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Conheça o trabalho de Fátima Sousa, da chapa A UnB que queremos

A candidata a reitora Fátima Sousa ressalta os planos de gestão horizontal, paritária, inclusiva e promotora de saúde, caso seja escolhida, e defende que a UnB precisa ser "oxigenada"

À frente da chapa A UnB que Queremos (99), a candidata a reitora da Universidade de Brasília (UnB) Maria Fátima de Sousa, 63 anos, contou ao Correio detalhes de sua história profissional e acadêmica, vida pessoal e a plataforma de propostas para a gestão da universidade entre 2024 e 2028, ao lado do candidato a vice-reitor Paulo Celso, professor de engenharia da Faculdade de Tecnologia (FT) e ambientalista especialista em salubridade. 

Ao longo de sua trajetória na universidade, a professora Fátima Sousa, como é conhecida, protagonizou diversos feitos. “Eu estou aqui (na UnB) desde 2008. Compus o grupo de professores pioneiros que implantou o câmpus de Ceilândia e coordenei o Núcleo de Estudos em Saúde Pública da UnB (Nesp), vinculado ao Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM), que é um núcleo que apoiou o 8º Congresso Nacional de Saúde e o processo constituinte. Nessas iniciativas, nós colocamos, na Constituição Federal brasileira de 1988, os cinco artigos referentes à área da saúde”, recorda.

De 2014 a 2018, Fátima se tornou diretora da Faculdade de Ciências da Saúde (FS), a segunda maior unidade da UnB, cuja gestão foi orientada pela Agenda 2030 — plano de ação global estabelecido pelas Nações Unidas (ONU) para alcançar um mundo melhor até 2030. Ela implementou o mestrado profissionalizante do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e integrou o Centro Universitário e outros grupos no ambiente acadêmico, além de ter sido, em 2008, candidata à governadora do DF.

Origem

Nascida na cidade de São José da Lagoa Tapada, interior da Paraíba, Fátima veio para Brasília em 1991, onde está há mais de 35 anos. “Sou filha de empregada doméstica e operário da construção civil que veio ajudar a construir essa cidade. Eu coordenei o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) do meu estado, que foi um projeto-piloto para a coordenação nacional, para o Brasil, e vim para cá com a responsabilidade de implantar o Programa Saúde da Família (PSF) do Ministério da Saúde. Fiquei em Brasília porque essa cidade me encantou, me acolheu com muito carinho, e acho que só dou minha contribuição àquilo que a sociedade investe em mim e me paga, para ensinar, educar, pesquisar”, reflete.

Autointitulada “filha da democracia”, Fátima foi criada num colégio de freiras e foi a única de sua família a se formar. ”Olha, eu sempre acreditei que não existia outra via senão pela educação, né? Isso a escola me ensinou muito cedo. E quando descobri o mundo das letras, aí eu fiquei apaixonada”, lembra. Ela se graduou em enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 1986, onde fez residência em medicina preventiva e social e mestrado em ciências sociais. Concluiu o doutorado em ciências da saúde na UnB e os pós-doutorados na Universidade Nova de Lisboa e na Université du Québec à Montréal. 

Com mais de 100 artigos científicos e 70 publicações, participou de mais de 40 projetos de pesquisa financiados por várias instituições, incluindo a Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (ACDI/CIDA), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF). Doutora Honoris Causa pela UFPB, recebeu prêmios como a Medalha do Mérito Oswaldo Cruz, Prêmio Dom Helder Câmara e o Prêmio Sérgio Arouca da OPAS. Hoje, é professora associada do Departamento de Saúde Coletiva (DSC) da FS e, recentemente, recebeu o Título de Cidadão Honorário de Brasília.

Ações transversalizadas

Caso eleita, Fátima afirma que, além de integrada, a gestão da chapa será horizontal, paritária e equitativa, visando descentralizar a UnB e promover maior integração com os demais câmpus. “Nós pretendemos misturar o interfaceamento de diversos campos dos saberes com a presença de mulheres, mulheres negras, homens, técnicos e colegas professores. Teremos um orçamento participativo, núcleos de comunicação nos câmpus; vamos trazer de volta os intercampis e articular com o GDF um terminal rodoviário para que os estudantes possam ganhar mais tempo e ter mais qualidade de vida”, enumera.

Outro projeto citado, como parte da proposta de transparência e governança, foi o SmartCampus, que pretende modernizar a universidade a partir de câmpus inteligentes, com maior conectividade e a transmissão de informações da gestão em tempo real. Além disso, está nos planos renovar ou reformular a infraestrutura dos câmpus, a fim de criar ambientes mais sustentáveis e responsáveis, bem como manter a preservação da UnB ao longo dos anos e construir um ambiente saudável para a comunidade acadêmica.

Sobre as mobilizações em busca de recursos orçamentários para a educação pública e dos direitos das categorias, Fátima diz que a dupla está preparada para defender a instituição. “Eu sempre estive em defesa não só do aumento do nosso salário, já que estamos há quase 8 anos sem a correção inflacionária, tanto os técnicos quanto nossos colegas professores. Sabemos que não será uma tarefa fácil, como nunca foi. Antes com o teto constitucional e agora com o ajuste fiscal, com outro nome, em que eles querem tirar o teto da saúde e da educação. Então, vem uma luta por aí, mas nós estaremos na rua, como sempre estivemos. Certamente, com um diálogo respeitoso, institucional, mas não vamos abrir mão de defender os recursos para a nossa instituição”, diz.

A candidata ressalta a boa relação com autoridades governamentais e a familiaridade que tem na interlocução com os diferentes atores institucionais públicos e privados da cidade. “Estamos vivendo um momento singular, porque os personagens que estão hoje na Esplanada dos Ministérios são pessoas com as quais a gente convive há décadas. Então, presumimos que todos têm a mesma defesa que a gente tem, de ter mais recursos para a universidade, e isso vale para todos os ministérios. Nós não vamos abrir mão de captar mais recursos para a UnB, e não só da peça orçamentária, mas também nas emendas parlamentares individuais e de bancada, recursos residuais dos ministérios que não gastam. Fiz isso como diretora da FS e sei os caminhos, então a ambiência é favorável”, conclui Fátima Sousa.