Morreu, nesta quarta-feira (31/8), um dos grandes nomes do conservacionismo brasileiro, Gustavo Fonseca, aos 66 anos, vítima de um infarto fulminante. Gustavo morava em Washington (EUA), com a família.
Gustavo se formou em Biologia na Universidade de Brasília (UnB) e fez mestrado e doutorado na Universidade da Flórida. Quando retornou ao Brasil, o biólogo começou a se envolver diretamente em ideias de Conservação Biológica do Brasil.
Ao Correio, o professor Ricardo Machado do Instituto de Ciências Biológicas da UnB (IB/UnB), compartilhou memórias sobre Gustavo. "Eu e minha esposa conhecemos o Gustavo em 1986 quando ele retornou da Florida, onde trabalhou com os principais conservacionistas da época, e quando voltou pro Brasil, trouxe com ele a ideia de começar a desenvolver um pouco mais a conservação aqui".
Ricardo conta que ele e a esposa, a professora Ludmilla Moura, foram alunos de Gustavo e que, atualmente, usam os ensinamentos que aprenderam com ele e tentam aplicá-los. "Nós estamos na universidade trazendo esses ensinamentos e tentando aplicar esses princípios que são tão importantes nos momentos atuais, de manter o nosso patrimônio natural e conservar a biodiversidade", relata ele.
Gustavo passou anos trabalhando como professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e por lá criou um dos primeiros cursos de Mestrado e Doutorado em Conservação da Biodiversidade. Os trabalhos de Gustavo com a conservação garantiram ainda apoio do U.S. Fish and Wildlife Service, que bancou várias dissertações e teses dos alunos.
Outro legado deixado por ele foi a criação da Fundação Biodiversitas, que teve início a partir da doação de recursos da Fundação McCartney do Estados Unidos. "Foi [uma doação] na época trezentos mil dólares que era um absurdo de dinheiro pra iniciar as atividades da Fundação", explica Ricardo.
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Trabalho além do Brasil
De acordo com Ricardo, para tentar alcançar novos horizontes na área de conservação, começou a atuar junto com a uma organização não governamental norte-americana chamada Conservation International e foi um dos primeiros presidentes para o Brasil dessa organização.
Ricardo e Ludmilla chegaram a trabalhar com ele nessa empreitada como assistentes e juntos fizeram várias publicações no início dos anos 90. Logo, Gustavo começou a interagir mais com a sede da organização em Washington (EUA) e começou a manter contato com pesquisadores de vários países. Como era professor da UFMG, ele não podia ficar muito tempo afastado da Universidade e por isso, precisou se afastar da ONG.
Rapidamente, ele conseguiu um novo cargo Global Environment Fund (GEF) que é uma dos braços financeiros da Conservação Global. Assim, definiu políticas de aplicação dos recursos destinados à conservação da biodiversidade em vários países no mundo.
Gustavo recebeu ainda o prêmio Ordem da Arca de Ouro que reconheceu seu trabalho de conservação da biodiversidade e foi concedido pelo governo da Holanda.
"Ele vai deixar realmente uma lacuna muito grande para conservação brasileira porque ele conciliava esse esse aspecto de ser extremamente articulado entre os grandes milionários do planeta, entre os governos de diferentes países, principalmente o governo norte-americano e o brasileiro. E essa extrema capacidade de criar oportunidades para as pessoas se envolverem nessa causa", ressalta Ricardo. "Muitas pessoas foram inspiradas, foram influenciadas e ganharam apoio dele para poder iniciar a carreira de ciência aplicada à constelação da biodiversidade", pontuou também.
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