O debate sobre como as novas tecnologias e ferramentas integram a educação e as aulas é antigo. Com a popularização dos celulares e outros aparelhos, as escolas e faculdades tiveram que se adaptar e criar novas formas de ensinar, sem prejudicar o ensino e o planejamento educacional. Atualmente, com a inteligência artificial e a disseminação de plataformas, como o Chat GPT, a discussão sobre quais os limites do uso na educação aumentou.
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Essa temática foi pontuada no Festival LED — Luz na Educação, evento ocorrido no Rio de Janeiro em 21 e 22 de junho. Organizado pela TV Globo, o festival contou com outras mesas, com a presença de personalidades como Angela Davis, que abriu o festival. “A história da minha vida tem sido a história da educação”, comentou a professora e ativista.
Além dessa atração, diferentes espaços foram abertos no festival, como o Palco LED Inspira, no dia 21, onde especialistas abordaram a questão da IA. Explicando desde a definição, a mesa "Navegando pela inteligência artificial: como a educação pode nos guiar?" debateu a relação da educação com as ferramentas tecnológicas.
Inteligência artificial
Criada a partir de algoritmos e para criar ferramentas que possam desempenhar determinadas funções sem interferência humana, a inteligência artificial (IA) procura operar de forma semelhante ao raciocínio humano. “Ao longo dos anos, foi ganhando camadas e, agora, na definição de IA está incluída a sociedade”, comentou o diretor de Inovação IDG do Museu do Amanhã, João Falcão, que compôs a mesa.
Como a sociedade utiliza essa ferramenta, que também se alimenta das informações e conhecimentos dela, hoje já não é possível separar os dois. Por isso, quando se fala da educação, o tema está mais que presente.
Tecnologia e aula
Na sala de aula, não é difícil encontrar alunos que já utilizaram ferramentas como Chat GPT, braço da inteligência articial que responde, também, a perguntas acadêmicas. Isso ocorre através da IA Generativa, categoria que cria novos conteúdos, como textos, imagens e vídeos.
Em outro espaço do Festival LED, esse aspecto também foi exposto. Com o tema “IA generativa: novos desafios à sociedade conectada", Bruno Ferreira, jornalista e coordenador pedagógico, estava à frente do bate-papo que abordou definições, conjuntura da IA na educação e suas consequências para a sociedade. “As redes sociais e os buscadores, como o Google, já mudaram muito a nossa relação com a informação. Aí vem mais uma coisa, chamada inteligência artificial, que está dando um nó maior”.
Durante a roda de conversa, o professor questionou os alunos e outros presentes sobre como usam a tecnologia e quais os maiores dúvidas. “Ficamos com medo da IA dominar tudo e não necessariamente isso vai ocorrer. Mas isso não nos isenta de refletir um pouco mais sobre os impactos dela”, completa Bruno.
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De acordo com o professor, esse recurso tecnológico serve para facilitar processos criativos e não para substituir o ser humano. “A questão é que a gente precisa aprender a usar bem esse tipo de ferramenta”, explicou ao Correio. Para Bruno, a ferramenta pode ser usada tanto para potencializar o conhecimento como para uma tradução de um texto. “Em vez de eu ficar ali duas horas ou mais traduzindo um texto, a inteligência faz isso para mim em segundos”.
Esse uso não exime a pessoa de revisar aquela tradução, ver se ela fez sentido, e, se necessário, fazer uma interferência naquilo que foi gerado. “O bom uso da inteligência artificial é pensar nela, como alguns autores falam, como uma 'cointeligência' que vai cooperar no processo criativo do qual eu sou o autor”, afirma.
Debates
Sobre a preocupação da sociedade, principalmente nas escolas e faculdades, Bruno acredita que o debate pode ajudar a encontrar outros caminhos para o uso dessas ferramentas nesses espaços. “Eu não tiro a legitimidade dessa preocupação porque está mexendo em muita coisa, mas a IA e outras inovações tecnológicas colocam alguns desafios da educação, que é justamente repensar os nossos métodos”, disse.
Para ele, abrir um espaço de reflexão a respeito do que os alunos que utilizam essas ferramentas estão encontrando, e não proibir imediatamente o uso, pode ser o primeiro passo de um processo pedagógico. “Às vezes, a gente quer encerrar ali e dar a matéria como dada, quando podemos comparar as fontes de informação e refletir sobre elas."
“A partir dessa reflexão crítica, podemos achar a melhor fonte de informação e ensinar os alunos a não se contentarem com a primeira informação de um buscador ou a primeira coisa que a inteligência artificial gerar”, finaliza.