A Secretaria de Meio Ambiente (Sema) da UnB, em parceria com a Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV), lança campanha para conscientizar a comunidade universitária contra o abandono de animais nos câmpus da instituição. A iniciativa é uma das etapas do plano de manejo dos animais comunitários da Universidade.
Veterinária da Sema, Laura Reis afirma que, apenas no câmpus Darcy Ribeiro, estima-se que haja, em média, um animal abandonado por semana. A maioria são gatos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, da sigla em inglês), o abandono fere as cinco garantias que devem ser preservadas a todos animais.
As garantias focam a saúde e o bem-estar animal. São elas: ausência de fome e sede; de desconforto; de dor; de lesões e doenças; de medo e estresse; e liberdade para expressar o comportamento natural.
Além de reforçar que o abandono de cães e gatos é crime, passível de dois a cinco anos de prisão, conforme a Lei Federal nº 14.064/20, a campanha quer estimular denúncias dos casos que ocorram nos câmpus da UnB. As notificações à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) podem ser feitas pelo telefone 197 ou pelo site.
Para além da perspectiva criminal, há também o controle interno de população, feito pela Sema. Um formulário eletrônico para denúncias foi lançado para que a comunidade ajude a secretaria a monitorar os casos identificados na universidade. A ideia é que a pessoa que denunciar à polícia também preencha e envie este formulário.
Exemplo recente de caso que deveria ser denunciado ocorreu no Instituto Central de Ciências (ICC), no câmpus Darcy Ribeiro: uma ninhada de filhotes de gato foi abandonada, sob olhares de testemunhas. “Alguém chegou com uma caixa cheia de gatos, água, ração e um paninho", conta Luana Paes, que também é veterinária da Sema. "Queremos aumentar os registros de casos de abandono para a formalização de denúncias”, explica.
Comunitários x abandonados
Os animais deixados na universidade afetam de forma negativa a dinâmica da população de cães e gatos cuidados pela comunidade acadêmica e também os animais silvestres que habitam as localidades. Um dos motivos é o desconhecimento sobre a procedência dos bichos abandonados.
De acordo com a Sema, eles costumam estar doentes ou são filhotes e ficam vulneráveis a acidentes, atropelamentos e até rejeição violenta por parte dos bichos comunitários. Ademais, podem introduzir doenças à colônia já existente.
Luana Paes explica que a situação gera desequilíbrio na população de animais preexistentes na UnB, que já está controlada. Isso prejudica os esforços da Secretaria de Meio Ambiente. “Queremos que as pessoas se conscientizem de que isso é ruim para o animal que está sendo introduzido e também para aqueles tutorados pela comunidade. Trata-se de crime de maus-tratos e quem abandona pode ser punido,” reforça a profissional.
Responsabilidade
"Vamos supor que uma pessoa está com uma ninhada e não sabe o que fazer com os bichos. A solução não é abandonar. Pode-se procurar auxílio de organizações protetoras de animais, por exemplo. Elas podem, inclusive, auxiliar em ações de doação desses animais para tutores que possam ser responsabilizados. Abandonar não é uma opção", frisa Laura Reis.
Laura Reis e Luana Paes observam que é essencial a realização de adoções responsáveis. Para isso, deve-se ter em mente que o tempo médio de vida de um cão ou gato é de 15 anos. E que, ao se tornar guarda responsável de um animal, é obrigatório custear seus gastos financeiros, que incluem garantia de alimentação de qualidade, saúde e bem-estar. Também é dever da pessoa que tutora um animal garantir as cinco liberdades previstas pela OIE.