Alunos de medicina da faculdade Unicesumar de Maringá (PR) dizem ter sofrido um golpe neste sábado (21/1). O valor, de acordo com os alunos, foi de R$ 3 milhões — investidos ao longo dos últimos seis anos de curso. A festa de formatura do grupo acabou sendo cancelada pela empresa 12 horas antes da festa, afirmando que a comissão de formatura estaria devendo R$ 530 mil em pagamentos.
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A nota da empresa Brave Brazil, responsável pela execução de todas as etapas da celebração da graduação, foi refutada pelos estudantes, que negam qualquer tipo de débito e afirmam, inclusive, que havia um excedente de R$ 121 mil para gastos extras; eles acreditam que houve má fé por parte da organizadora, que teria administrado o valor recebido de forma irresponsável.
Segundo o jornal O Globo, a situação causou um tumulto no local onde aconteceria a festa. Alunos e parentes se revoltaram contra um homem que se identificava como diretor da Brave Brazil e disparam ofensas contra ele. A Polícia Militar precisou ser acionada para acalmar os ânimos. Imagens mostram que o local sequer estava arrumado, e mesas e cadeiras não estavam postas.
A empresa Brave Brazil não se pronunciou até o momento. Alunos decepcionados com a não realização da festa demonstraram a indignação nas redes sociais. "A Brave Brazil cancelou minha formatura na véspera do baile, um evento no valor de R$ 3 milhões. Uma média de gastos de R$ 20 mil apenas nos boletos da formatura. Familiares vindos de todo o país. Nunca, jamais contratem essa empresa. Estamos vivendo um pesadelo", escreveu uma estudante.
Os problemas com a formatura, começaram dias antes da festa, em um evento de jantar de formatura, também previsto no contrato, que aconteceu na última quinta-feira (19/1). Na ocasião, os formandos contam que quase nada condizia com o que fora previamente contratado: "A turma de medicina da Unicesumar levou golpe da empresa da formatura Brave Brazil, que é de Floripa. O dono, Rafael Brogni não pagou o buffet e muitas outras coisas e vazou embora. Alunos pagaram por 6 anos. Sério!", publicou mais uma estudante.
"O jantar com mais de 400 pessoas, sendo 120 formandos, ficou sem comida ou atrações e parte do atendimento", acrescentou. "O jantar chegou agora porque o dono do buffet foi parceiro e tá fazendo de graça!", segundo a estudante, os funcionários e fornecedores diziam estar sem receber pelo serviço. Convidados dos alunos, irritados com a situação, começaram a pedir comida por aplicativo de delivery. "O cara do buffet estava atrás de botijão de gás e conseguiu servir um mínimo: arroz, 1 carne e batata. Para um evento que teria, além de ilhas, mais de 15 opções!", escreveu uma estudante.
Prefeito aciona o Procon
A relação entre comissão de formatura e empresa se tornaria insustentável, no entanto, no sábado (21/1), quando chegou a notícia, em meio de nota, de que a festa principal, mais aguardada por todos, não aconteceria. A confusão foi tamanha que até o prefeito de Maringá, Ulisses Maia, resolveu se pronunciar:
"Lamentável o ocorrido com formandos de medicina da Unicesumar que tiveram o baile de formatura cancelado. Estamos, junto ao Procon Maringá, à disposição para auxiliar as famílias afetadas. Teremos reunião segunda-feira (23) para tratar possíveis soluções. Contem conosco", escreveu o chefe do Executivo municipal.
Festa alternativa "relâmpago" para 49 formandos
A repercussão também acabou gerando o apoio de algumas empresas e fornecedoras locais, que acabaram, de última hora, facilitando a realização de uma festa. Foi o caso da empresa Euphoria, que acabou, numa força-tarefa de menos de 12 horas, conseguindo realizar um baile que serviu de alternativa para pouco menos da metade dos formandos.
A turma "T7" escreveu uma nota aberta, onde dá sua versão dos fatos e esclarece cada um dos pontos que culminaram no cancelamento da festa. O comunicado afirma que funcionários da Brave Brazil teriam informado, através das redes sociais, que estariam sem receber salários há 2 meses. Os alunos afirmam que há uma série de reclamações semelhantes contra a organizadora de eventos.
"Inicialmente, é necessário apontar que os formandos, após votação e em comum acordo, contrataram a empresa Brave Brazil para a execução de todos os eventos referentes a formatura, mediante a administração dos valores pagos pelos formandos e a contratação de todos os fornecedores para a realização dos eventos. No entanto, a empresa descumpriu reiteradamente com suas obrigações próximo a realização dos eventos", diz a comissão.
Os alunos ressaltam que irão à Justiça em busca de reparações e responsabilização cível e criminal contra a empresa.
"Os seus integrantes tratam-se de alunos que não são profissionais do ramo de eventos e que não possuem nem mesmo verba para assistência jurídica e os mesmos se dispuseram com tempo e dedicação pautados pela boa fé e que são vítimas tanto quanto os demais formandos. Apesar disto, não estão inertes, e já foram tomadas todas as medidas cabíveis nos âmbitos criminal e cível e que os danos, individuais, serão apurados e cada formando poderá pleiteá-los de forma autônoma ou conjunta", conclui a nota.
Resposta da empresa Brave Brasil
Em uma nota de esclarecimento divulgada neste domingo (22/1), a empresa Brave Brazil informou que os alunos haviam sido avisados sobre valores pendentes e que ao invés de saldarem as dívidas, contrataram outra empresa para realizar o baile de formatura: "Antes mesmo dessas três datas ultimas mencionadas, a empresa já havia comunicado a respectiva Comissão de Formatura, sobre a impossibilidade de concluir o evento denominado 'Baile de Formatura', pré-agendado para o dia 21 de janeiro, sábado, na formatação originária, dado o déficit de pagamento para conclusão do projeto contratado há anos atrás, devendo então a Comissão negociar com a empresa algumas readequações, sem que isso comprometesse a realização total, especificamente, do evento de encerramento/sábado, já mencionado, já que os outros eventos anteriores, de fato foram entregues".
A Brave informou, ainda, que equipamentos da empresa foram roubados e quebrados pelos estudantes e seus familiares: "Mais espanto e estranheza, além da indignação, causou aos representantes da Brave, quando receberam a noticia de que os equipamentos à serviço da empresa; produtos; materiais; mobiliários e parte da estrutura, além dos veículos que estavam no local à serviço da Brave (terceirizados) foram saqueados; quebrados; e que tais atos foram cometidos por parte dos formandos e seus familiares/amigos, como já consta no material digital em posse da empresa". A empresa também informou que já acionou o corpo jurídico para lidar com o caso.
Leia a nota na íntegra:
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