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Reconhecimento

Alunos da UnB são premiados pela ONU com projeto no Recanto das Emas

Usando jogo como ferramenta, estudantes da UnB ganham prêmio internacional com projeto de requalificação urbana no Recanto das Emas

Dois estudantes e uma graduada da Universidade de Brasília (UnB) foram premiados na 12ª edição da World Urban Forum, evento promovido pela ONU-Habitat, agência especializada da ONU dedicada à promoção de cidades mais sociais e ambientalmente sustentáveis, que ocorreu entre 4 a 8 de novembro, no Cairo, capital do Egito. O reconhecimento veio após o desenvolvimento de um projeto de requalificação urbana para o Recanto das Emas, no Distrito Federal (DF). Utilizando o jogo Minecraft como ferramenta, o trio projetou intervenções para transformar e revitalizar o espaço público, valorizando a segurança e a inclusão da comunidade local.

O projeto incluiu a criação de várias instalações voltadas para o lazer e, principalmente, para a cultura urbana do DF, adaptadas às necessidades específicas dos moradores do Recanto das Emas. "Fizemos revitalizações na infraestrutura da feira livre e do campo de futebol, criamos um sistema de ciclovias e calçadas mais amplas, melhoramos a iluminação e aumentamos a área verde. Além disso, construímos novas estruturas, como, teatro de arena para sediar eventos culturais como dança e batalhas de rap; pista de skate; duas quadras poliesportivas ao lado do campo de futebol; parquinho para crianças, com fontes de água para brincar; um lago artificial com uma ponte perto de um lugar arborizado, trazendo um paisagismo interessante e também melhorando o clima seco da região", explica o estudante de design e integrante do trio, Yuri Oliveira, 23 anos.

O projeto

Arquivo pessoal - Beatriz Versiani (ao centro, segurando o cheque), recebendo a premiação da competição, Global Minecraft Challenge, na 12ª edição do World Urban Forum, realizado no Cairo, Egito

O estudante de ciência política Paulo Farias, 20, um dos integrantes do grupo e morador do Recanto das Emas, propôs a área para o projeto devido à sua familiaridade com o local e o entendimento das necessidades e potencialidades da região. A proposta inclui revitalizações de infraestrutura, como a reestruturação da feira permanente do Recanto das Emas, hoje em estado de abandono, e a criação de espaços de convivência e lazer. “Por eu ser morador de lá, além de ter frequentado o mercado livre quando mais novo, eu possuo uma proximidade maior e certo conhecimento que veio por conta de ter passado a minha vida toda por aquela região”, conta Paulo.

Paulo destaca algumas intervenções que considera a "espinha dorsal" da iniciativa. Uma delas é, justamente, na feira que costumava frequentar quando mais novo. "A renovação e reestruturação do mercado livre do Recanto das Emas, com uma estrutura nova e projetada para seguir uma linha mais sustentável e agradável para os visitantes e comerciantes, com inclusão de bancos e árvores, e a criação de um espaço de convivência para fomentar a vida social e cultural da comunidade e promover o espaço como algo que pode e deve ser usado pela própria comunidade", comentou, citando, ainda, que a inspiração para a construção do teatro de arena veio dos espaços públicos semelhantes na UnB.

Premiação

A única integrante do grupo que pôde estar presente no evento para receber a honraria foi a ex-estudante de arquitetura e urbanismo da UnB Beatriz Versiani, 25, que contou detalhes da experiência na capital do Egito. "Foi a experiência profissional mais incrível que eu já tive! Nunca tinha estado em um evento tão grande, com tantos profissionais do urbanismo e das políticas públicas de tantos outros países. Também fui muito bem recebida pela delegação brasileira, que estava em peso, éramos quase 200 pessoas em um fórum de nível mundial que recebeu mais de 180 países", relata.

Durante a feira, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer estandes de governos, ONGs e empresas de diversos países, com sessões que abordavam temas atuais, como as Soluções Baseadas na Natureza (Nature-based Solutions) e inteligência artificial, todas voltadas para a implementação no urbanismo. Além do intercâmbio de informações e conhecimentos com pessoas do mundo todo.

Segundo Beatriz, a principal lição que leva do evento é a importância de dar voz aos jovens em decisões municipais e distritais, promovendo um planejamento participativo mais inclusivo, entre todas as idades. Apesar das diferenças culturais, ela mencionou que conseguiu notar semelhanças com o projeto que ficou em segundo lugar, composto por quatro jovens universitários do Egito. "Existem várias similaridades nas fragilidades de nossas cidades, como a falta de diferentes atividades nos espaços públicos, a mobilidade urbana composta, majoritariamente, por transportes individuais e a desigualdade ambiental", observa.

Próximos passos

O trio recebeu apoio da ONU-Habitat para levar a proposta do projeto a órgãos competentes do DF, além disso, foi oferecido como parte da premiação um treinamento de capacitação para transformar projetos em realidade. "Gostaríamos de ver essa iniciativa sendo executada em outras regiões administrativas, devido à grande importância que essa iniciativa possui e à capacidade de trazer à luz a necessidade de um olhar mais atento para as demais regiões administrativas do DF", manifesta Paulo.

Para os integrantes da equipe, o projeto não só trouxe reconhecimento, mas também fortaleceu suas aspirações profissionais. Yuri, por exemplo, reconheceu a necessidade de colocar em prática os conhecimentos em design para planejar e construir o projeto. "Quero levar estes conhecimentos em frente para minha vida profissional e espero sempre trabalhar em prol de iniciativas que ajudem a população", finaliza.

Arquivo pessoal -
Arquivo pessoal -
Arquivo pessoal -

*Estagiário sob supervisão de Marina Rodrigues