Sob o coro de "sem anistia", o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, discursou a calouros, estudantes e acadêmicos da Universidade de Brasília (UnB), nesta segunda-feira (27/3), no auditório da Associação dos Docentes da instituição (Adunb). A ida do titular da pasta à UnB fez parte do evento direcionado a alunos intitulado "Inspira UnB".
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Entre os principais temas da palestra "Direitos Humanos, Estado e Crise", Silvio Almeida abordou assuntos relacionados à vida acadêmica, às liberdades individuais e à política. Aos estudantes, ele defendeu a necessidade de evitar a busca por fórmulas ou respostas prontas. "É preciso questionar e exercer a liberdade para construir o conhecimento. A universidade deve ser este espaço", defendeu o ministro.
A relação de Silvio Almeida com o ambiente universitário é extensa. Além de advogado e professor de cursos de graduação e pós-graduação em Direito, o atual ministro dos Direitos Humanos é filósofo. Seu interesse por essa área foi abordado durante a palestra. "Quando estudante de Direito, eram as matérias de filosofia que chamavam minha atenção", disse.
Liberdades e direitos humanos
Quanto à ideia de liberdade, o ministro criticou o fato de usá-la como argumentos para promover políticas de ataques a direitos humanos. "Foi em nome da liberdade que fascistas não compraram vacinas, foi em nome da liberdade que deram cloroquina a emas e foi em nome da liberdade que essa pessoa virou presidente da República", afirmou, em clara alusão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"O mundo que eu quero viver é um mundo que não seja mais necessário afirmar a defesa dos direitos humanos. É que, enquanto foi necessário reafirmar os direitos humanos, é porque não se construiu a ideia de humanidade", sintetizou.
Fundamental aos estudantes
Para Silvio Almeida, as discussões e a defesa dos direitos humanos são atitudes fundamentais à sociedade e, sobretudo, aos estudantes. "Direitos humanos será a grande questão a ser discutida em todas as áreas. Quando falo neste tema, eu me refiro às ideias de igualdade, condições econômicas, grupos vulneráveis. Ou seja, todos os alunos devem pensar neste ponto, independente da sua formação", orientou o ministro.
Direitos humanos e economia política
Na avaliação do ministro, a noção de direitos humanos perpassa pela ideia de uma economia política. Isso significa que, de acordo Almeida, não faz sentido defender liberdades de pessoas que passam fome ou que não tenha como se sustentar, por exemplo. "Ou seja, todo debate sobre direitos humanos tem de ser um debate sobre economia política, senão não chegaremos a lugar algum", pontuou.
Ao falar sobre vida e trabalho dignos, Silvio Almeida abordou os esforços do Ministério de Direitos Humanos no combate trabalhos análogos à escravidão. "Constituímos grupos de trabalho sobre o tema, temos a Conatrae (Comissão para Erradicação do Trabalho Escravo) e nós vamos reformular Plano Nacional de erradicação do trabalho escravo", concluiu o ministro.