O Governo do Distrito Federal prevê 22 concursos para 2022 no planejamento do Orçamento do DF. Entre eles, 14 tinham sido autorizados para começarem o processo em 2021, por meio da Portaria nº 63. O concurseiro brasiliense, portanto, pode comemorar, porque terá mais chances de se tornar um servidor público. É fundamental rememorar que, em agosto de 2020, o GDF suspendeu todos os prazos de validade dos certames homologados e vigentes no âmbito da Administração Pública direta e indireta do Distrito Federal, durante o Estado de Calamidade Pública. Dessa forma, segundo a Secretaria de Economia, a validade de provas que iriam ocorrer ou a posse de candidatos que passaram não foram afetadas.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano que vem antecipa despesas para quase 12 mil novos servidores, com a realização de provas e nomeações de aprovados. Ao todo, estão previstos 4.015 cargos a serem criados, sem impacto financeiro no próximo ano, e 11.532 a serem oferecidos por provas realizadas, novas ou em andamento, de acordo com a Secretaria de Economia do Distrito Federal. Das vagas previstas para serem providas, 2.954 são para certames já realizados ou em andamento e 8.578 são para novos concursos.
As provas que haviam sido autorizadas no começo deste ano eram para os seguintes cargos: apoio às atividades policiais civis; médico; enfermeiro; professor; magistrado; auditor de controle interno; cirurgião dentista e assistente de educação. Os órgãos distritais em questão são o da Polícia Civil, o da Secretaria de Saúde, o do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon), e o do Departamento de Trânsito. Ainda há espaço para novas pessoas na Secretaria de Educação, no Sistema de Limpeza Urbana e na Controladoria-Geral.
A Secretaria de Economia ainda informa que o edital de convocação dos candidatos para a 2ª fase de auditor da Receita foi publicado no dia 1º de junho. Contudo, o quadro de policiais e bombeiros do Distrito Federal continua com déficit desde que o veto do presidente Jair Bolsonaro atrasou a convocação de novos profissionais, mesmo ele tendo sido derrubado pelo Congresso Nacional, a lentidão na chamada, principalmente para reforçar a quantidade de pessoal do Corpo de Bombeiros Militar do DF, persiste.
O secretário de Economia André Clemente entende a importância da contratação. "Sendo fiéis à nossa premissa de que o servidor é o oxigênio da administração pública, a realização dos concursos é fundamental para a melhoria da qualidade do serviço público no DF. A retomada dos certames, que foram suspensos pelas exigências legais impostas pela pandemia, é muito importante para manter a eficiência na prestação dos serviços públicos à população", explica ao Correio.
Paralisação
Para uma parte do mercado, como a empresa Gran Cursos Online, a opinião do presidente da escola preparatória, Gabriel Granjeiro, é que grandes concursos públicos saíram nesta gestão do governo e essa retomada ainda está em iminência. “A forma como avaliamos é que o GDF tem contribuído positivamente para a realização de concursos públicos, promovendo certames que precisam ser feitos”, constata. “Houve a convocação dos aprovados da PM também”, lembra.
Max Kolbe, advogado constitucionalista e especialista em concursos públicos, acredita que a retomada dos certames é o melhor a se fazer. “Acho sensacional a ideia da realização de 22 concursos para 2022, bem como acho ótimo o prosseguimento daqueles que estão paralisados, em especial pela necessidade de se prestar um melhor serviço público à sociedade, carente pela falta de atendimento nos órgãos públicos”, explica. Para Kolbe, é fundamental que haja uma continuidade na manutenção de atividades estatais, muitas essenciais, e carentes de servidores para prestá-las.
O presidente da Associação de Apoio aos Concursos Públicos e Exames (Aconexa) Renato Saraiva informa que o momento é, sim, propício para que aos poucos os concursos sejam remarcados e realizados, seguindo os protocolos de segurança. “Temos já lançados vários editais que estavam represados, principalmente da Polícia Civil, e tem ainda muitos certames parados que podem ser lançados em 2021, como o da Receita Federal”, declarou.
Período desanimador
Apesar de a cidade estar enfrentando uma pandemia, na qual provas não podem ser realizadas de qualquer maneira, segundo prevê a lei, e servidores não podem ser nomeados, é necessário pensar no que virá depois que o coronavírus deixar de ser um problema. André Clemente afirma que “tem certeza de que essa crise vai passar”, dessa forma, conforme suas palavras, o governo do DF está se preparando para dar continuidade à nomeação de servidores.
Quanto a esse assunto, Yasmin Amany, 26 anos, diz: “A gente estuda sem perspectiva”. De acordo com ela, é muito desanimador todo esse período de suspensão, porque a preparação ocorre e, às vezes, o concurso é cancelado faltando dois ou quatro dias para a data prevista.
