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UFPI entrega título de Doutora Honoris Causa à cientista Niède Guidon

A arqueóloga descobriu mais de 800 sítios pré-históricos no Sul do Piauí, além de encontrar vestígios dos primeiros humanos a habitarem a Terra

Correio Braziliense
postado em 15/07/2024 18:33 / atualizado em 15/07/2024 18:35
Aos 91 anos, Niède Guidon tem carreira homenageada pela Universidade Federal do Piauí -  (crédito: Reprodução/UFPI)
Aos 91 anos, Niède Guidon tem carreira homenageada pela Universidade Federal do Piauí - (crédito: Reprodução/UFPI)

Renomada cientista e arqueóloga francesa, Niède Guidon, 91 anos, foi condecorada com o título de Doutora Honoris Causa na última quarta-feira (10/7), após cinco décadas dedicadas a pesquisas arqueológicas na Serra da Capivara, no Sul do Piauí. A honraria, concedida a personalidades de destaque que contribuíram para a cultura, a educação ou a humanidade, foi entregue pela Universidade Federal do estado (UFPI), no município de São Raimundo Nonato.

A homenageada foi responsável pela descoberta de mais de 800 sítios pré-históricos na região e pelo encontro de vestígios dos primeiros habitantes humanos da Terra. As descobertas foram possíveis por meio de escavações em abrigos rochosos naturais, com registros rupestres, no Parque Nacional Serra da Capivara — declarado Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1991.

Entrega

Durante a cerimônia, Niède Guidon agradeceu os presentes pelo reconhecimento de seu trabalho e afirmou que ainda há muito a ser explorado na região: “É uma gentileza imensa receber este reconhecimento pelo meu trabalho, mas quem realmente merece isso é o homem pré-histórico, que deixou esse patrimônio fantástico na região da Serra da Capivara. Ainda há muitas áreas a serem completamente pesquisadas e um número fantástico de sítios arqueológicos a serem explorados."

Satisfeito em participar do evento, o reitor da UFPI, Gildásio Guedes, ressaltou o papel das universidades na valorização da pesquisa e no apoio aos trabalhos científicos: “Me sinto muito feliz em participar deste momento histórico. [...] Este é um momento de preservar, reconstruir e construir o conhecimento aqui aplicado e o legado da doutora Niède. Estamos mostrando um trabalho científico, para que as pesquisas sejam ainda mais reconhecidas, agora no âmbito da universidade, através da concessão deste título", disse.

Carreira

As explorações encabeçadas por Guidon no Piauí até o início dos anos 2000 permitiram uma nova perspectiva além da teoria tradicional que situa a chegada do homem às Américas — pela Ásia, há cerca de 13 mil anos. De acordo com a arqueóloga, os humanos teriam chegado às Américas pela África, atravessando o oceano Atlântico, há cerca de 100 mil anos, ou seja, milhares de anos antes do que se pensava.

Há mais de 50 anos trabalhando na área, Niède Guidon foi diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), de onde é a atual presidente emérita. A pioneira já recebeu diversas homenagens, como o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), em 2018, e inspirou documentários, apresentações artísticas e até o nome da ave Sakesphoroides niedeguidonae, que vive no entorno do Parque Serra da Capivara e foi recentemente catalogada.

 

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