A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) cobrou explicações da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) após ter conhecimento de um caso de racismo que ocorreu no campus de Sorocaba. O caso teria ocorrido durante uma partida de vôlei do Interbixos, quando membros do Centro Acadêmico e Atlética de Engenharia de Produção imitaram macacos para jogadores negros da Associação Atlética Acadêmica de Economia e Administração (ECAD).
Em uma postagem no Twitter, a deputada pontuou que ataques como esse não são incomuns em torcidas esportivas. “Vide o caso recente em que o jogador Vini Jr. foi vitimado, fenômeno deplorável que devemos combater sempre”, disse Erika. A deputada, que é ex-aluna da instituição, ressaltou que a universidade pública deve ser exemplar no combate ao racismo e todas as formas de discriminação, e que por isso, solicitou por meio de um oficio a identificação, responsabilização e punição dos perpetradores do ataque racista, além da devida proteção as vítimas.
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“Também solicitei medidas de combate ao racismo na universidade e esporte universitário, assim como a inserção dos crimes de racismo e injúria racial, e crimes equiparados, como homotransfobia, de forma explícita nos atos puníveis do Regimento da Universidade”, disse a deputada na publicação.
Em nota, a universidade informou que Reitoria manifesta-se no sentido de reiterar o compromisso institucional com o combate ao racismo - e quaisquer outras formas de discriminação e violência - e, para além disso, com a identidade antirracista da UFSCar, o que significa a ação consciente e deliberada para promover equidade e garantir direitos e oportunidades iguais a todas as pessoas.
“Utilizamos a ocasião também para nos juntar ao coro dos que gritam: racismo não é piada, brincadeira ou rixa esportiva - racismo é crime! Para contribuir para a construção de uma universidade e, mais, de uma sociedade em que ele, idealmente, deixe de existir, informamos por fim que estamos, exatamente neste momento, estruturando novos programas e ações com linhas diversas de atuação - desde as educativas até novas regulamentações e processos internos para enfrentamento de violências, acolhimento de vítimas e responsabilização de agressores -, muito especialmente a partir da Secretaria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade, que passa por mudança em sua gestão”, disse a universidade em nota.
O racismo é um dos principais problemas sociais enfrentados nos séculos XX e XXI, causando, diretamente, exclusão, desigualdade social e violência. A Lei 14.532/2023, publicada em janeiro deste ano, equipara a injúria racial ao crime de racismo. Com isso, a pena tornou-se mais severa com reclusão de dois a cinco anos, além de multa e a anulação da possibilidade de fiança, e o crime é imprescritível.
Leia a nota na íntegra
Reitoria reafirma antirracismo da UFSCar e anuncia ações na área
Em um lamentável contexto de sucessivos registros de ocorrências na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Reitoria manifesta-se no sentido de reiterar o compromisso institucional com o combate ao racismo - e quaisquer outras formas de discriminação e violência - e, para além disso, com a identidade antirracista da UFSCar, o que significa a ação consciente e deliberada para promover equidade e garantir direitos e oportunidades iguais a todas as pessoas.
Esta manifestação expressa não só a posição da atual Administração Superior da UFSCar, mas busca também honrar uma história institucional, a memória de tantas outras pessoas que vieram antes de nós e lutaram para que, hoje, contássemos com políticas das quais não apenas nos orgulhamos, mas que nos obrigam cotidianamente a buscar aprimoramentos nos mecanismos já existentes de formação de pessoas, acolhimento de vítimas, registro e encaminhamento de denúncias e responsabilização e punição nos casos pertinentes.
Ontem, 3 de julho, Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, a Ouvidoria da UFSCar registou nova denúncia, que relata ocorrência de injúria racista em evento esportivo realizado recentemente no Campus Sorocaba. Além de informar que a denúncia já está sendo devidamente encaminhada para apuração, aproveitamos para destacar a relevância de vítimas - e, com elas, de todas as pessoas que testemunham atos racistas, de violência de gênero, homo e transfobia ou quaisquer outras ocorrências de discriminação, preconceito e violência, registrarem formalmente a denúncia, para que a Instituição possa encaminhá-las devidamente e exercer o papel que lhe é próprio nesta luta que é de toda a nossa sociedade.
Utilizamos a ocasião também para nos juntar ao coro dos que gritam: racismo não é piada, brincadeira ou rixa esportiva - racismo é crime!
Para contribuir para a construção de uma universidade e, mais, de uma sociedade em que ele, idealmente, deixe de existir, informamos por fim que estamos, exatamente neste momento, estruturando novos programas e ações com linhas diversas de atuação - desde as educativas até novas regulamentações e processos internos para enfrentamento de violências, acolhimento de vítimas e responsabilização de agressores -, muito especialmente a partir da Secretaria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade, que passa por mudança em sua gestão. Assim, neste momento, agradecemos à professora Natália Sevilha Stofel pelos seus esforços à frente da Secretaria até aqui, e saudamos a chegada do professor Marcus Vinicius Batista Nascimento, a quem em público dizemos: conte com toda a Administração Superior nesta jornada que inicia à frente da Saade!
Sabemos que ainda há um longo caminho a ser trilhado - como Universidade e sociedade brasileira - para termos as soluções ideais, mas estamos e seguimos trabalhando incansavelmente para isto, para vocês e, sobretudo, COM todos, todas e todes!