DIA DO ESTUDANTE

Estudantes de Brasília protestam contra Bolsonaro e cortes na educação

Ato em defesa da democracia e contra o sucateamento das universidades reúne centenas de manifestantes na Esplanada dos Ministérios

Diogo Albuquerque*
postado em 11/08/2022 17:09 / atualizado em 17/07/2023 11:17
Estudantes e secundaristas protestam contra governo e cortes na educação -  (crédito: Diogo Albuquerque)
Estudantes e secundaristas protestam contra governo e cortes na educação - (crédito: Diogo Albuquerque)

Em defesa da democracia e contra os cortes na educação, estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e secundaristas participaram, na tarde desta quinta-feira (11/08) de ato convocado por movimentos e entidades estudantis. A concentração teve início por volta de 15h, em frente ao Museu Nacional de Brasília. Às 16h, o grupo seguiu em passeata até o Congresso Nacional. Com a paralisação das atividades acadêmicas da UnB nesta quinta, docentes e servidores da instituição também estiveram presentes na manifestação, que ocorreu de forma pacífica, reunindo centenas de pessoas.

Os manifestantes começaram a se concentrar em frente ao Museu Nacional por volta das 14h30. Boa parte chegou em ônibus fretados pela Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Com forte policiamento, o grupo precisou deixar os mastros das bandeiras para seguirem em direção ao Congresso. Pelos cálculos da PM participaram cerca de 400 pessoas. Já a organização do ato contabilizou pelos menos 500 presentes. 

A passeata teve início às 16h e três das seis faixas foram bloqueadas. Os participantes gritavam palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro, como "Tira a tesoura da mão e investe na educação" e "Fora Bolsonaro". Algumas figuras políticas, como deputados e candidatos ao governo do DF também estiveram presentes no ato.

  • Rian Valadares
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  • Diogo Albuquerque
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A vice-presidente geral da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas no DF (Ubes-DF), Gabriela Sidrin, 16 anos, destacou a importância dos estudantes marcarem presença nas manifestações, principalmente contra os recentes cortes orçamentários promovidos pelo governo na pasta da educação. “A educação pública é atacada diariamente e vem sendo sucateada pelo governo. Os estudantes precisam lutar pelos seus direitos, mostrar sua insatisfação nas ruas”, disse.

Ela afirma que a Ubes tentou marcar reuniões com o Ministério da Educação por diversas vezes, desde dezembro de 2020, mas não obteve sucesso. “Com as eleições se aproximando, os jovens têm a chance de mudar esse cenário, de fazer a diferença. É preciso eleger um governo que dialogue com os estudantes”, ressaltou.

Monna Rodrigues, 21, coordenadora geral do DCE-UnB e do Centro Acadêmico de História da UnB (CAHis), lembra que o 11 de agosto é um dia histórico de mobilização dos estudantes. A data marca a morte do estudante Edson Luiz, que foi assassinado na ditadura. "Estamos na rua lutando contra um golpe que surge no horizonte. A derrota deste governo não vai ser só nas urnas, vai ser também nas ruas", disse.

 

Monna Rodrigues, 21, coordenadora geral do DCE-UnB, lembra que o 11 de agosto é um dia histórico de mobilização dos estudantes
Monna Rodrigues, 21, coordenadora geral do DCE-UnB, lembra que o 11 de agosto é um dia histórico de mobilização dos estudantes (foto: Diogo Albuquerque)

Ela afirma que os cortes na educação são um projeto de Bolsonaro, e que os estudantes precisam reagir com veemência. "Precisamos combater os cortes com toda nossa força, porque a universidade é um polo de resistência. O movimento estudantil não morreu e não vai morrer", defende.

Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 96/19), de autoria da deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), os cortes na educação são proibidos. Monna espera que haja um avanço e que a educação seja priorizada no próximo ano. E reforça a importância do voto consciente e da escolha de candidatos comprometidos com educação e o bem comum.

 

Edson Victor, 23, estudante de filosofia da UnB afirma que "se resistirmos à ditadura militar, também resistiremos ao bolsonarismo"
Edson Victor, 23, estudante de filosofia da UnB afirma que "se resistirmos à ditadura militar, também resistiremos ao bolsonarismo" (foto: Diogo Albuquerque)

Para o estudante de filosofia da UnB, Edson Victor, 23, que também participou do ato, é necessário, mais do que nunca, defender a universidade. "Estou no ato defendendo a minha universidade, minha formação acadêmica e a permanência estudantil, que vem sofrendo com os cortes orçamentários. Não temos dinheiro para gastos básicos com água e luz. Se resistirmos à ditadura militar, também resistiremos ao bolsonarismo", disse o membro do centro acadêmico de filosofia.

Balanço

Os atos em defesa da democracia, em resposta aos ataques do presidente Jair Bolsonaro contra as instituições democráticas, realizados em todo o país, reuniram milhares de pessoas agitarando bandeiras e erguendo faixas contra Bolsonaro. Alguns chegaram a se fantasiar de urnas eletrônicas. As dirigentes da Ubes e da União Nacional dos Estudantes (UNE), os atos simultâneos mostraram que o país está unido por mudança. 

"Durante o dia de hoje a mensagem é dita: em um país como o Brasil não pode haver mais espaço para autoritarismo", disse a presidente da UNE, Bruna Brelaz, durante o evento de apresentação da Carta pela democracia,  na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, que contou com a presença de juristas, personalidades e integrantes da sociedade civil. Brelaz pontuou que a entidade, em seus 85 anos completados nesta quinta-feira (11/8) tem em seu DNA o compromisso em lutar por um estado democrático de direito que atravesse o desafio da superação das desigualdades sociais econômicas.

"Somos os que, na história, lutamos contra o nazifascismo, resistimos à ditadura militar e mobilizamos milhares pela redemocratização do país. Somos filhos e filhas de Honestino Guimarães, Helerina Rezende e Edson Luís, que tombaram nas mãos dos ditadores. Não aceitamos as sanhas de uma nova tentativa de golpismo que flerta com o esgoto mais sombrio da nossa história. Para esses dizemos: ditadura nunca mais", disse Brelaz.

"O coração de estudante sonha em celebrar a democracia que constrói um Brasil de esperança, paz e soberania, livre do machismo, do racismo, da fome e do desemprego e que enxergue a educação como chave para o seu desenvolvimento. Acreditamos na potência do nosso povo e lutamos por felicidade. Essa é a mensagem de coragem dos estudantes que são como a força do rio Amazonas", completou a dirigente da Une, observando que as manifestações país afora mostraram que todos os setores da sociedade entendem que é preciso defender a democracia para o Brasil avançar.

"Foi lindo ver que milhares de estudantes secundaristas se organizaram nas suas escolas para estarem nesse dia nas ruas, Esse é um marco muito importante que demonstra o quanto eles estão comprometidos com a defesa dos seus direitos. Essa mobilização não retrocederá", disse Jade Beatriz, presidente da UBES.

*Estagiário sob a supervisão de Jáder Rezende

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