Os estudantes de brasilienses Bruno Lopes dos Santos, 27 anos, e Daniela Barbosa Caparelli, 26, são finalistas da 15ª edição do Prêmio Design Jovens Talentos — concurso mobiliário —, respectivamente, com os projetos “Trocador” e “Vênus Penteadeira”. Ambos concorrem com seis candidatos de outros estados na categoria recém-formados.
Os projetos vencedores serão anunciados em 10 de novembro, em cerimônia de premiação a ser realizada em São Paulo, com transmissão ao vivo. No dia seguinte, 11 de novembro, começam as exposições gratuitas dos protótipos vencedores, na Unibes Cultural. A organização também vai financiar as passagens para os finalistas participarem do evento.
A temática desta edição é o bem-estar, reforçando a ideia do conforto, funcionalidade, saúde e estética agradável. Essas demandas ganharam espaço nas discussões cotidianas depois do fim da emergência da covid-19, quando a maioria da população se viu obrigada a passar grande parte do tempo dentro de casa — ação que estimulou a necessidade de transformar seus lares em um ambiente propício para se viver.
“Trocador” para a família toda
Pensando em seguir o tema estrategicamente, no início de 2021 o arquiteto Bruno Santos, egresso da Universidade de Brasília (UnB), escolheu recriar a utilidade de um trocador — móvel considerado infantil. Ele optou por trabalhar com a peça pensando que se destacaria com algo fora do comum.
A partir do tema do concurso, Santos teve ideias sobre como transformar o trocador em um móvel funcional para ser utilizado diariamente por toda a família. “Escolhi um objeto que se destacasse de alguma forma, sempre pensando em como ilustrar minha maneira de interpretar a temática”, conta.
O interesse na área de mobiliário e de design de produtos sempre estiveram presentes na rotina de Bruno. Participar do concurso não foi novidade, porque o jovem já viveu essa experiência em outros desafios da área.
Figurar entre os finalistas do prêmio foi motivo de grande felicidade para Santos, que não esperava pelo resultado. “Foi um tiro no escuro. Estou extremamente feliz porque participar do prêmio não garante apenas a oportunidade de colocar no portfólio um projeto desenvolvido por mim. O desafio também oferece cursos e mentorias com designers e professores da área”, afirma.
Ele confessa, ainda, estar animado em conhecer os outros finalistas para trocar ideias e, assim, entender os diferentes pontos de vista que os levaram a desenvolver móveis criativos e inovadores. “Estou animado com o agora, e também com o que ainda vai acontecer”, diz.
Subir no pódio, ou seja, ficar entre os três primeiros, garante que os projetos saiam do papel e se tornem um protótipo. Para Bruno, isso é um sonho. “Não estou pensando muito nessa possibilidade porque o processo já é engrandecedor”, compartilha.
O período da pandemia afetou muito as perspectivas de futuro do jovem arquiteto, que chegou a ficar desmotivado em trilhar carreira na área de design. Após o relaxamento do período de isolamento social, a válvula de escape de Santos foi o Prêmio Design Jovens Talentos. “Estava muito desanimado em trabalhar com criação depois de recém-formado. Inclusive, já estava estudando para um concurso público aqui no DF”, confessa. “O prêmio me estimulou a retornar a criação de projetos”, completa.
“Participar dessa competição mostrou que sou capaz de idealizar qualquer móvel de forma mercadológica, além de me estimular a adentrar o mercado de trabalho do design”, expõe.
“Vênus Penteadeira”: mostre a sua própria beleza
A ex-estudante da Universidade Católica de Brasília (UCB) Daniela Caparelli, formada em arquitetura e urbanismo, analisou o que a palavra “bem-estar” significava para ela. A fonte de inspiração foram os momentos de autocuidado — skincare, hidratar os cabelos, entre outros — de sua irmã, Flávia.
Daniela conta que participou do concurso pela primeira vez em 2016. Em 2021, figurou entre os finalistas e, novamente, nesta edição, seu projeto figura entre os melhores, desta vez na categoria recém-formados, criada em 2021.
“Fiz um móvel pensando nela, que atendesse às suas necessidades. Um móvel que servisse tanto como penteadeira quanto como uma escrivaninha, uma vez que ela está de mudança para um apartamento onde os espaços são reduzidos e ter móveis com múltiplas funções é algo necessário”, explica.
Segundo ela, o nome Vênus vem do questionamento sobre os padrões de beleza que se alteram de acordo com o tempo. Em contraponto, Daniela tentou aplicar a ideia de como buscar a construção de mulher livre de pressões estéticas, que possa usar o móvel como um espaço para elevar a autoestima e cultivar o amor-próprio.
“Estou muito feliz e animada em poder representar Brasília e a UCB. A Vênus Penteadeira é o fruto de um trabalho que eu estava pensando desde a divulgação do tema. É um processo que exige bastante o lado criativo e técnico. E ter o reconhecimento é um grande fator motivador para continuar criando e focando ainda mais na área de design de mobiliário”, diz.
Daniela afirma estar contente por ser uma das finalistas, pela experiência e aprendizado. “Apesar do design de mobiliário ser uma das áreas de atuação dos arquitetos, só tive contato com essa possibilidade por meio da participação no concurso”, conta. Para ela, o prêmio apresentou novas possibilidades de carreira, e o design é uma das modalidades que considera abraçar.
“Espero que essa conquista motive outros alunos e recém-formados. E que os professores possam incluir concursos como esse nas disciplinas da faculdade, porque aproxima os estudantes do mercado e da indústria moveleira”, conclui.
*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende