Um mês após o Dia das Mulheres e Meninas na Ciência, dados mostram que a participação da sociedade feminina como autoras de publicação científica passou de 38%, em 2002, para 49% em 2022. Apesar do aumento, a porcentagem cai conforme a carreira avança. Os dados são do Elsevier em parceria com Bori, abordando o tema “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil”, divulgado nesta sexta-feira (8/3).
A participação feminina na ciência brasileira tem passado por transformações significativas nas últimas décadas. Historicamente, as mulheres enfrentam desafios para ingressar e se destacar em áreas científicas, mas, conforme o relatório, a produção de conteúdos científicos brasileiros têm pelo menos uma mulher entre os autores, inclusive, nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, sigla em inglês). O Brasil, por exemplo, é o terceiro país com maior participação feminina, ficando atrás somente da Argentina e de Portugal com 52% de publicações feitas por mulheres. Os menores percentuais estão para a Índia com 33%, Egito 30% e o Japão com 22%.
“São resultados encorajadores ao constatar que nas gerações mais recentes vem crescendo a participação feminina. No entanto, ainda temos desafios a superar nos aspectos de participação nas exatas e de participação entre as gerações mais experientes”, aponta Dante Cid, vice-presidente de Relações Acadêmicas da América Latina da editora Elsevier.
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O percentual também mostra que há diminuição na participação de mulheres conforme a carreira tem avanço. Assim, 51% das mulheres por “idade acadêmica específica” de até cinco anos de carreira foram autoras em mais da metade das publicações. Já a participação feminina entre pesquisadores com mais de 21 anos de carreira, cai para 36%.
Apesar do crescimento de mulheres autoras entre 2002 e 2022, ainda há a diferença na participação da população feminina em diferentes áreas do conhecimento. O relatório mostra que a participação de mulheres entre 2018 e 2022 supera 60% em cursos como: enfermagem (80%), farmacologia (62%) e psicologia (61%), ficando abaixo dos 30% de áreas de exatas, como matemática (19%), ciência da computação (21%), engenharia (24%), além de física e astronomia (27%).
“Nos últimos anos, várias universidades têm criado iniciativas para apoiar e incentivar cientistas mulheres em momentos como a maternidade. Acredito que essas ações irão contribuir para acelerar o alcance da equidade em diferentes áreas do conhecimento”, relata Fernanda Gusmão, gerente de soluções para Pesquisa da América Latina da Elsevier.
*Estagiária sob supervisão de Thays Martins
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