A Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) sedia, entre os dias 5 e 7 de junho, a 30° Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) Centro-Oeste2024. O evento faz parte da fase regional do encontro da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), maior congresso de comunicação da América Latina, e tem como tema: “Outros saberes para a comunicação do amanhã: culturas, tempos e tecnologias”.
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A Expocom Centro-Oeste, além de ser uma exposição, é o principal prêmio destinado a trabalhos experimentais produzidos exclusivamente por estudantes no campo da comunicação, reunindo projetos de diversas instituições públicas e privadas dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal.
O diretor regional da Intercom e professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Luãn Chagas, explica que o tema deste ano busca valorizar a diversidade de narrativas na construção do conhecimento, trazendo para discussão as novas tecnologias e tendências observadas na sociedade e promovendo integração entre os estados do Centro-Oeste.
“Procuramos trazer o que é mais precioso dentro do Centro-Oeste, que é a diversidade, pois quando a gente fala de outros saberes, falamos de diversidade de vozes. Em meio a isso, trazemos para discussão as mudanças tecnológicas, a inteligência artificial e a utilização de redes sociais, sobretudo como esses saberes estão presentes no interior de Mato Grosso, nas comunidades indígenas, nas comunidades quilombolas de Mato Grosso do Sul, nas comunidades ribeirinhas de Goiás ou até mesmo nas comunidades das regiões administrativas do Distrito Federal. Para que a gente possa entender o que está acontecendo na sociedade atualmente, é preciso diálogo”, expõe.
A 30° edição da Expocom Centro-Oeste recebeu mais de 600 inscrições e 168 trabalhos, distribuídos em seis categorias: jornalismo; publicidade e propaganda; relações públicas e comunicação organizacional; cinema e audiovisual; produção transdisciplinar; rádio, TV e internet. Além dos trabalhos apresentados pelos estudantes, a Expocom conta com uma programação diversificada que inclui mesas de discussão, oficinas e workshops. As atividades vão até esta sexta (7/6).
Trabalhos
O Distrito Federal conta com mais de 40 trabalhos no total, entre todas as categorias. A Faculdade de Comunicação (Fac) da Universidade de Brasília (UnB) marca presença em quase todas elas, menos relações públicas, com 20 trabalhos apresentados. Cada categoria é dividida entre várias modalidades, que têm até cinco concorrentes, de diferentes instituições de ensino e estados do Centro-Oeste.
Na modalidade projeto de extensão, da categoria produção transdisciplinar + rádio, TV e internet, houve apenas um trabalho do Distrito Federal, representado pela UnB com o “SOS Imprensa”, observatório da mídia criado em 1996 e projeto de extensão mais antigo da Fac. “O projeto surgiu como forma de amparar vítimas de erros cometidos pela mídia, atuando, também, no combate à desinformação”, diz Clara Rodrigues, integrante do SOS. Entre seus produtos, estão o blog, no qual são publicados textos de análise crítica da mídia, o podcast SOS Cast e o SOS escolas, vertente que realiza visitas a escolas para apresentar o projeto.
Na categoria jornalismo, chamaram atenção projetos nas modalidades reportagem longform, jornalismo impresso e revista. Na primeira, a UnB apresentou o projeto “Sobrevivências”, focado em reportagens sobre temas relacionados à pauta trabalho, abordando saúde mental, alimentação, meio ambiente, entre outros. A estudante de jornalismo, Ester Cauany, representante do projeto, afirma que “o leitor tem uma autonomia para escolher o que quer ler, conseguindo vincular com outras pautas e tendo uma leitura muito rica”.
Em jornalismo impresso, o Centro Universitário de Brasília (Uniceub) levou o projeto “Para esportes”, que divulga o esporte paraolímpico e conta a história de atletas portadores de deficiência (PCDs), conscientizando e mostrando a importância do esporte para essas pessoas. Arthur Ribeiro, líder do trabalho, destaca que o formato do projeto foi escolhido para resgatar a força do jornalismo impresso: “Desde pequeno, ouvia que o jornal impresso ia acabar, mas nunca acreditei nisso. Na verdade, ele vai se reinventar, e estou aqui para mostrar isso”.
Na modalidade revista, a estudante Maria Luiza Massulo, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), apresentou o trabalho “A memória da fome”, que fala sobre o contexto da fome e como ela persiste no Brasil, principalmente no Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. “Exploramos como a fome está enraizada na população e quem são os que mais sofrem com essa fome, que são pessoas periféricas, racializadas, pretas e indígenas, mães solos etc. Então, a gente busca traçar esse perfil da fome, entender quem são essas pessoas e contar um pouco da história delas”, descreve.
Experiência
Lucas Santos, de 20, é estudante de jornalismo na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e vai apresentar o trabalho “Preservação de verdade: análise de uma notícia sobre a participação do Governador do Estado de Mato Grosso na COP-28” no Expocom nesta sexta (7/6). Ele conta que é seu primeiro congresso e está tendo uma experiência muito positiva, percebendo que as diversas áreas da comunicação dialogam entre si, e o evento inova ao conciliar vivências da academia e dos estudantes. “Eu estou conhecendo muita gente nova, tendo experiências diferentes nas áreas de comunicação. Ontem mesmo, eu participei de um minicurso de publicidade, que aí a gente entende que a comunicação é integrada, e é muito bacana poder dialogar entre as áreas. Eu pensei que seria algo mais formal, mas o Expocom está conseguindo habituar essa questão dos acadêmicos, de pessoas novas e dos pós-graduandos”, compartilha.
As duas estudantes de publicidade e propaganda do Centro Universitário Uniprojeção Carine Lima e Vanessa Gabrielly Tomaz, 21 anos, vieram de Brasília ao congresso para acompanhar as oficinas e atividades, pois o trabalho que submeteram não foi aprovado, mas passará por mudanças para concorrer na fase nacional. Para Carine, “muitas vezes, a área da comunicação não é valorizada, então tem sido uma experiência muito interessante pelo congresso ter em vista essa área”. Vanessa, por outro lado, ressalta os aprendizados adquiridos no Expocom: “Valeu muito a pena a viagem, a gente participou de uma oficina agora em que aprendemos sobre como fazer um vídeo participativo, de ouvir a outra pessoa e como ela quer ser representada, além de aprender sobre outras formas de comunicação”, diz.
*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá
*Colaboração: Júlia Lopes, estudante da Universidade de Brasília (UnB)