O Censo da Educação Superior, divulgado nesta quinta-feira (3/10), mostrou que mais de 4,9 milhões de pessoas ingressaram em cursos de graduação em 2023: 66,4% (3.314.402) na modalidade a distância e 33,6% (1.679.590) na presencial. Seguindo a tendência de crescimento dos últimos anos, o número de matrículas superou 9,9 milhões, indicando um aumento de 5,6% entre 2022 e 2023 — o maior desde 2014.
Segundo a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), o número de cursos a distância cresceu 232% em relação a 2018, representando mais de 60% das novas vagas ofertadas. “Nos últimos anos, o EaD tem se consolidado como a principal modalidade de expansão da educação superior. O formato flexível e acessível do EaD tem atraído uma parcela crescente da população, permitindo que o ensino de qualidade alcance regiões remotas e diferentes perfis de estudantes."
Em relação aos cursos presenciais, Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil, observa que, entre 2015 e 2022, houve uma queda média anual de 3,66% nas matrículas. No entanto, em 2023, a redução foi de apenas 0,97%, indicando um possível retorno do interesse pela modalidade.
“Tanto o Censo de 2022 quanto o de 2023 revelaram um aumento no número de calouros, ou seja, de ingressantes no primeiro ano. Quando falamos em matrículas, referimo-nos a todos os anos do curso, e o número de ingressantes cresceu em 2022 e voltou a crescer no ano passado, o que indica que, nos próximos anos, o total de matrículas, considerando todos os anos do curso, também voltará a crescer no ensino presencial”, projeta.
Jovens preferem presencial
Na educação a distância, enquanto os alunos até 24 anos representam 26,3% das matrículas nas instituições privadas e 16,7% nas públicas, a faixa de 25 a 29 anos aparece com 20% (privadas) e 17,8% (públicas). Entre os alunos de 30 a 34 anos, as percentagens são 16,5% nas instituições privadas e 18,2% nas públicas. A modalidade EaD também atrai um número relevante de estudantes mais velhos, com 17,3% dos alunos entre 40 e 49 anos nas privadas e 22,3% nas públicas.
“Na maioria dos cursos de EaD, estamos falando de pessoas mais velhas, que, historicamente, não tiveram a oportunidade de ingressar no ensino superior. A educação a distância lhes proporciona essa oportunidade, devido à facilidade de deslocamento, flexibilidade de horários, pois muitos têm família e trabalho, e também pelo baixo custo das mensalidades, o que torna essa modalidade uma oportunidade acessível”, explica.
Por outro lado, na educação presencial, os estudantes até 24 anos são maioria, representando 61,2% das matrículas na rede privada e 63,6% na rede pública. Já a faixa etária de 25 a 29 anos compreende 17,2% nas instituições privadas e 20,3% nas públicas. A partir dos 30 anos, há uma redução acentuada, com os alunos entre 30 e 34 anos representando 7,6% na rede privada e 6,6% na pública.
“O ensino presencial precisa crescer para recuperar a atratividade do ensino superior e, inclusive, melhorar nossa taxa de escolarização líquida do país. Devido a esse crescimento expressivo no EaD — uma média de 17,58% ao ano entre 2015 e 2022, e agora mais um crescimento de 13,46% —, sem dúvida, esse crescimento ocorre de forma, muitas vezes, desordenada e muito rápida. Por isso, é necessário que se faça uma revisão do marco regulatório”, defende Capelato.
Democratização
A modalidade de educação a distância possibilita não só o acesso à educação para aqueles que não podem frequentar um curso presencial, seja pela localização ou pela flexibilidade de horários, mas também permite potenciais melhorias no ensino. “O ponto crucial é a necessidade de um reordenamento do sistema, sem dúvida, e de uma reorganização devido ao crescimento expressivo dos últimos anos, mas sem demonizar o EaD. Essa metodologia amplia significativamente as possibilidades de ensino, especialmente quando pensamos em um modelo híbrido, que combine ensino a distância com o presencial”, afirma o especialista.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), está sendo analisado um novo marco regulatório para a educação a distância, com a colaboração de especialistas e atores envolvidos com a modalidade, tanto da rede privada quanto da pública. “O importante é evoluirmos, organizarmos, sem demonizar a modalidade de EAD, e modernizarmos os conceitos. Os marcos regulatórios são antigos, e, com a evolução da tecnologia, precisam ser atualizados. Assim, é necessário um novo marco que contemple as novas possibilidades que não apenas o uso da tecnologia trouxe, mas também o impacto da pandemia, que forçou todos a buscarem alternativas naquele momento”, finaliza Rodrigo Capelato.
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