O youtuber Wilker Leão de Sá está suspenso temporariamente das aulas da Universidade de Brasília (UnB). O influenciador ficará impedido de participar das aulas História da África e História do Brasil, durante 60 dias. A decisão é da reitora da universidade, Rozana Naves.
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Segundo o despacho, publicado na conta do X do youtuber, ele é acusado "de realizar gravações em sala de aula sem a devida autorização, ocasionando prejuízo ao regular andamento de disciplinas, resultando, inclusive, em suspensão dessas aulas e, por consequência, ocasionando prejuízo também aos estudantes matriculados nessas disciplinas".
A perseguição na @unb_oficial escalou mais um nível:
— Wilker Leão (@wilkerleaods) December 14, 2024
A reitora não quis ficar de fora e decidiu me suspender de 2 disciplinas por 60 dias, sem nem mesmo me dar o direito de defesa.
Tomei conhecimento da existência desse processo absurdo apenas com esse despacho já me… pic.twitter.com/k5LZqIid8Z
Em nota, enviada ao Correio, a UnB afirmou que a decisão se deu no intuito de assegurar "o cumprimento dos princípios basilares da ação administrativa estatal, sobretudo em respeito à supremacia do interesse público, da continuidade da prestação do serviço público, da legalidade, da motivação e da garantia do direito de terceiros de boa-fé ao acesso à educação, assegurado pela Constituição Federal de 1988".
A UnB ainda afirma que repudia qualquer tipo de violência, intimidação e agressão, reafirmando seu compromisso com uma cultura de paz e a defesa dos direitos humanos, que se fundamentam no respeito mútuo e na ética (confira a nota completa ao final da matéria).
Em sua rede social, o influenciador declarou que está sendo alvo de "perseguição" e afirmou que vai recorrer da decisão. "Se você pensar de maneira divergente, você será perseguido de todas as maneiras. É muito mais fácil me calar dessa maneira do que em sala de aula. Provem que eu sou baderneiro", afirmou Wilker.
Detalhando a absurda suspensão de 60 dias que a reitora da UnB aplicou a mim: pic.twitter.com/PLw5FrwFV3
— Wilker Leão (@wilkerleaods) December 15, 2024
"Tchutchuca do Centrão"
Wilker Leão ganhou notoriedade entre o público em agosto de 2022, ao registrar e desafiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deixar o Palácio da Alvorada em Brasília. O youtuber se referia ao presidente como "tchutchuca do Centrão" e questionava algumas de suas decisões, quando acabou sendo confrontado pelo político.
À época, Leão chegou a ser empurrado no chão por um homem que estava perto antes de conseguir falar com o presidente. Depois, Bolsonaro se aproximou dele e o puxou pela camisa e pelo braço para tentar impedi-lo de filmar o momento.
Confira a íntegra da nota da UnB
A Universidade de Brasília (UnB) tem tomado todas as providências administrativas cabíveis em relação ao caso.
O recebimento das denúncias levou à instauração de sindicância investigativa. Ainda, o Decanato de Pesquisa e Inovação produziu a Nota Técnica Nº 01/2024, que trata dos direitos de propriedade intelectual.
Segundo essa nota, o conteúdo, escrito ou oral, produzido em sala de aula por docentes e discentes é passível de proteção por direitos autorais. O discente, como parte do seu processo de ensino-aprendizagem, pode fazer uso privado ou pessoal do material pedagógico que lhe é fornecido em sala de aula. Porém, qualquer modificação, alteração ou publicação, sem a devida autorização, fere diretamente os direitos autorais do docente, constituindo uma violação ao seu uso para fins diversos do objetivo de estudo.
Após consulta à Procuradoria Federal junto à UnB, a Reioria decidiu pela suspensão cautelar do estudante das disciplinas História da África e História do Brasil 1, por 60 dias. A decisão se deu a fim de garantir o cumprimento dos princípios basilares da ação administrativa estatal, sobretudo em respeito à supremacia do interesse público, da continuidade da prestação do serviço público, da legalidade, da motivação e da garantia do direito de terceiros de boa-fé ao acesso à educação, assegurado pela Constituição Federal de 1988.
Reafirmamos o nosso compromisso firme com os direitos fundamentais à privacidade, à propriedade intelectual, à liberdade de cátedra e à democracia, fundamentos essenciais para o avanço do conhecimento e a formação crítica de estudantes.
A Universidade de Brasília repudia qualquer forma de violência, intimidação e agressão, reafirmando os seus princípios de cultura da paz e de defesa dos direitos humanos, pautados pelo respeito mútuo e pela ética.