Estudantes de Brasília participaram na manhã desta terça (18/10) de ato convocado por movimentos e entidades estudantis. A concentração teve início por volta de 9h, na Galeria dos Estados. Às 11h, o grupo seguiu em passeata até o Ministério da Educação, onde permaneceu até as 12h. Além da capital federal, a manifestação em defesa da educação e das universidades foi realizada em mais de 100 cidades em todas as regiões do Brasil.
O ato foi pacífico, durou aproximadamente três horas e não houve registro de incidentes. Os participantes gritavam palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro e pediam por mais investimento na educação. Por volta de 12h30, os estudantes começaram a se dispersar.
A manifestação foi organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e pela União dos Estudantes Secundaristas do Distrito Federal (Uesdf) após o Ministério da Educação anunciar, no início deste mês, um contingenciamento de R$ 3 bilhões na pasta da educação. Três dias depois, após pressão dos estudantes, o ministério anunciou a liberação da verba bloqueada.
A vice-presidente da UNE-DF, Bruna Pilati, 22 anos, afirmou que os estudantes precisam continuar mobilizados para lutar para garantir o investimento na educação. "Convocamos esses atos nacionais para lutar contra o confisco na verba da educação pública. Desde 2019, observamos sucessivos cortes. Mesmo que o MEC tenha revogado, queremos garantir que não haja nenhum corte até o fim do ano", disse.
Bruna reforça que a educação tem sido desvalorizada e que o último bloqueio foi grave para a pasta. "Muitas instituições talvez não conseguiriam se manter. Precisamos garantir que a educação pública de qualidade continue, precisamos colocar cada vez mais estudantes nas federais e nos institutos.
O diretor executivo da Ubes Luiz Philipe, 18, também falou sobre a importância dos estudantes se organizarem e defenderem a educação. "Não é o primeiro confisco que o governo promove na educação. É importante que os estudantes estejam nas ruas, defendendo a educação pública, suas escolas, os institutos e as universidades federais. Enfim, uma educação de qualidade", concluiu.
O deputado distrital Gabriel Magno (PT) esteve presente no ato. Em discurso, ele afirmou que é preciso derrotar o projeto de sucateamento da educação proposto pelo atual governo. O deputado também falou da importância do voto no segundo turno.
Além dele, a deputada federal Erika Kokay (PT) também discursou. Ela lembrou o período da Ditadura Militar e reforçou que os estudantes não aceitarão os cortes na educação. "Naquela época, os estudantes saíram as ruas pra gritar por liberdade e direitos. Hoje, vamos arrancar essa faixa presidencial do peito do fascismo e construir a soberania desse país por meio da educação. Não aos cortes orçamentários e sim ao direito!", frisou.
Nabia Lima, 24, estudante do Instituto Federal de Brasília e tecnóloga em eventos destacou que as universidades federais são o polo da pesquisa do país e que, por isso, a educação deveria ser prioridade. "A maioria das pesquisas que desenvolveram as vacinas vieram das universidades federais. Nós, da escola pública, lutamos muito pra chegar até aqui e, de repente, eles falam 'esse mês não tem dinheiro pra vocês, a gente resolve mês que vem'. As coisas não funcionam assim. Em outros países, a educação é priorizada, porque aqui não é? Estamos aqui não só pela educação, mas pelo nosso direito de fala, pelos 700 mil mortos que não tiveram o direito de voz", disse.