O youtuber Wilker Leão de Sá está suspenso temporariamente das aulas da Universidade de Brasília (UnB). O influenciador ficará impedido de participar das aulas História da África e História do Brasil, durante 60 dias. A decisão é da reitora da universidade, Rozana Naves.
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Segundo o despacho, publicado na conta do X do youtuber, ele é acusado "de realizar gravações em sala de aula sem a devida autorização, ocasionando prejuízo ao regular andamento de disciplinas, resultando, inclusive, em suspensão dessas aulas e, por consequência, ocasionando prejuízo também aos estudantes matriculados nessas disciplinas".
Em nota, enviada ao Correio, a UnB afirmou que a decisão se deu no intuito de assegurar "o cumprimento dos princípios basilares da ação administrativa estatal, sobretudo em respeito à supremacia do interesse público, da continuidade da prestação do serviço público, da legalidade, da motivação e da garantia do direito de terceiros de boa-fé ao acesso à educação, assegurado pela Constituição Federal de 1988".
A UnB ainda afirma que repudia qualquer tipo de violência, intimidação e agressão, reafirmando seu compromisso com uma cultura de paz e a defesa dos direitos humanos, que se fundamentam no respeito mútuo e na ética (confira a nota completa ao final da matéria).
Em sua rede social, o influenciador declarou que está sendo alvo de "perseguição" e afirmou que vai recorrer da decisão. "Se você pensar de maneira divergente, você será perseguido de todas as maneiras. É muito mais fácil me calar dessa maneira do que em sala de aula. Provem que eu sou baderneiro", afirmou Wilker.
"Tchutchuca do Centrão"
Wilker Leão ganhou notoriedade entre o público em agosto de 2022, ao registrar e desafiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deixar o Palácio da Alvorada em Brasília. O youtuber se referia ao presidente como "tchutchuca do Centrão" e questionava algumas de suas decisões, quando acabou sendo confrontado pelo político.
À época, Leão chegou a ser empurrado no chão por um homem que estava perto antes de conseguir falar com o presidente. Depois, Bolsonaro se aproximou dele e o puxou pela camisa e pelo braço para tentar impedi-lo de filmar o momento.
Confira a íntegra da nota da UnB
A Universidade de Brasília (UnB) tem tomado todas as providências administrativas cabíveis em relação ao caso.
O recebimento das denúncias levou à instauração de sindicância investigativa. Ainda, o Decanato de Pesquisa e Inovação produziu a Nota Técnica Nº 01/2024, que trata dos direitos de propriedade intelectual.
Segundo essa nota, o conteúdo, escrito ou oral, produzido em sala de aula por docentes e discentes é passível de proteção por direitos autorais. O discente, como parte do seu processo de ensino-aprendizagem, pode fazer uso privado ou pessoal do material pedagógico que lhe é fornecido em sala de aula. Porém, qualquer modificação, alteração ou publicação, sem a devida autorização, fere diretamente os direitos autorais do docente, constituindo uma violação ao seu uso para fins diversos do objetivo de estudo.
Após consulta à Procuradoria Federal junto à UnB, a Reioria decidiu pela suspensão cautelar do estudante das disciplinas História da África e História do Brasil 1, por 60 dias. A decisão se deu a fim de garantir o cumprimento dos princípios basilares da ação administrativa estatal, sobretudo em respeito à supremacia do interesse público, da continuidade da prestação do serviço público, da legalidade, da motivação e da garantia do direito de terceiros de boa-fé ao acesso à educação, assegurado pela Constituição Federal de 1988.
Reafirmamos o nosso compromisso firme com os direitos fundamentais à privacidade, à propriedade intelectual, à liberdade de cátedra e à democracia, fundamentos essenciais para o avanço do conhecimento e a formação crítica de estudantes.
A Universidade de Brasília repudia qualquer forma de violência, intimidação e agressão, reafirmando os seus princípios de cultura da paz e de defesa dos direitos humanos, pautados pelo respeito mútuo e pela ética.