Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) protestam contra os preços das refeições no Restaurante Universitário (RU) nesta terça-feira (23). A concentração do ato, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília Honestino Guimarães (DCE-UnB), começa, às 12h, no Ceubinho, para seguir até à entrada do RU.
O Movimento defende a permanência de estudantes que não são beneficiários do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Além da convocação, o DCE escreveu, em conjunto com o Centro Acadêmico de Direito da Universidade de Brasília (CADir-UnB), ofício à Administração Superior e à Reitoria da Universidade de Brasília, no qual elencam as reivindicações para a redução no preço das refeições para garantir a permanência dos estudantes na universidade. Segundo a organização, eles pretendem protocolar o documento para ampliar o diálogo com a instituição.
De acordo com a coordenadora geral Beatriz Amorim, 21 anos, desde o fim do ano passado, quando o preço do restaurante foi reajustado, o DCE enxergava a necessidade de uma mobilização. “Além da negociação é importante dar voz para quem está reivindicando, os alunos”, afirma.
“Na realidade, sabemos que o buraco é muito mais embaixo. Essa situação é uma consequência direta do desmonte na educação, não deixamos a luta contra a causa de lado no dia 11 [Manifestação no Dia do Estudante]. Esse ato é contra os cortes e, consequentemente, também acaba sendo contra o aumento nos preços do RU”, diz.
A coordenadora geral defende a necessidade de dialogar sobre o controle do Restaurante Universitário para garantir um RU de qualidade. “A luta para reduzir os preços afeta a nossa permanência na universidade. Precisamos estar presentes para, quem sabe, mobilizar a comunidade acadêmica”, expõe.
O Restaurante Universitário da UnB figura entre os mais caros do país. Entre as universidades federais, a UnB e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) têm preços mais altos, sendo respectivamente de R$ 6,10 e R$ 5,60 para os estudantes não beneficiados pelo PNAES. Cerca de 7 mil estudantes não apagam pela refeição no restaurante.
Em média, estudantes que não integram o Programa de Assistência Estudantil da instituição precisam desembolsar R$ 75,25 por semana para conseguir fazer três refeições.
Desde setembro de 2021, a empresa responsável por administrar o restaurante é a ISM Gomes de Mattos Eireli que ganhou a licitação. O preço para os usuários é definido pela resolução do CAD 27/2018 e está vinculado ao valor licitado. Confira abaixo a divisão:
- Para o grupo I (estudantes em vulnerabilidade socioeconômica) a universidade subsidia 100% do valor licitado.
- Para o grupo II, a universidade subsidia 60% do valor licitado.
- Já o grupo III, paga 100% do valor licitado.
Tabela de preços RU UnB*
Estudantes | Grupo servidores, terceirizados e visitantes | Restaurante Executivo | |
Desjejum | R$ 2,85 | R$ 7,05 | R$ 39,90 por quilo |
Almoço | R$ 6,10 | R$ 15,20 | R$ 39,90 por quilo |
Jantar | R$ 6,10 | R$ 15,20 | R$ 39,90 por quilo |
*Com informações da Resolução nº 27/2018 do CAD
O que diz os alunos
A estudante de matemática Isabela Venancio, 19, define os preços do RU como uma relação complicada. Ela revela que come algumas vezes na semana no restaurante. “A longo prazo, comer no restaurante acaba se tornando uma despesa considerável no orçamento da família do estudante no fim do mês. Apesar de tudo é a melhor opção, principalmente pelo valor nutricional”, diz.
Julia Lins, 21, graduanda em enfermagem, também frequenta o restaurante da universidade. Mesmo comendo esporadicamente no RU, a jovem se preocupa com os colegas que precisam fazer as três refeições todos os dias e não conseguem arcar com os custos. “Entre as comidas e lanches vendidos na UnB, ir para o RU é ter garantia que a refeição é mais completa. Além de sabermos a procedência dos alimentos e produção, ao contrário das marmitas vendidas no câmpus”, afirma.
A estudante de engenharia ambiental Letícia Vedder, 21, conta que trocou o restaurante universitário pelas marmitas de casa. Segundo ela, um dos motivos foi o aumento do preço, qualidade e diversidade das refeições. “Hoje, eu vou bem menos no RU. Já achava caro R$ 5,10. Agora, R$ 6,10 é um absurdo. Se pelo menos eles tivessem aumentado o preço e a qualidade, teria valido a pena. Não dá para comer frango quase todos os dias”, expõe.
O estudante de arquivologia, Thiago Felipe Silva, 22, almoça todos os dias na instituição. Ele opta pelo RU por conta do horário e vale mais a pena do que separar um marmita de casa todos os dias. “Não pesa mesmo com o reajuste, eu consigo comer todos os dias”, conta.