O brasiliense Mateus Costa-Ribeiro, 21 anos, é um dos mais jovens a ser admitido advogado no estado de Nova Iorque nas últimas décadas. A descoberta do The Wall Street Journal pegou o jovem de surpresa. No entanto, várias conquistas na carreira do jovem foram precoces quando comparado a outros advogados, como o ingresso na graduação aos 14 anos.
Segundo o advogado, o registro no New York State Bar Association (NYSBA), espécie do Exame de Ordem dos Advogados do estado americano, irá viabilizar a atuação na área de interesse. “Tem muitas empresas brasileiras que vão à Nova Iorque, aos Estados Unidos, que é o centro financeiro do mundo, trazer investimentos para o Brasil ou tentando expandir sua base de produtos ou lançar um produto novo, enfim, crescer seu negócio. Nova Iorque é um centro para isso e eu não tinha ideia”, afirma.
A decisão de prestar o exame surgiu durante o mestrado que fez em Harvard. Após concluir o curso de direito pela Universidade de Brasília (UnB), aos 17 anos, o jovem atuou na capital federal durante um ano com direito constitucional nos tribunais superiores, como Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).
Buscando abrir os horizontes da própria profissão, garantiu uma vaga na Harvard Law School para um mestrado. “Chegando lá eu percebi como tinha uma demanda grande e muita coisa acontecendo na ponte entre Brasil e Estados Unidos, e havia uma demanda, muita oferta de emprego e trabalho para as pessoas que conheciam as duas realidades.”
Conquistas demandaram medidas
Nesta edição do Bar, ele foi o único que fez a prova sendo menor de idade, que nos EUA é de 21 anos. Como esse é um dos pré-requisitos para se inscrever, precisou protocolar uma ação na Suprema Corte de Nova Iorque, pedindo para que permitisse que fizesse a prova. A corte acatou o pedido levando em conta a atuação no Brasil.
Em 2018, foi considerado o advogado mais jovem do país, quando ainda tinha 18 anos. Ainda com a mesma idade, fez sua primeira sustentação oral diante dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Após terminar a graduação em direito na Universidade de Brasília (UnB), iniciado com apenas 14, iria se inscrever no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No entanto, a idade mínima exigida era de 18 anos. Portanto, teve que esperar até o último dia de inscrição, 2 de fevereiro, para se inscrever, pois foi quando fez 18 anos.
Mateus conta que diferentemente da prova da OAB, a preparação para o Bar foi bem mais intensa, tendo somente quatro meses para assimilar todos os conteúdos necessários para a prova.
“Sem falar que a prova é em inglês, tem que fazer uma peça. Então, eu tive que reaprender direito de família, direito penal, processo penal, processo civil; todas essas áreas que eu não conhecia e que são completamente diferentes da realidade brasileira e sem ter muito tempo”, conta.
Para desempenhar o trabalho, a idade não foi problema
Mateus explica que, apesar de não ser um problema para desempenhar as atividades, a idade sempre foi uma questão ao tentar se inscrever nos exames necessários para a profissão.
“Então, nunca tive dificuldade no trabalho, nunca sofri discriminação ou algum tipo de problema, sempre consegui exercer a posição perfeitamente. A advocacia é uma profissão naturalmente de ritual e que tem mais formalidade, em geral com pessoas cabelos brancos bem vestidas e com gravatas arrumadas, mas esse não foi um desafio”, observa.
O advogado agradece à família pelo suporte
Filho de um pai mineiro e uma mãe cearense, Mateus é fruto da união que ocorreu pela construção da Capital Federal. A recente conquista do jovem foi comemorada também pela família. “Não é uma conquista minha, é uma conquista de todo mundo que me apoiou, porque eu não teria chegado em nenhum lugar sem a ajuda das pessoas que me apoiaram”, lembra.
Além disso, ressalta o papel da mãe em incentivá-lo para os estudos. “Por ser professora - ela dá aula na rede pública do DF - é uma pessoa que me inspirou do começo ao fim. Eu devo muito à ela e acho que a principal diferença que ela teve foi ensinar que o estudo é prioridade um, dois e três”, recorda.
*Estagiário sob a supervisão da editora Ana Sá