Os alunos indígenas da Universidade de Brasília (UnB) marcaram presença no ‘Ato pela Terra e contra o pacote da destruição", evento encabeçado pelo cantor e compositor Caetano Veloso ocorrido na última quarta-feira (9) em frente ao Congresso Nacional. A participação em manifestações não é novidade para eles, mas a presença de outros “coletivos” reforçou a importância de algumas pautas defendidas desde 2006.
Os estudantes conheceram o movimento por meio das redes sociais relacionadas ao Movimento Indígena e grupos de WhatsApp. Os estudantes se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Ministério da Economia, para ir em conjunto para o ato. Além de continuar utilizando máscara, eles evitaram permanecer em locais aglomerados.
A presença no ato foi marcada por uma ação feita em colaboração com a Organização não Governamental (ONG) Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Em conjunto, os grupos elaboraram uma performance para simbolizar o cuidado do Cerrado e corpos hídricos, a atividade foi dividida entre: a árvore representando o bioma do Cerrado, o pingo d'água nas mãos, representando os corpos de água, e as cantorias.
Nayra Kaxuyana, 23 anos, presidente da Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (AAIUnB), conta que a movimentação não foi apenas para protestar contra o Projeto de Lei 191/2020 (PL), que modifica a atual legislação e legaliza a exploração mineral de terras indígenas na Amazônia. “Colocamos nossos rostos e corpos individuais em qualquer pauta”, reforça Nayra. Ela reitera que os estudantes reconhecem o que vai afetar a “nossa terra” no final.
De acordo com o grupo, essa ação serviu para alertar a população em relação ao debate das consequências ambientais que outros ecossistemas brasileiros sofrem periodicamente, com o desmatamento, mineração e expansão agropecuária.
A presidente da AAIUnB compartilha que eles se surpreenderam positivamente com a participação de “outros coletivos” lutando lado a lado com eles, em um ato que tem pautas diretamente relacionadas à eles. “Geralmente, a gente puxa [as manifestações] , nos sentíamos muito sozinhos, no máximo um ou dois grupos diferentes participavam”, afirma.
Nayra diz que o grupo participa da maioria das manifestações, o único pré-requisito é que a pauta esteja ligada de alguma forma a vivência indigena ou educação. Atos como “Luta pela Vida”, “Marcha das Mulheres” e “Luta pela Terra” contaram com a participação do coletivo.
Outra iniciativa coordenada pelo grupo foi o 1º Fórum Nacional de Ensino Superior Indígena-Quilombola, projeto que marcou o encontro entre os grupos para debater as pautas defendidas em ambos os grupos de estudantes.