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Conheça o trabalho de Olgamir Amancia, da chapa Pensar e fazer UnB

Com a proposta de educação para emancipação, saiba mais sobre a trajetória e os projetos da professora Olgamir Amancia, candidata à reitoria da UnB ao lado de Gustavo Adolfo nas eleições de 2024, que ocorrem nesta terça (20/8) e quarta (21/8)

Júlia Giusti*
postado em 20/08/2024 07:46 / atualizado em 20/08/2024 15:17
 Candidata a reitora, Olgamir Amancia representa a chapa Pensar e Fazer UnB.: "Vamos pensar e fazer uma universidade de excelência com inclusão" -  (crédito: Júlia Giusti/CB press)
Candidata a reitora, Olgamir Amancia representa a chapa Pensar e Fazer UnB.: "Vamos pensar e fazer uma universidade de excelência com inclusão" - (crédito: Júlia Giusti/CB press)

Olgamir Amancia Ferreira, 66 anos, nasceu em Cavalcante (GO), mas se mudou para Planaltina com a família aos seis anos. Formada em matemática pelo Centro de Ensino Superior de Brasília, ela compartilha que o desejo por seguir carreira na educação veio cedo, estudando em escolas públicas e pensando nas melhorias que poderia trazer ao ensino. Assim, fez mestrado e doutorado na área pela Universidade de Brasília (UnB) e trabalhou como professora do ensino básico na Secretaria de Educação do Distrito Federal. 

Olgamir foi diretora do Sindicato de Professores, presidente do Fórum de Pró-reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras e a primeira secretária da Mulher do DF entre 2011 e 2014. Hoje, é professora associada na Faculdade UnB Planaltina e, desde 2017, é decana de extensão na universidade. Em 2024, está se candidatando à reitoria da instituição, com o vice Gustavo Adolfo Sierra Romero, professor da Faculdade de Medicina da UnB. As eleições estão previstas para esta terça (20/8) e quarta-feira (21/8).

Com uma carreira voltada para a formação de professores, defesa da equidade de gênero e dos direitos humanos, Olgamir conta que a experiência em sala de aula aumentou seu desejo de transformar a sociedade por meio da educação de qualidade. “A realidade do Brasil é extremamente desigual, e ser professora da educação básica na periferia me fez ver a importância da educação para transformar a vida das pessoas e o território onde elas vivem. Compreender essa desigualdade, seja social e econômica, seja racial, seja de gênero ou de orientação sexual, é o primeiro passo para superá-la, se você tiver educação emancipatória”, relata. 

Equidade

De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres são maioria no ensino superior, mas ainda há barreiras para ascensão na carreira científica e baixa ocupação de cargos de liderança. Nesse contexto, Olgamir compartilha uma experiência pessoal em que sentiu os impactos da desigualdade de gênero no meio educacional, que contribuiu para seu engajamento em questões feministas. Antes de cursar matemática, ela ingressou no curso de engenharia química, mas engravidou durante a formação e deixou os estudos pela falta de políticas de acolhimento da maternidade. 

“Nós, mulheres, somos maioria na faculdade de educação, por exemplo, mas quando você vai para as áreas chamadas duras, como das tecnologias, somos poucas na liderança de pesquisas. Isso acontece porque há um modelo estrutural que não nos possibilita ascender na carreira. Muitas vezes, com uma gravidez durante a formação, as mulheres não conseguem conciliar os prazos com os cuidados. Então, nosso compromisso é garantir condições para que elas possam ocupar qualquer lugar”, descreve.

Para Olgamir, o combate às desigualdades de gênero passa pela educação, atuando, principalmente, na conciliação da maternidade com os estudos. Ela conta que já presidiu uma comissão de mães servidoras técnicas na UnB, defendendo seus direitos. A educação vai desconstruir a cultura machista e construir outro letramento das relações étnicas, raciais e de gênero na sociedade. Na UnB, aprovamos uma resolução que trata da maternidade na universidade, como a questão das avaliações e do acesso ao restaurante universitário. Isso contribui para formar um espaço de cidadania e de produção de riqueza do país”, afirma.

