Cenário de 2021

O contexto para certames, este ano, é bastante otimista, segundo especialistas. O vice-presidente da ABCP explica que, pelo fato de 2020 ter sido ano eleitoral, o segundo semestre ficou restrito para execução de concursos.

Como a primeira metade do ano havia sido tomado pela pandemia, a preocupação, agora, será em alinhar e organizar vários certames no calendário de 2021.

“Existem empresas que têm de organizar calendário de 70 concursos para fazer em três meses. Isso significa que terão vários concursos concomitantemente. Não há agenda”, explica Eduardo. “O candidato que foi prejudicado em 2020 vai ter muito menos concorrência em 2021.”

Para o professor e coordenador das carreiras fiscais da AlfaCon Latif Neto, as expectativas para concursos em 2021 são as melhores possíveis, principalmente, para a carreira fiscal. “O governo deixou de arrecadar recursos. Em 2021, esse deficit que o governo deixou de arrecadar precisa ser compensado por meio de auditores e fiscais”, comenta. “De modo geral, 2021 será um bom ano”, aposta.

Alguns dos mais aguardados do ano

Eduardo Ferreira destaca certames que terão destaque em 2021 e reforça que os concursos para Tribunais de Justiça, concursos estaduais e municipais também terão força neste ano. Confira a lista abaixo:

Polícia Rodoviária Federal: autorizado
Vagas: 1.500
Escolaridade: nível superior
Cargos: policial rodoviário federal
Salários: aproximadamente R$ 10.000
Banca: Cebraspe

Polícia Federal: autorizado
Vagas: 1.500
Escolaridade: nível superior
Cargos: agente, delegado, escrivão e papiloscopista
Salários: aproximadamente R$ 12.000
Banca: Cebraspe

Receita Federal: aguardado
Vagas: órgão protocolou pedido de concurso com 3.360 vagas ao Ministério da Economia
Cargos: auditor fiscal, analista tributário e carreira administrativa

Banco Central do Brasil: aguardado
Vagas: o órgão protocolou pedido de concurso com 260 vagas
Cargos: analista, técnico e procurador do Banco Central

Secretaria do Tesouro Nacional: aguardado
Vagas: órgão solicitou ao Ministério da Economia a autorização de concurso com a oferta de 120 vagas
Cargos: auditor federal de finanças e controle

Fundação Nacional do Índio (Funai): aguardado
Vagas: órgão encaminhou ao Ministério da Economia a solicitação para o concurso com 826 vagas
Cargos: diversos
Salário: R$ 6.420,87

Instituto Nacional de Câncer: aguardado
Vagas: órgão encaminhou ao Ministério da Economia a solicitação para o concurso com número de vagas a definir
Cargos: níveis médio e superior
Salários: entre R$ 5.821,50 e R$ 10.694,23

Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq): aguardado
Vagas: órgão encaminhou ao Ministério da Economia a solicitação para o concurso com 109 vagas
Cargos: analista administrativo, técnico administrativo, especialista em regulação de serviços de transportes aquaviários, técnico em regulação de serviços de transportes aquaviários
Salário: entre R$ 7.016 e R$ 15 mil

Três perguntas para

Renato Saraiva, professor, jurista e presidente da AConexa (Associação de Apoio aos Concursos e Exames)

Quais as expectativas para os concursos este ano?
É difícil a gente fazer comparações com um ano tão atípico como foi 2020. Ninguém esperava que fôssemos enfrentar uma pandemia com consequências tão danosas a toda a humanidade. Mas uma coisa é certa: teremos muitos concursos em 2021. Este novo ano tem tudo para ser o ano do concurseiro, pois muitas seleções que estavam previstas para o ano passado ficaram para este ano. Somem-se a isso os pleitos já programados para 2021 e temos, sim, uma expectativa de muito mais seleções que antes. Tivemos o que chamo de represamento de concursos, que certamente serão retomados ou liberados em 2021.

O que será exigido dos concurseiros neste novo ambiente pós-pandemia?
As mudanças serão muitas e será preciso se adaptar a um novo cenário. Acho que a principal mudança será na preparação. O estudo on-line, que já era uma realidade, fortaleceu-se ainda mais. Quem não se familiarizar com as novas tecnologias de estudo e transmissão de conteúdo, com certeza, vai ter muita dificuldade.

Quais serão os concursos mais disputados de 2021?
Certamente os concursos federais devem ser os mais procurados e disputados pelos concurseiros. Basta ver que o governo federal prevê a contratação de 51 mil novos servidores em 2021 e isso já está previsto no orçamento da União. Os concursos da Receita, da PF e da PRF devem ser muito concorridos.

À espera dos editais

Fernanda Lopes, 39 anos, é advogada e estuda para concursos do Tribunal Regional Federal (TRF) em busca do cargo de analista judiciário. Ela confia no Ministério da Saúde e aguarda a imunização contra a covid-19. “Todos deveriam tomar a vacina e, caso seja obrigatório tomá-la para fazer concursos, acho que isso deve ser utilizado para segurança de todos”, opina.

Como muitos concurseiros que querem aumentar as chances, Fernanda viaja para fazer provas em outros lugares. Em 2018, ela se deslocou de Goiânia, onde mora, para São Paulo a fim de fazer a prova do TRF. “Não acho bom viajar, tenho gasto com passagem, gasto tempo para planejar e alugar um hostel. Isso gera estresse financeiro, mas não tem jeito”, conta. “É um gasto, mas é um investimento.”

Ela não está inscrita em nenhum certame no momento, pois aguarda editais dos tribunais. Na pandemia, vários certames tiveram provas suspensas. Ela está ciente de que, mesmo se o edital sair, o certame pode ser suspenso ou adiado. “É um risco que se corre.”

No dia a dia, a advogada garante os estudos por meio dos livros. Estuda durante quatro horas no período matutino. À tarde, faz resumos do conteúdo lido. Também faz questões de simulados num site pago e usa um aplicativo gratuito para controlar o tempo de estudo. “Para mim, tem funcionado bem estudar sozinha. Prefiro a base nos livros, porque já assisti às aulas em plataformas on-line no ano passado, agora, preciso estudar no livro”, reflete.

Quarentena voltada aos estudos

O estudante do 5º semestre de letras/português no Centro Universitário Estácio Guilherme Trindade, 21, começou a estudar para concursos durante a quarentena. Ele assinou um cursinho preparatório on-line e escreve pelo menos uma redação por semana. Também faz simulados e estabelece metas para sempre melhorar a pontuação e procura rever as aulas das questões que errou.

O foco dele está na Polícia Rodoviária Federal (PRF). Caso o concurso seja aberto, ele teria confiança para participar mesmo sem vacina. “Se os protocolos de segurança forem respeitados, como álcool em gel na entrada da sala, todos de máscaras e cadeiras com distanciamento, eu me sentiria, sim, seguro”, diz.

Para Guilherme, o fator psicológico não interfere muito na preparação, pois ele tem noção de que há chances de não passar e não será o fim do mundo caso tenha um resultado negativo. “Como é a primeira vez que vou prestar, eu sei que talvez não venha a aprovação. Estou me preparando, quero que já seja de primeira, mas tenho a noção de que pode não acontecer. Isso ajuda, também, na parte de ficar tranquilo”, afirma.

Para retomar o ritmo de estudos

Fernanda Christie, 20, está no 6º semestre de fonoaudiologia no Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (Uniplan) de Águas Claras e estuda para concursos há dois anos. Ela participou de seis certames de nível médio ou da área da saúde.

Apesar de se dedicar, sabe que pode não passar. Assim, não vê uma reprovação como o fim do mundo. “Eu tento pensar que sempre vai ter algum concurso e não deixar o peso para a prova que estou fazendo no momento”, conta a estudante.

Durante a quarentena, a rotina de estudos dela se desregulou, mas a jovem pretende retomar no período matutino e fazer alguma prova ainda este ano, apesar de também não se sentir segura sem a vacina. “Ficar muito tempo na sala com outras pessoas poderá trazer mais nervosismo a todos”, pondera.

Virei concurseira na pandemia

Durante a aplicação de provas de vestibular, colégio e faculdade, estudantes devem lidar com um adversário: o nervosismo. Nos concursos, esse oponente também não estaria de fora. Por isso, cada candidato tenta lidar com a ansiedade de diferentes formas para não deixar o bom desempenho de lado.

Tatiane Jesus da Silva, 24 anos, está no último semestre de ciências econômicas na Universidade Católica de Brasília (UCB). Ela tem em mente fazer algum certame da Polícia Federal ou da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e começou a estudar há quatro meses por meio de uma plataforma digital.

Apesar de ter começado a se planejar recentemente e nunca ter participado de um certame, acredita que a boa preparação e confiança são diferenciais. Ela consegue superar o nervosismo por meio da meditação e do controle da respiração.

A jovem estuda de segunda a sábado duas horas por dia e, aos domingos, lê reportagens sobre a carreira policial e assuntos da atualidade. Ela pretende se inscrever quando sair o edital para os certames, mas ainda não se sente preparada no quesito conteúdo. “Estou com expectativas que será uma prova difícil e um grande desafio pessoal”, explica. “A carreira policial tem muito conteúdo e ainda não tive contato com todos eles.”

Planejamento e execução

Confira dicas de acordo com Eduardo Ferreira, vice-presidente da ABCP, para se dar bem na preparação para uma prova:

» Inscreva-se em cursinhos
Empresas, sites ou plataformas on-line saberão efetuar um plano de estudos efetivo e que lhe auxilie na preparação para um concurso de forma antecipada.

» Mantenha a calma
“Vá tranquilo fazer a prova, não é o fim do mundo”, afirma Eduardo. Estar nervoso durante uma seleção é normal, então, respire fundo três vezes e beba bastante água. Além de hidratar o corpo, isso também “refresca” a mente.

» Também é difícil para os outros
Entenda que todos os candidatos estão na mesma situação, por isso, o concurso é sempre uma surpresa. Isso ajuda você a ter mais calma e paciência consigo mesmo.

» Planeje-se
Não tente prestar concurso como última escapatória. Na crise, quando falta emprego, as pessoas se lembram de concursos públicos, porém, a preparação deve ser levada a sério e com dedicação. Prepare-se e planeje-se adequadamente para determinado perfil de prova e de cargo.

*Estagiárias sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa