A professora do Departamento de Estatística da Universidade de Brasília (EST/IE/UnB) Ana Maria Nogales e a doutora em psicologia social pela UnB Jéssica Esther Farias receberam o Prêmio Capes Elsevier 2024 Mulheres na Ciência, representando a Região Centro-Oeste. A premiação reconheceu os trabalhos de 15 pesquisadoras brasileiras, entre 2019 e 2023, nas categorias Médica, Exatas e Humanas. O objetivo da iniciativa é dar visibilidade à produção científica feminina e promover a equidade de gênero na ciência.
A professora Ana Maria Nogales, 66 anos, foi reconhecida pela atuação na área médica. Ela trabalha há mais de três décadas analisando indicadores referentes à saúde, como níveis de fecundidade e de mortalidade nos grupos populacionais, e as mudanças em sua métrica ao longo das décadas, com os avanços tecnológicos. "Esses dados foram muito importantes durante a pandemia de covid-19. Foi possível acompanhar o aumento do número de casos e de óbitos em todo o país, praticamente em tempo real", explica.
No contexto da pandemia, Jéssica Esther Farias também se aprofundou. Premiada na área de humanas, ela desenvolveu um estudo sobre fatores que levaram à violação do isolamento social e a influência de teorias conspiratórias na adesão a medidas preventivas. "Eu me senti feliz com o reconhecimento do impacto do meu trabalho científico. A iniciativa é importante para estimular que mais mulheres entrem e permaneçam na academia. Por isso, é um projeto louvável, que estimula a igualdade de gênero na carreira acadêmica", ressalta.
As vencedoras foram selecionadas a partir do indicador de citações ponderadas por disciplina, que mede o impacto de um trabalho em relação a outros de mesmo formato. São comparadas pesquisas do mesmo tipo, disciplina e ano de publicação, extraídas da ferramenta de avaliação de produção científica e de métricas da editora acadêmica Elsevier. A honraria a ambas docentes foi entregue em 6 de novembro, em uma cerimônia na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em Brasília.
Avanço
Um relatório da Elsevier-Bori, lançado em março deste ano, mostra que 49% da produção científica brasileira tem pelo menos uma mulher entre os autores. O documento aponta que, nos últimos 20 anos, a participação de mulheres na ciência brasileira como autoras de publicações científicas cresceu 29%. Embora os números sejam animadores, ainda é necessário fomentar, cada vez mais, a presença feminina em pesquisas acadêmicos e as universidades são a porta de entrada para isso.
"Sou grata à UnB e ao meu orientador de mestrado e doutorado, professor Ronaldo Pilati, pela oportunidade de realizar pesquisa científica de alta qualidade e poder contribuir para avanços científicos na área de Psicologia Social", destaca Jéssica.
Ana Maria relaciona o papel dos programas universitários de pesquisa e a presença feminina nesses ambientes. "É importante mostrar para os jovens, especialmente para as meninas, que é possível realizar uma trajetória acadêmica em diversas áreas do conhecimento, mesmo naquelas com a maior participação masculina", avalia. "As academias têm desempenhado um papel fundamental na produção de conhecimentos e na formação de profissionais que possam lidar com temas complexos que nos desafiam cotidianamente", completa.
A UnB tem se consolidado ao longo dos anos como uma grande potência de pesquisa. Em 2023, o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT/UnB) conquistou o nível 3 do Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (Cerne), certificação conferida pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). A instituição também recebeu, em 2022 e 2023, o Prêmio Universidade Startup Friendly, concedido pela Brasil Startup.
Conquista
Em uma seleção que envolvia todo o Centro-Oeste, ter duas premiadas no Distrito Federal é uma conquista e tanto. Com pouco mais de 70 anos de idade, a unidade federativa tem se desenvolvido cada vez mais, formando alunos que voltam às suas universidades para lecionar.
"Desde minha graduação, me encantei com a pesquisa e, por isso, assim que me formei em estatística, iniciei o mestrado, que cursei no México. Uns dois anos depois da minha volta, entrei na UnB como professora", lembra Nogales.
Já Esther faz parte do público de estudantes de outros estados que vêm fazer pesquisas aqui e se encantam pela cidade. A pesquisadora é cearense, se formou em Fortaleza e mora no DF há quase nove anos, desenvolvendo seu mestrado e doutorado na capital. "Gosto muito de Brasília e pretendo continuar por aqui. E gosto da UnB também. Foi a instituição que me possibilitou o desenvolvimento na área da pesquisa, além de outras atividades extracurriculares que também são muito importantes", conta.
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