Filho de mãe solteira e primeiro da família a ingressar em uma universidade, o goiano Kawê Guilhermy Andrade bombou nas redes sociais ao tornar pública a homenagem à “mulher mais importante do universo” em sua formatura. Além das peças típicas usadas em uma cerimônia de colação de grau, o figurino da caprichada sessão de fotos incluiu roupas novinha em folha e o uniforme impecável de gari usado há 13 anos pela orgulhosa genitora Andrea dos Santos Andrade, 33.
Kawê conta que foi a forma mais singela e afetuosa de demonstrar sua imensa gratidão e admiração pela mãe e sua batalha empreendida ao longo da vida para criá-lo e educá-lo. “É uma mulher de fibra, que sempre encontrou forças para enfrentar as mais difíceis adversidade, sobretudo nos momentos mais difíceis que passamos. E também à profissão que ela abraçou e que executa com tanto amor e capricho”, diz o agora profissional da área médica, já contratado pelo Einstein de Goiânia.
Ele conta que sempre sonhou em atuar na área de saúde para, como sua mãe, cuidar do bem-estar de todos. “Os garis desempenham importante papel na sociedade, cuidam da limpeza pública, o que afeta diretamente a saúde das pessoas, assim como eu, que agora trabalho com necessidades básicas, ajudando a cuidar do próximo”, diz.
Para o enfermeiro, o esforço que os profissionais de limpeza urbana fazem não se compara ao desprendido por ele em sua função. Não chega nem aos pés do que faço”, diz, reforçando que, por isso, fez questão de homenagear, por meio de sua mãe, todos os profissionais da área.
“Minha mãe representa, em sua plenitude, a minha essência. A lição mais importante que aprendi com ela foi ser humilde onde quer que esteja e enfrentar, de cabeça erguida, todo e qualquer percalço da vida”, orgulha-se Kawê, lembrando os episódios de discriminação e preconceito sofridos por sua mãe.
“Costumava acompanhá-la no trabalho de varrição. Certa vez, uma moça jogou um lixo no chão e ordenou que ela limpasse na mesma hora. Sem contar as diversas vezes que presenciei ela sendo impedida de comprar e até entrar em lojas, e também de ter acesso a banheiros públicos somente por estar usando o uniforme de trabalho.”
Kauê sempre estudou em escolas públicas. Cursou enfermagem como bolsista do Programa Universidade Para Todos (ProUni) na FacUnicamps, já partiu para pós-graduação em saúde pública e pretende fazer mestrado. “Quero ser professor, mostrar que minha história pode ser inspiradora, que podemos chegar onde queremos. Enfim, ensinar que todo e qualquer ser humano, seja rico ou pobre, preto ou branco, deve ser valorizado, cuidado e respeitado”, diz.