UnB Cerrado combate incêndios do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), em Goiás, que teve a área devastada pelo fogo há uma semana. O incêndio já destruiu mais de 10 mil hectares e as causas são desconhecidas. Brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do PrevFogo Ibama, e voluntários estão atuando 24h por dia, nas modalidades terrestre e aérea, com dois aviões e um helicóptero para apoio das equipes.
O Centro UnB Cerrado tem parceria com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, mantendo uma preocupação constante com as questões socioambientais durante a operação. Diante disso, o espaço tem a função de ser um suporte logístico para os mais de 120 profissionais envolvidos nos trabalhos da operação, agora de nível 3 e de alcance nacional, que inclui funcionários, brigadistas e pilotos.
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"O incêndio foi detectado via satélite e uma hora depois já estávamos em combate", relata Nayara Stachesk, chefe do PNCV. Ela detalha que o fogo se espalhou rapidamente e, no dia 6, as chamas chegaram a pular a GO-118, rodovia crucial que precisou ser interditada várias vezes.
Além disso, Nayara descreve que a "nossa equipe atuou junto com brigadas voluntárias, bombeiros e outros parceiros para controlar a situação, mas o avanço das chamas exigiu medidas rápidas e eficazes". Para fortalecer a resposta ao incêndio, em 7 de setembro foi montado um posto de comando no Centro UnB Cerrado, localizado na região, para ser um núcleo de apoio logístico e organizacional nas ações de combate ao fogo.
Compromisso
Nesta quarta-feira (11/9), 44 representantes de redes e associações científicas do terceiro setor, entre eles, pesquisadores da UnB, protocolaram um manifesto em defesa ao Cerrado no Supremo Tribunal Federal (STF). O texto, entregue no Dia do Cerrado, evidencia a necessidade de atenção a “um dos biomas mais negligenciados do Brasil” e alerta para o “preço altíssimo” do desmatamento.
“É urgente que toda a sociedade brasileira se dê conta do patrimônio que está sendo tristemente perdido”, sentencia a carta, que cobra de gestores e tomadores de decisão ações efetivas para proteger e garantir racionalidade no uso dos recursos do Cerrado. Há ainda a manifesta apreensão pelos povos originários e comunidades tradicionais que dependem desse território natural. A carta pede respeito a essas populações e aponta que o conhecimento delas em parceria com a ciência pode apontar rumos para aliar atividades econômicas e preservação.
“Essa carta é uma tentativa de chamar a atenção do STF para a importância do Cerrado e de se tomar ações efetivas para conservação e redução de incêndios”, diz a professora Isabel Schmidt do Departamento de Ecologia (ECL/IB). Ela foi uma das pesquisadoras presentes na entrega do documento a Fernanda Silva de Paula, chefe de gabinete do presidente do Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso.
A diretora da Faculdade de Comunicação, Dione Moura, também esteve presente no STF e assina a carta como gestora regional da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo. Ela avalia que a ação busca “cumprir o papel de promover o engajamento público com a ciência pela conservação do Cerrado”. A docente, que também é coordenadora da Rede Biota Cerrado, manifesta o desejo pela integração dos Três Poderes “em prol da conservação do berço das águas que é o bioma Cerrado”.
A carta também é assinada por profissionais vinculados à UnB, como Antônio Aguiar, Fernando Oliveira Paulino, Guarino Colli, José Roberto Rodrigues, Reuber Brandão, Veronica Slobodian e Maria Júlia Martins Silva, diretora do Centro UnB Cerrado, ramo da Universidade em Alto Paraíso que deu suporte à ação de brigadistas contra o incêndio na Chapada dos Veadeiros nesta semana.
Sobre o incêndio
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, conhecido por sua rica biodiversidade, é um símbolo da luta pela conservação ambiental. A queimada, que se soma a muitas outras que ocorrem nos últimos dias por todo o país, são um sinal de alerta para o cuidado com o clima, sobre a importância do combate a incêndios e a proteção das áreas naturais.
“Estamos nos deparando com um volume de áreas queimadas muito maior que nos anos anteriores. Nas unidades de conservação, como no PNCV, o impacto é devastador", afirma a professora Maria Júlia Martins, diretora do centro UnB Cerrado.
Ela destaca que essa situação afeta gravemente tanto a vegetação quanto os animais silvestres. "Os animais, muitas vezes, não encontram locais de escape e acabam morrendo queimados ou ficam gravemente debilitados", afirma a docente.
Além disso, a diretora ressalta a necessidade urgente de um programa nacional de educação ambiental, para conscientizar a população sobre a importância da preservação do Cerrado, que funciona como um criador de água para o continente latino-americano.
“As principais bacias hidrográficas brasileiras, como Tocantins-Araguaia, São Francisco e Paraná, têm suas nascentes no Cerrado. O que impacta a vegetação e animais, a curto e médio prazo, em outros biomas”, relata.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá