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UnB busca recursos para se proteger contra alagamentos

Reitoria quer evitar que novas inundações danifiquem equipamentos, muitos deles instalados no subsolo da instituição

As fortes chuvas que atingiram parte do campus Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB), no último dia 9, revelam à população problemas de infiltração e drenagem que são velhos conhecidos pela instituição. Nos últimos anos, ela tem sofrido recorrentes cortes de verbas, e isso a impossibilita de realizar intervenções necessárias para resolver definitivamente essas deficiências em sua infraestrutura.

No orçamento de 2024, previsto pelo Ministério da Educação, a UnB tem disponíveis R$ 48,2 milhões para seu funcionamento anual, 5,25% a menos do que recebeu no ano anterior. O montante é insuficiente para que sejam feiras obras que evitem alagamentos. Além disso, etapas do Drenar DF — programa do Governo do Distrito Federal (GDF) para acabar com inundações provocadas pelas chuvas em áreas da na Asa Norte — não contemplam a região do campus principal, como disse o professor Sérgio Koide, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (ENC).

"A chuva do dia 9 foi bastante incomum e, segundo especialistas da própria UnB, talvez possa demorar para enfrentar algo parecido como aquilo (novamente). No entanto, o que nos preocupa é que as águas (da Asa Norte) possam descer para a universidade. Isso é um problema antigo e as etapas do Drenar não contemplam a universidade", explicou Koide.

Segundo ele, o sistema de absorção pluvial da capital federal é arcaico e, após a construção da avenida L3 Norte, os problemas com acúmulo de água dos temporais na Asa Norte se tornaram constantes. "As chuvas têm se intensificado nos últimos anos, e um bom sistema de drenagem absorveria parte da chuva, o que não ocorre hoje", lamentou. O professor comentou que foi determinado pela reitoria que seja feito o possível para enfrentar a situação, e avaliou que são necessárias ações por parte do Executivo local.

"Estamos conversando com a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil) para que haja um reforço na galeria que absorve a água para evitar alagamentos. O que estamos fazendo é diminuir os pequenos problemas. Nós não conseguimos evitar que a água entre na UnB, mas faremos o possível para que ela não chegue em excesso. O governo tem conhecimento desses problemas da universidade, mas a prioridade dele, por ora, acredito, é arrumar as áreas consideradas mais emergenciais", considerou.

Ao Correio, o secretário de Governo, José Humberto Pires, lembrou que o Drenar DF realiza obras que vão da 402 a 408 Norte. De acordo com ele, concluídos esses trabalhos, a próxima ação do programa começará na 710 Norte e irá até as margens do Lago Paranoá. Segundo o secretário, a previsão é de que esse próximo passo se inicie ainda neste semestre.

Apoios

Além da promessa de envio de emendas parlamentares, por deputados da Câmara Legislativa, à Novacap para as ações estruturais que a UnB precisa, a universidade tem confirmados R$ 3 milhões dos distritais. Essa verba será destinada, via Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal, à compra de equipamentos para o Instituto de Física (IF), danificados pela tormenta do início de fevereiro.

Outra medida defendida pela reitoria, caso as etapas do Drenar DF não contemplem mesmo o campus, é a construção de um prédio exclusivo aos laboratórios. Atualmente, a maioria, fica em áreas de subsolo. O valor estimado pela instituição para levantar esse edifício é de R$ 20 milhões — quase a metade do orçamento total para 2024.

Em reunião realizada na semana passada com representantes da UnB, deputados distritais informaram que discutirão com os federais que integram a bancada do DF na Câmara dos Deputados a possibilidade de envio de emendas federais, pelo Ministério da Educação, para acelerar o processo da construção desse espaço.