O Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade de Brasília (UnB) se reuniu em assembleia nesta quinta-feira (17/10) e aprovou medida que implementará cotas para pessoas transexuais ingressarem na instituição. A decisão estabelece reserva de 2% das vagas em todos as modalidades de ingresso primário na graduação, o que equivale a aproximadamente uma vaga por curso.
O objetivo da medida é ampliar a entrada de grupos minoritários que se identificam como pessoas trans, sejam travestis, mulheres trans, homens trans, transmasculinos ou pessoas não binárias. Com a aprovação, a UnB se torna a 11ª universidade federal a adotar política inclusiva para a comunidade LGBTQIA+.
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De acordo com Enrique Huelva, vice-reitor da instituição e presidente do Cepe-UnB, a medida passará a valer nos próximos editais de seleção. “É um momento histórico para a nossa universidade, que assume mais um desafio, um desafio necessário para a construção de direitos na Universidade e na sociedade. Recebemos muitos elogios de diferentes unidades, de diferentes membros da nossa comunidade", afirma.
Para a reitora da universidade, Márcia Abrahão, a ação tem por objetivo democratizar o acesso à universidade. "Esse é mais um passo que damos em busca de um Brasil mais democrático e menos desigual. A UnB é pioneira nas ações afirmativas. Somos a primeira universidade federal a adotar o sistema de cotas raciais. Outra iniciativa inédita é o vestibular 60+. Além disso, implementamos a Política de Direitos Humanos, a fim de balizar ações sobre o tema, promovendo o respeito à diversidade e o acolhimento. Agora, com a aprovação das cotas para pessoas trans, reafirmamos nosso compromisso com a equidade e com um país mais justo e solidário”, afirma a reitora.
O diretor do Diretório Acadêmico dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães e integrante do coletivo trans da UnB, Maktus Fabiano celebrou a conquista. “Eu vejo a história acontecendo na Universidade de Brasília. A gente provou que a força estudantil é capaz de transformar aquilo que está posto. Que esse exemplo de hoje faça com que a gente consiga ver mais pessoas trans entrando na universidade pública, mais professoras e professores trans, mais técnicas e técnicos trans”, disse, emocionado.
No Brasil, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) foi a primeira instituição pública de ensino superior a reservar vagas para pessoas trans, em 2018. No ano seguinte, a Universidade Federal do ABC (UFABC) seguiu o mesmo caminho e se tornou a primeira universidade de São Paulo a adotar a política de inclusão. Em 2024, a Universidade Federal Fluminense (UFF) foi a primeira do Rio de Janeiro a oferecer vagas para pessoas transexuais.
Assista à 674ª Reunião do Cepe:
*Estagiário sob supervisão de Ana Sá