Projetos de extensão

Na extensão, ela coordena os projetos Educação Ambiental no Parque Sucupira e Maria da Penha vai à Escola. Em ambos, dimensões teóricas e práticas são exploradas, combinando conceitos com ações para a mudança. No primeiro, os alunos discutem sobre sustentabilidade e fazem visitas ao parque Sucupira. Já no segundo, estudam a legislação que protege a mulher de violências e também sobre como a escola pode mudar comportamentos.

“Discutimos questões mais técnicas, numa perspectiva de investigação, de como garantir a sustentabilidade, mas também estudamos o ambiente do parque e a comunidade onde ele está inserido. Em relação à Maria da Penha, o projeto trata da violência contra as mulheres, então entendemos a legislação e o que que pode ser feito, além de investigar como a escola pode mudar práticas violentas”, explica.

Por isso, a candidata acredita que o diferencial da extensão universitária é a relação entre pesquisa e transformação, noção que vê inserida nos projetos que coordena: “O ensino não é apenas para aprender conceitos, mas para mudar o mundo e as realidades de vida”, conta.

Propostas 

Entre as propostas de Olgamir, estão a garantia de condições para permanência dos estudantes na universidade, como acesso ao restaurante universitário, transporte nos campi e entre eles e aumento de bolsas de pesquisa e extensão. “Um estudante da Universidade de Brasília tem que viver a universidade em sua totalidade, com acesso ao ensino, pesquisa e extensão. Isso não é possível se a gente não lhe garantir bases na sua formação”, expõe.

Em relação à alimentação dos estudantes, ela  defende o aumento do subsídio da universidade para diminuir o valor do restaurante para os que não são de baixa renda, que hoje é de R$6,10. Além disso, ela vê o transporte na UnB como essencial, funcionando como um “instrumento pedagógico” que permite a integração de atividades diversas. “Isso é importante para que o aluno vivencie, inclusive, experiências culturais e artísticas, para que um estudante de Planaltina, por exemplo, possa vir para o Darcy fazer disciplinas de outros cursos para complementar a sua formação. Então, viver a universidade na totalidade significa, também, garantir a mobilidade”, relata

Além disso, ela se propõe a trabalhar a inclusão na universidade, dando espaço para trocas culturais e valorizando diferentes visões de mundo. Entre as propostas, há preocupação com o acolhimento de alunos indígenas, por exemplo, ampliando os espaços de moradia na UnB para eles. “Queremos que o acolhimento comece no momento em que sai a lista de aprovação no vestibular, para que esse estudante chegue à universidade mais seguro, sabendo sobre seus direitos, o fluxo do curso e suas possibilidades, inclusive, em relação à moradia”, compartilha.

Planos

Se pudesse resumir sua gestão na UnB em uma palavra, Olgamir escolheria "emancipação", esperando representar um projeto que se coloca em um “movimento para transformar”. A candidata cita a pandemia de covid-19 e os cortes orçamentários na ciência como desafio para as universidades públicas, “mas nos mantivemos em pé, então nós temos condições de dar o salto de qualidade para garantir uma universidade de excelência e inclusão”. Para Olgamir, a valorização da juventude nas universidades é fundamental nesse processo: “Os jovens vão mudar a realidade, por isso, temos o compromisso de oferecer uma formação de qualidade”.

*Estagiária sob supervisão de Marina Rodrigues

  • "Vamos pensar e fazer uma universidade de excelência com inclusão". A candidata Olgamir Amancia, da chapa Pensar e Fazer UnB.
    "Vamos pensar e fazer uma universidade de excelência com inclusão". A candidata Olgamir Amancia, da chapa Pensar e Fazer UnB. Foto: Júlia Giusti/CB press
  • "Vamos pensar e fazer uma universidade de excelência com inclusão". A candidata Olgamir Amancia, da chapa Pensar e Fazer UnB.
    "Vamos pensar e fazer uma universidade de excelência com inclusão". A candidata Olgamir Amancia, da chapa Pensar e Fazer UnB. Foto: Júlia Giusti/CB press
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