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Mercado do terceiro setor é atrativo para quem busca recolocação

Segundo o Ipea, em 2019, as organizações do ramo empregavam 3 milhões de pessoas. Para especialistas, o setor têm aberto mais portas para iniciantes

Talita de Souza*
postado em 16/05/2021 16:47 / atualizado em 16/05/2021 17:50
"É muito bom saber que o meu trabalho não rende só o salário no fim do mês, mas está transformando vidas" Carla Guedes, coordenadora administrativa da Casa Azul de Samambaia - (crédito: Casa Azul/Divulgação)

Setor aquecido: há vagas

Os dados econômicos são encorajadores para quem se interessa em construir uma carreira com propósito. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em 2019, as organizações do ramo empregavam, formalmente, 3 milhões de pessoas.

Marcos Fernandes, professor da Faculdade de Tecnologia e Inovação do Senac do Distrito Federal, tem uma visão otimista do mercado."Eu o vejo como uma grande força econômica, abrindo portas para pessoas, formando muitas e depois ele mesmo empregando-as. É o jovem aprendiz que um dia se tornará um gerente, por exemplo”.

Ewerton Fulini, do Instituto Ayrton Senna, ressalta que há um senso comum de que organizações não pagam ou pagam mal, o que atrapalha o ingresso de novos profissionais no ramo. “Nós, do Instituto Ayrton Senna, participamos de pesquisas salariais junto a outras organizações, nas quais são comparadas as tabelas salariais do terceiro setor com o particular, e as médias estão equiparadas”, diz.

“Além disso, nós temos diversos benefícios, além de plano de saúde, odontológico, auxílio-creche, vale-alimentação e refeição”, conta.

O professor da Faculdade de Tecnologia e Inovação ainda explica que, na instituição, são custeadas as formações de colaboradores, a participação em workshops, inclusive internacionais, são oferecidos pacotes de internet para home office, biblioteca virtual, yoga, meditação, atendimento psicológico e outras coisas.

Mais do que postos de trabalho pontuais, os especialistas afirmam que é possível construir carreira no setor. “É um mito pensar que o terceiro setor é amador ou desorganizado. Nós temos estratégias, metas de longo prazo e ferramentas de gestão e de projetos. É um mercado sólido”, crava Ewerton. Ele conta que o instituto tem colaboradores há quase 30 anos, desde a fundação.

Para quem está no início de carreira, boa notícia: o terceiro setor não exige experiência como o particular. “Percebo que ONGs dão oportunidade para quem está iniciando, além de pessoas que são da comunidade em que elas atuam e pessoas interessadas no mercado”, declara Marcos. Entre os profissionais que mais procuram vagas no setor, de acordo com o professor, estão os de: administração, gestão de projetos, marketing e comunicação, psicologia, pedagogia, tecnologia da informação, direito, serviço social e gestão de RH.

As modalidades de estágio e jovem aprendiz também estão presentes nessas organizações. “Nós não exigimos experiência, nos preocupamos mais em conhecer a história de cada um e os motivos que o candidato acha que é importante atuar naquilo”, revela Ewerton.

Outra estratégia citada pelo professor Marcos Fernandes é conhecer o setor por meio de voluntariado. “Às vezes, os profissionais estão em um emprego para sustento familiar e estudam à noite, mas querem experiência na área. ONGs são abertas para voluntários. Basta procurar uma da sua comunidade e oferecer o serviço”.

De voluntária a líder de setor

A administradora de empresas pela Universidade Católica de Brasília (UCB) Carla Guedes conhece de perto o potencial do terceiro setor. A mineira, de 33 anos, é coordenadora administrativa da Casa Azul de Samambaia desde 2014, mas a história com a organização da sociedade civil (OSC) — que oferece oficinas, atividades esportivas e formação profissional a crianças e jovens — começou em 2006.

“Uma amiga da minha mãe trabalhava na Casa Azul, e eu já admirava o trabalho feito aqui. Na faculdade, conheci mais pessoas que tinham contato com a instituição e decidi me tornar voluntária”, conta. As visitas à organização encaixadas entre as aulas e o estágio em uma empresa do setor eram esporádicas, mas se tornaram cada vez mais frequentes.

Quando Carla concluiu a graduação, em 2008, ela decidiu oferecer as habilidades profissionais para contribuir com o trabalho que tanto admirava. Entre 2009 e 2011, atuou nos setores pedagógico, financeiro e de departamento pessoal. “Como todo administrador, a gente sai da faculdade querendo abrir o próprio negócio. Em 2011, deixei a Casa Azul para isso. Não deu certo e, três anos depois, voltei para cá como coordenadora”, conta.

Para ela, o retorno foi um privilégio. “É muito gratificante transformar vidas. Nós estamos aqui para fazer a diferença na vida das pessoas, realizar sonhos e transformar a comunidade”.

No dia a dia, ela administra as compras da organização, as escalas, o uso das doações e os reparos. “É uma empresa como qualquer outra, nós trabalhamos pelas (regras da) CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A diferença é o nosso objetivo”, diz. Ela também afirma que o setor traz muitas oportunidades e que é comum ver jovens que e ram alunos se tornarem funcionários da organização.

O mesmo entusiasmo que a contagiou no começo acompanha Carla até hoje. “Meu voluntariado não acabou porque fui contratada. Quando tem qualquer oportunidade, sempre estou nas ações promovidas. Eu sempre falo da Casa Azul, e não é porque é meu emprego, é porque é algo que faz a diferença”, diz. “É muito bom saber que o meu trabalho não rende só o salário no fim do mês, mas está transformando vidas”, complementa.

ONDE ENCONTRAR VAGAS


Confira sites destinados exclusivamente para oportunidades em organizações de impacto social:

Quintessa (quintessa.org.br/vagas)

Organização que acelera negócios sociais.

Setor3 (setor3.com.br/oportunidades/)

Portal do Senac destinado a promover a discussão de temas relativos ao terceiro setor. Na aba Oportunidades, há vagas em organizações especializadas em diversas áreas.

ABCR (captadores.org.br/category/c41-oportunidades/)

A Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) oferta vagas nas áreas de captação, mobilização de recursos e desenvolvimento institucional.


*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo

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