Publicada neste 21 de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, a pesquisa "Mulheres negras no mercado de trabalho" mostra que a conquista da pós-graduação não impede as mulheres negras de se tornarem vítimas de racismo nas empresas.
O estudo, realizado durante 2021 e 2022, pela consultoria Trilhas de Impacto por meio da rede social Linkedin, revela que a inclusão racial é um desafio para as empresas brasileiras. A sondagem entrevistou 155 mulheres na faixa etária de 19 e 55 anos, sendo a média prevalente entre 30 e 45 anos, das quais 50,3% possuem nível superior e pós-graduação ou especialização; 13,5%, mestrado e doutorado; e 24,5%, ensino superior completo.
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Diretora-presidente da consultoria, Juliana Kaizer destaca que 86% das mulheres entrevistadas relataram casos de racismo nas empresas. “Isso, para mim, é um dado muito relevante, porque todas as mulheres entrevistadas têm curso superior completo e estão formalmente empregadas. Chamou muito minha atenção que o fato de as pessoas terem nível superior ou pós-graduação não impede que elas sofram racismo. É assustador”, manifestou Juliana.
Chamou a atenção também o fato de que, apesar de mais de 70% das respondentes terem pós-graduação, isso não faz com que elas subam na empresa. “Muitas estão há 10 anos no cargo, não veem nenhuma pessoa parecida com elas em cargo de liderança, enfim, não se sentem estimuladas.”
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Questão com o cabelo
Na avaliação de Juliana, a pesquisa revela o contraste entre o mito da democracia racial e o racismo, ao acreditar que, na formação profissional, o trabalhador ou a trabalhadora não vai sofrer racismo. Entre os elementos que mais se destacaram nas entrevistas de campo com as mulheres está a referência ao cabelo das mulheres negras.
Mais de 70% das mulheres relataram ter vivenciado estranhamento de colegas e precisaram explicar que o cabelo estava alisado, era black, ou a razão de terem colocado lace nos cabelos (prótese feita fio a fio em uma tela de microtule). “Acho que esse é um dado importante para a gente considerar.”
Em 68% dos casos, as profissionais disseram ter sido confundidas, em algum momento, com a faxineira ou moça da limpeza da empresa. “Eu estou falando de mulheres com ensino superior completo e pós-graduação”, ressaltou, destacando que, em alguns casos, o próprio superior recomendava à limpeza do ambiente ao final do expediente.
Para Juliana, a situação é muito crítica: “É um negócio assustador”. A pesquisa revela que mais de 50% das consultadas disseram que a cor da pele e o lugar onde moravam foi perguntado durante as entrevistas on-line no recrutamento. “Elas perceberam que, durante as entrevistas, no processo seletivo, tudo ia muito bem no formato on-line, com análise do currículo, mas que, no momento da entrevista ao vivo, com a câmera aberta, os recrutadores, em geral mulheres brancas, voltavam atrás. “Esse foi também um aspecto que as profissionais negras falaram muito.”
Com Agência Brasil
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