“Alguns concursos são suspensos de última hora, e isso é ruim. Por isso, sempre oficiamos as bancas quando isso ocorre para que o direito do concurseiro seja preservado”, alega o presidente da Aconexa Renato Saraiva.
A jovem escolheu tentar uma vaga no serviço público na área em que é formada pela Universidade de Brasília (UnB) — ciências sociais. Segundo ela, há uma desumanização da função policial civil, penal, federal e militar, e ela gostaria de entrar para contribuir com a transformação.
De acordo com a cientista social, há um abandono dos carcerários, motivo principal da escolha de carreira da jovem. É um ciclo vicioso. Para ela, a mudança precisa ser feita no preparo e valorização dos profissionais penitenciários, porque se isso não for feito de maneira correta, a ação desses agentes irá impactar diretamente no comportamento do preso, que por sua vez não será ressocializado corretamente e voltará a cometer crimes.
“O primeiro concurso a ser adiado foi o de escrivão da Polícia Civil do Distrito Federal, eu estava estudando e ele acabou sendo suspenso", afirma. “Estou na expectativa de ser divulgada uma data, porque a própria instituição está publicando nas redes sociais que vai sair em breve”, disse.
“A gente estuda sem perspectiva” Yasmin Amany, cientista social
A espera está próxima de acabar
Em 8 de março de 2021, o secretário de Economia André Clemente assinou uma portaria que autorizou a realização de concursos no DF para 14 carreiras. Entre elas, está a da Polícia Civil do Distrito Federal, que Yasmin tanto aguarda.
Além da cientista social, Daniel Milhomem e Dominiky Corrêa, 24 anos, também esperam a remarcação da prova, e têm uma expectativa grande em relação à retomada e remarcação das datas, mas anseiam pelos novos concursos que estão chegando.
“Está sendo a melhor fase para a carreira militar. Eu não desanimei com a pandemia, ao contrário de muitos colegas, enxerguei como uma oportunidade de me preparar bem para a prova”, afirma Daniel. “Tenho expectativa para o concurso da Polícia Militar do Distrito Federal para o ano que vem”, diz.
Ele sempre quis ser policial, quando era criança admirava o trabalho da PCDF e, apesar de ter desistido de ser servidor público por um tempo, voltou a sentir desejo quando assistiu a um documentário.
Dominiky também tem o desejo desde pequena. A jovem estudou no Colégio Militar Dom Pedro II e, por isso, sua maior vontade passou a ser trabalhar como militar e usar farda todos os dias.
A pandemia, assim como para seus colegas, não a desanimou. Dominiky estuda de segunda a sábado e descansa somente aos domingos. Ela conta que também se dedica para o concurso do Corpo de Bombeiros, porque o que ela quer mesmo é seguir uma carreira militar.
“Qualquer lugar que envolva a segurança pública eu tenho interesse. E minha expectativa em relação a eles (os concursos) é boa, porque é uma área que realmente demanda mais servidores mesmo. Então, acredito que vai chamar bastante gente e que quando sair o edital, vai vir com muitas vagas”, informa animada.
A jovem não está errada. O próprio secretário de economia André Clemente afirmou que, em breve, haverá a chamada de novos aprovados para compor o quadro de bombeiros militares.
O concursado concurseiro
Cleudison Gomes, 40 anos, é concursado há 17 anos, e já passou em quatro provas: Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência, Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Superior do Trabalho, o último é onde atuou durante todo esse tempo, e no qual trabalha como assessor de ministro, realizando decisões judiciais.
Hoje, o servidor público estuda para o certame da Procuradoria-Geral do Distrito Federal, prova que foi adiada diversas vezes em razão da pandemia. Para ele seria a conquista de um sonho.
“Tem um concurso que eu pretendo, que é o de procurador do DF, ele foi adiado devido à pandemia, mas agora parece que está tendo perspectivas de volta no segundo semestre (de 2021). Seria uma realização profissional esse cargo de procurador, tinha um sonho de ser juiz, mas minha filha nasceu, deixei de lado esse sonho, mas não completamente. O cargo de procurador seria esse meio termo”, explica o assessor.
Para ele, o serviço público é uma estabilidade que sempre quis. “É um empenho e um esforço que vale muito a pena, mas isso é questão de perfil, no meu caso eu sou muito grato pela estabilidade”.
Gomes explica que seu método de estudo é dedicação exclusiva. Apesar de ter ficado bons anos sem dar atenção a concursos, quando ele está empenhado, não faz nada além de estudar e trabalhar. Segundo ele, sempre foi assim, dessa maneira ele passou em quatro provas e é assim que ele pretende se tornar procurador em breve.
Cleudison não descarta a possibilidade de se tornar procurador da União, e dedica-se também a exames federais.