Após mais de dois meses de paralisação, a greve nas universidades federais, que começou em 15 de abril, está próxima do fim. As negociações entre o governo e os representantes dos professores e técnicos-administrativos, que reivindicavam melhores condições de trabalho, resultaram em assembleias realizadas no país todo ao longo desta semana para definir os rumos da greve. Nesta quinta-feira (20/6), os docentes da Universidade de Brasília (UnB), com votação em auditório lotado, decidiram retomar as atividades acadêmicas em 26 de junho.
A presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), Eliane Novaes, explicou ao Correio que a decisão de encerrar a greve na UnB não é um indicativo nacional, mas o esperado é que outras universidades sigam o mesmo caminho nos próximos dias.
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“Não é um indicativo para voltar a discutir, é uma data em que a gente volta ao trabalho. No fim de semana haverá uma reunião para saber de algum acordo, de atividades unificadas, mas a nossa assembleia é soberana para dizer que a greve está encerrada”, afirmou.
Com cenário de retorno gradual, diferentes universidades planejam a retomada das atividades em datas variadas, conforme as decisões de suas respectivas assembleias.
“Outras universidades voltarão, dependendo das decisões da assembleia, em outras datas. Nós estamos indicando que esse retorno da greve será mais ou menos unificado. Algumas universidades rejeitaram a proposta de voltar, porém a maior parte das universidades estão indicando o retorno das atividades a partir da próxima semana”, completou Eliane.
A greve envolveu mais de 62 universidades pelo Brasil, que se uniram para consolidar as negociações com o governo. No entanto, a presidente da ADUnB destacou que nem todas as reivindicações foram atendidas. “Nós saímos dessa greve ainda sem todas as reivindicações atendidas. Há uma parte dessas reivindicações que continuam como pauta de luta. Vamos continuar o movimento! O nosso papel é continuar a luta pelas pautas que não foram atendidas. Hoje, nós estamos fazendo assembleias pelo Brasil inteiro para definir indicativos de datas em que as greves estão para serem finalizadas e essas propostas serão levadas para o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes)."
A terceira vice-presidente do Andes, Lúcia Lopes, acredita que os resultados da greve foram positivos, apesar de não terem tido todas as demandas atendidas. “Nós tivemos ganhos com as negociações. Contudo, não corresponde com o que a gente gostaria. Queremos sair da greve como entramos, fortes. Eu avalio que foi um movimento muito positivo. Foi uma luta que marcou a conjuntura em defesa da educação pública, por mais orçamento para as universidades, em defesa de condições de trabalho melhores, recomposição e reestruturação das carreiras profissionais, por isso, foi uma greve bastante positiva."
Durante a assembleia na UnB, a docente aposentada Alejandra Pascual discursou sobre a solidariedade e o amor que marcam os movimentos grevistas. “Foi em uma greve que senti toda a solidariedade e todo o amor. A UnB acompanhou a minha história, em que o militarismo tentou matar a universidade, mas não conseguiu. Nós salvamos a UnB, mesmo sendo um desafio. Estamos saindo da greve ainda sendo triunfadores. Como dizia Darcy Ribeiro, a crise nas universidades não é uma crise e, sim, um projeto”, afirmou Alejandra Pascual.
Com a proximidade do fim da greve, a comunidade acadêmica aguarda com expectativa o retorno das atividades.
*Estagiária sob a supervisão de Mariana Niederauer
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