Estudantes do curso de medicina veterinária do Centro Universitário de Brasília (Ceub) mapearam centros de equoterapia no Distrito Federal. A iniciativa faz parte de um projeto de extensão da universidade, que conta com quatro estudantes entre o 4º e o 5º semestres: Ana Cecilia Penna Magalhães, 20 anos; Beatriz Lins e Cavalcante, 31; Isabelle de Freitas Sousa, 20; e Lucas Silva Queiroz, 20.
A equoterapia é uma atividade que incorpora o cavalo como instrumento de desenvolvimento e integração para pessoas que têm necessidades especiais, como deficiências físicas, transtornos cognitivos, como o transtorno do espectro autista (TEA), transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), síndrome de dawn, entre outras condições.
A atividade é dividida em quatro eixos: hipoterapia, destinada aos mais debilitados que necessitam de suporte total com dois auxiliares; educação e reeducação, para aqueles com algum controle sobre o cavalo, exigindo menos assistência; pré-esportivo, onde os praticantes conduzem o cavalo sozinhos e participam de exercícios de hipismo; e a prática esportiva paraequestre, voltada para competidores aptos a participar de eventos, como as paraolimpíadas.
Tratamento
Para Alessandra Vidal Prieto, professora de fisioterapia do Ceub e voluntária de equoterapia na Associação Nacional de Equoterapia (Ande Brasil), o tratamento é uma atividade lúdica, pois coloca a pessoa em contato com a natureza e o animal, gerando estímulos sensoriais.
“A pessoa se torna um praticante, e não um paciente, porque ele pratica a atividade de montar a cavalo, está interagindo, envolvendo-se e ele tem uma corresponsabilidade na terapia dele. E isso vai além dos aspectos físicos e motores e sensoriais que o cavalo produz, trazendo autonomia”, descreve.
A prática da equoterapia tem uma série de regras: o cavalo precisa ser treinado especificamente para a atividade, estar com um peso determinado e ter entre seis ate dez anos de idade. Além disso, a atividade também depende de recomendação médica e exames de fisioterapeutas e psicólogos. “Imagine que eu estou lidando com o animal e que ele pode reagir a algum comportamento exacerbado do meu praticante. Então, existe uma série de contraindicações que preciso atestar para que o praticante esteja apto para fazer a equoterapia”, diz Alessandra.
Pesquisa
Com os estudos em relação a atividades, os estudantes perceberam alguns desafios. “Fizemos uma visita técnica no Hospital Sarah Kubitschek e vimos que existia uma baixa acessibilidade, a falta de interesse devido ao desconhecimento das pessoas sobre o tratamento e o alto culto [o preço médio é entre R$ 150 e R$ 700, sendo a Ande o único local que disponibiliza o tratamento de forma gratuita]”, diz Isabelle, uma das participantes da pesquisa.
Nesse contexto, eles decidiram mapear os locais que disponilizam a equoterapia e encontratam cinco locais no DF: Ande, na Granja do Torto; Espaço Equestre Escola de Equitação, na Asa sul; Vila Equestre Equilíbrio, no Jardim Botânico; Vida e Galope Equitação e Equoterapia, em Sobradinho I; Equitação e Equoterapia Joca, no Gama; e Equoterapia Cris César, no Riacho Fundo II.
A partir dos resultados, os alunos produziram um folder informativo, que divulga ao público um mapa com localização, preços e horários da terapia na região. Esse material foi distribuído na rede Sarah Kubitschek de hospitais de reabilitação no Distrito Federal, centro público de referência nacional e internacional na recuperação de pacientes com traumas.
O projeto dura seis meses, Isabelle e Ana Cecília afirmaram que pretendem seguir com o projeto no semestre seguinte. A equipe tem expectativas futuras de divulgação do material gráfico em outros hospitais além do Sarah, e atualizar outros meios de comunicação do projeto, como o canal do youtube.
Impactos
A intenção do projeto se tornou a expansão o conhecimento da equoterapia para além da medicina veterinária, além de informar as pessoas sobre a atividade. “Nós pensamos em algo que causasse um impacto na sociedade, então o foco é informar as pessoas sobre os benefícios, quem pode praticar, quem não pode e também a divulgação dos preços no DF e lugares mais acessíveis”, explica Ana Cecília.
Vanderleia Araújo de Souza, dona de casa, é mãe de Débora, menina de 12 anos que tem síndrome de dawn e faz o tratamento da Ande Brasil há dois anos e meio, todas as quartas-feiras. Ela vê a atividade como benéfica para a filha: “A equoterapia ajudou em alguns aspectos dela, como a falta de equilíbrio, e na superação do medo, ao subir no cavalo, além de outros ganhos imensuráveis para ela."
Quando questionada se indica a atividade para pessoas como Débora, a mãe responde que sim, e fala do impacto da atividade para ela. “É uma atividade muito importante, são 30 minutos, mas significantes, porque ela está em movimento e o animal dá uma paz para ela, então eu indico a equoterapia para todos os pais que eu converso e também nas clínicas que ela frequenta”.
*Estagiários sob a supervisão de Marina Rodrigues