Com apenas 18 anos, o brasiliense Tomás Fontenelle Streit Fontana vai realizar um sonho de infância: estudar no exterior. O jovem foi selecionado para cursar biotecnologia na University of South Florida, oitava maior instituição de ensino superior dos Estados Unidos. Em agosto, o estudante já estará residindo no país do Tio Sam.
Ele conta que desde o início de sua vida escolar era fã da área de ciências biológicas, em particular da vida marinha, mas o interesse pela biotecnologia surgiu tanto pelas aulas da disciplina no ensino médio quanto pelo apreço pela tecnologia. O plano do jovem é atuar com foco na inovação na área da saúde. “Tenho muito interesse pelo desenvolvimento de vacinas e pela cura de doenças como a Aids e o Alzheimer”, diz.
“Com o passar dos anos, fica cada vez mais claro que a biotecnologia pode contribuir, e muito, para a saúde e, consequentemente, para a vida das pessoas. A vacina contra a covid-19 é um exemplo. Ela foi criada rapidamente por conta do uso de tecnologias junto com a biologia”, afirma.
Com a aproximação da temporada dos exames admissionais em instituições de ensino superior, Tomás se preparou para as provas nacionais, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e também para sua primeira opção, o vestibular da universidade estadunidense – que foi realizado em solo brasileiro. “Eu sabia que queria estudar na Flórida. Amo muito a cultura e a cidade. Então, me dediquei bastante para conseguir ser admitido”, afirma.
O estudante lembra que adquiriu o conhecimento necessário para a seleção na University of South Florida graças ao programa de high school, modelo educacional dos Estados Unidos, presente na grade curricular do Colégio Marista de Brasília, onde estudou.
O modelo é uma parceria do colégio com a Way American School, escola do Brasil que representa uma escola americana. Na high school, os alunos cursam as matérias que são obrigatórias na grade do ensino médio estadunidense: United States History (História dos Estados Unidos), Civics (Estudos Sociais), Economics (Economia) e English (Inglês), a partir do 9º ano do ensino fundamental até os três anos do ensino médio – ele começou cedo devido a duração de 4 anos do high school tradicional.
As disciplinas consideradas equivalentes em ambas as bases curriculares de ensino são validadas, ou seja, o aluno não precisa refazê-las em inglês. As matérias extras são ministradas no contraturno duas vezes na semana, com a presença remota de um professor norte-americano e com o auxílio de um professor brasileiro, sempre conversando em inglês para integrar o processo de intermediação. Porém, a avaliação fica a cargo do estrangeiro.
Essa dupla certificação — diploma de ensino médio nacional e estadunidense —, de acordo com a professora Luciana Drumond, coordenadora de internacionalização do colégio, facilita o ingresso de estudantes brasileiros em universidades dos Estados Unidos, em competição de vagas em pé de igualdade. "Elas se aplicam para qualquer universidade americana. Assim como cidadãos nativos, nascidos e habitantes do país. Eles não entram correndo atrás dos 'restos' das vagas”, diz Drumond. “Com o diploma, o aluno compete como se fosse um estudante americano”, completa.
Além disso, destaca Drumond, o high school é uma oportunidade para os alunos colocarem em prática o inglês em um ambiente genuíno, sem criações de cenários e situações.
Segundo a professora, o fato de o ensino do Brasil ainda ser conteudista dá uma certa vantagem no Scholastic Aptitude Test (SAT) — uma espécie de Enem — aos estudantes brasileiros que sonham em estudar nos Estados Unidos. ”Todos os nossos alunos que fizeram essa prova tiraram notas acima da média em relação aos americanos. Então, academicamente falando, nossos alunos [brasileiros] estão mais preparados para as universidades”, diz.
A notificação na caixa de entrada do e-mail da universidade, segundo Fontana, foi uma grata surpresa. “No começo eu fiquei em choque, a ficha ainda não tinha caído. Foi inesperado porque não tinha uma data específica para o envio da carta de aprovação”, relata.
Em um mês, o jovem brasiliense embarca para os Estados Unidos. Nos próximos dias, ele pretende aproveitar a companhia de amigos e parentes. “Quem sabe a gente faz um churrasco de despedida”, brinca.
*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende