e 60% das contratações de 2020 foram de mulheres. Entre algumas competências, estão marketing de influência e otimização das ferramentas de busca (SEO).


» Serviços criativos

Empresas com orçamentos reduzidos para grandes campanhas publicitárias passaram a contar cada vez mais com profissionais autônomos para executar projetos. Para cargos de ilustradores, houve um crescimento de 67% no número de contratações entre 2019 e 2020. A tendência de crescimento é contínua para pessoal do setor. Entre algumas competências estão ilustração e design gráfico.


» Análises de dados

O setor de análise de dados tem um crescimento acentuado há anos, e, em 2021, não deve ser diferente. Com a pandemia, a necessidade de direcionar negócios para o ambiente on-line e garantir que o processamento de dados operasse com eficiência foi ainda mais necessário para as empresas. Uma das ferramentas que é exigido conhecimento é o Google Analytics.

Três perguntas para

Thiago Melo, jornalista com 21 anos de experiência em redes sociais

Arquivo Pessoal - Thiago Melo trabalha com redes sociais há 21 anos e explica que a profissão de social media se desdobra em diversas áreas

Como a profissão mudou durante a pandemia?

Logo quando começou a pandemia, no final de março de 2020, as empresas ficaram preocupadas, não havia ainda o conhecimento da transformação digital e se importavam mais em sobreviver do que pensar em uma nova forma de vender os seus produtos. Muitas estavam preocupadas em salvar o emprego dos funcionários e pagar aluguel, por isso, algumas empresas no início não se deram conta da necessidade do digital. Hoje, no Brasil, estão sendo necessários 5 mil designers de experiência do usuário (UX) por causa da transformação digital: muitos comércios começam a vender por aplicativo. Levou um tempo de maturação para que esses empresários entendessem que eles precisavam.

Quais os pontos positivos e negativos de ser um social media?

O social media está muito exposto a produtos, serviços e muitas vezes é aquele profissional que tem que ter a última versão do celular. É aquele sempre à frente dos outros. Você também acaba observando uma maior exposição da sua vida, não tem como ser um profissional de marketing digital e não fazer marketing pessoal. Você também passa muito tempo nas redes sociais, e nelas o ser humano demonstra o pior. Do ponto de vista positivo, o que acho legal é o fato de o social media estar sempre trabalhando numa área nova. Em um dia faz gestão de uma empresa de bombons, amanhã um curso de mergulho, médicos ou uma causa social. Então é uma área que sempre traz novos desafios. O profissional é dinâmico, vive conhecendo pessoas de realidades diferentes, e há sempre uma novidade para contar.

Quais as novas tendências para a profissão?

Uma tendência interessante: as coisas vão sair da tela. A experiência vai ser um pouco mais ativa quanto aos cinco sentidos: sentir cheiro, por exemplo. As pessoas vão acabar ouvindo muito mais do que lendo. O uso de óculos inteligentes também vai proporcionar uma realidade aumentada e permitir acesso ao perfil das pessoas que eu vejo na rua. Em geral, as redes vão sair mais das telas e entrar no nosso dia a dia.


“Muitas (empresas) estavam preocupadas em salvar o emprego dos funcionários e pagar aluguel, por isso, no início não se deram conta da necessidade do digital”

Comece sua carreira

Quer iniciar sua trajetória na profissão? Confira conselhos do jornalista e publicitário Thiago Melo:


Graduação: fazer um bom curso superior é importante e é preciso saber escolher muito bem. Quer ser fotógrafo? Faça fotografia. Ser o cara da arte? Faça design. Trabalhar com números? Vai pra marketing.

Estude muito: faça cursos técnicos. Existem plataformas como Coursera e Udemy, onde você tem cursos gratuitos ou pagos para se manter atualizado sobre a profissão.

Esteja atualizado: saiba o que está ocorrendo ao redor do mundo, leia notícias, vasculhe as hashtags e assuntos do momento do Twitter e saiba quais são as novas tendências e memes. “Na minha época não tinha tbt (estilo de post do Instagram), agora se tornou algo obrigatório. Muitas modinhas vão sendo disseminadas e as marcas precisam estar inseridas para conseguir se conectar”, aconselha Thiago.

Leia bastante: os benefícios da leitura vão além da construção de vocabulário, criatividade e conhecimento. É preciso investir sempre em você.

 


*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá