Aos 22 anos, Vitor Lima se divide entre o 8º semestre da graduação em direito na Faculdade Projeção, o estágio no Supremo Tribunal Federal (STF) e o trabalho de assessoria financeira na Marggem Assessoria Bancária, em Taguatinga. Apesar de ter entrado para o grupo de soluções financeiras há apenas quatro meses, Vitor progrediu de status ocupacional mais de uma vez.
A instituição trabalha com um sistema de pontuações. O jovem começou como hunter, tendo a função de procurar clientes. Depois, passou pelas posições sênior e supervisor, até chegar ao status master, em que tem uma carteira de clientes e é responsável por uma equipe. O salário também progrediu a cada avanço.
Com a experiência, Vitor decidiu continuar nessa área após a formatura. Ele fez alguns cursos sobre direito bancário e percebeu que é possível “unir o útil ao agradável” ao trabalhar tanto com a área jurídica quanto com a financeira. Para ele, estar numa posição de chefia mesmo tão jovem não assusta.
A estratégia dele está em provar suas qualidades. “Eu sempre gostei muito do trato com pessoas e, quando conquistei essa oportunidade, vi que era a chance de desenvolver pessoas”, diz. Desde os 15 anos, ele estuda PNL (programação neurolinguística) e investe em conhecimentos da área na gestão.
A meta de Vitor é galgar mais cargos na empresa até se tornar diretor local, quando a instituição abriria uma filial sobre a responsabilidade dele. Os objetivos não param por aí. “Eu pretendo abrir mais filiais da empresa no Brasil e nos Estados Unidos. O Brasil, por ser um país que discrimina muito, não é um lugar onde eu gostaria de ter meus filhos.”
Não que o racismo não exista nos EUA, mas Vitor acredita que lá a discriminação é menos explícita e o movimento negro tem mais força. Em diferentes situações, vivenciou o preconceito, incluindo comentários e piadas por causa do cabelo. No Dia das Mães, quando estava numa padaria, um policial o abordou já colocando a arma na cabeça dele. “Minha mãe estava no local, inclusive”, conta.
Saiba Mais
“O Brasil encara muito a cor da sua pele. No mercado de trabalho, o negro, em geral, tem que fazer o dobro para ter metade do reconhecimento”, diz. “Temos que procurar ser os melhores e, se estivermos em posição de igualdade com um branco, sabemos que vão escolher o branco”, percebe.
População x chefia
Nos Estados Unidos, os negros são 12,6% da população e correspondem a 9,4% dos executivos nas 100 maiores companhias do país, segundo o The Executive Leadership Council.
Roda de conversa
CEOs negras
A B2Mamy, empresa que capacita e conecta mães ao ecossistema de inovação e tecnologia, promove, nesta segunda-feira (30/11), às 20h, uma roda de conversa sobre empreendedorismo feminino e negro. O evento contará com a participação de CEOs negras. O encontro é gratuito e aberto ao público. Inscrições e transmissão pelo link.
Mentoria gratuita
Meninas negras
A Seda, empresa detentora do selo “Sim à Igualdade Racial” do ID_BR, estimula a contratação de mais negros e está promovendo mentorias para meninas a partir de compromissos assumidos aliando-se ao ID_BR, ao Instituto Plano de Menina e aos coletivos Afrolever e Asminas. Depois de criar a jornada digital Planejando meus sonhos (disponível em), Seda está com inscrições abertas para 2.500 vagas de mentoria gratuita para meninas negras a ser realizada pelo WhatsApp. Para se inscrever, é preciso ser negra e de ter de 16 a 24 anos. O cadastro é feito no link.