
Artur Maldaner*, Marina Rodrigues
A partir de 2025, todos os estudantes concluintes de medicina no Brasil deverão realizar o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), lançado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quarta-feira (23/4). A proposta é transformar o processo de avaliação da formação médica no país, unificando processos que, até então, eram aplicados separadamente. Além de obrigatório, o Enamed poderá ser utilizado como critério de ingresso em programas de residência médica de acesso direto no país.
A primeira aplicação da prova está prevista para outubro deste ano, com inscrições gratuitas a partir de julho. Estudantes que desejarem usar o resultado para participar da seleção do Enare, que seleciona residentes médicos, precisarão se inscrever separadamente e pagar a taxa correspondente. Já os estudantes que apenas cumprirem a exigência do Enade, sem interesse em utilizar a nota para residência, estarão isentos da cobrança.
De acordo com o MEC, entre os principais objetivos do Enamed, estão a verificação do domínio das competências previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), a oferta de insumos para a melhoria dos cursos de medicina, fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a construção de um modelo padronizado e transparente de avaliação.
Ciclo virtuoso
O Enamed será realizado anualmente e, de acordo com o MEC, funcionará como um exame “guarda-chuva”, unificando o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para cursos de medicina e a prova objetiva do Exame Nacional de Residência (Enare), atualmente conduzida pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) será responsável pela aplicação, em colaboração com a Ebserh.
Com a integração, o MEC espera criar um "ciclo de fortalecimento mútuo" entre os exames, uma vez que a nota obtida no Enade passa a ter um papel direto na vida profissional do estudante e deve aumentar o engajamento na avaliação. Além disso, ao exigir que todos os concluintes da graduação façam a prova, espera-se uma maior adesão ao Enare e, consequentemente, um ingresso mais qualificado à residência médica.
A avaliação atenderá dois públicos: estudantes de medicina concluintes, que farão o Enade e poderão optar por utilizar a nota no Enare, e médicos formados que desejam participar das seleções de residência médica de acesso direto — na qual recém-formados podem se inscrever diretamente na especialidade desejada, sem necessidade de ter cursado uma residência prévia. Nesse caso, a participação no Enamed será necessária para fins de avaliação.
A mudança também permitirá que os cursos de medicina sejam avaliados anualmente, oferecendo dados mais atualizados sobre a qualidade do ensino na área, além de medir o desempenho individual dos estudantes e subsidiar ações de melhoria nas instituições.
Além do lançamento do Enamed, o MEC oficializou a institucionalização do Enare por meio de portaria. O exame, que vinha sendo aplicado pela Ebserh, passa a ter caráter oficial, com a Ebserh assumindo a competência legal para conduzir o processo de seleção de residentes nas áreas médica, uni e multiprofissional.
*Estagiário sob a supervisão de Marina Rodrigues