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Estudantes de medicina da UnB reivindicam aulas presenciais

Maior queixa dos estudantes é em relação ao curso demandar alta prática, e em meio à pandemia, essa preparação não pode ocorrer. Alunos se sentem prejudicados

Ana Luisa Araujo
postado em 19/01/2022 10:36 / atualizado em 19/01/2022 19:58
 (crédito: Ascom UnB)
(crédito: Ascom UnB)

A Assembleia Geral dos estudantes do Centro Acadêmico Professor Gilberto de Freitas, órgão representativo dos estudante de medicina da Universidade de Brasília (UnB) realizada no dia, deliberou uma paralisação nesta quarta-feira (19) em razão do novo adiamento do início das aulas presenciais em modalidade práticas na Faculdade de Medicina.

"Queremos a revisão semanal da possibilidade de retomarmos realmente ocorra e ocorra de maneira efetiva priorizando a nossa retomada, além disso nossa segunda demanda é a formulação de um plano modelo para guiar o internato de medicina", afirma César Lima, presidente do Camed. 

Segundo carta preparada pelo Camed, os estudantes, inclusive que moram em outros estado, haviam feito planejamento prévio e se preparado para esse momento, que novamente foi adiado. De acordo com o texto, diversos outros cursos da saúde da UnB manterão as suas atividades práticas, o que deixa os estudantes de medicina insatisfeitos, "já que prestamos assistência diretamente à nossa população".

"Apesar de respeitarmos as decisões tomadas pela Direção da FM e entendermos o cenário epidemiológico preocupante do Distrito Federal, com aumento dos casos de covid-19, transmissão comunitária da variante ômicron e epidemia de influenza; reconhecemos também que o momento na pandemia é diferente daquele que vivíamos há um ano que impedia as nossas atividades presenciais: o quadro vacinal da maioria dos estudantes está completo, inclusive com dose de reforço, o que minimiza as chances de agravamento caso adquiram a infecção", diz os estudantes em texto. 

Para além disso, o Camed indica que no terceiro ano de ensino remoto, "muitas turmas tiveram apenas
aulas nesse modelo, muitas estão atravessando o ciclo clínico sem ter aulas práticas. A medicina não pode se fazer atrás de um computador e até o momento não temos noção do quanto nós estudantes estamos sendo prejudicados e de qual será o impacto dessa perda de atividades práticas no futuro e na assistência aos nossos pacientes".


A carta elencou diversos motivos pelos quais a manifestação ocorre:
- Lentidão no processo de retorno presencial e de aulas práticas – queremos a garantia que serão elaborados planos de aprendizado das disciplinas, prevendo a realização de atividades práticas;
- Perda e falta de cenários para o internato, com esvaziamento deles na região Leste e ocupação por outras escolas médicas do DF – exigimos que sejam assegurados cenários estáveis e perenes para nosso estágio obrigatório;
- Descaso da coordenação com os pedidos de organização do calendário, adiamento de reuniões, termo de outorga e outras solicitações do internato;
- Falta de corpo docente no eixo de MFC.
Frente às problemáticas, adotamos a medida supracitada, a qual foi considerada na Assembleia Geral dos estudantes. Deixamos claro que estamos abertos para o diálogo e acordos para melhor construir nossa Universidade com qualidade. Após nossa paralisação realizaremos nova assembleia para deliberação dos rumos do nosso movimento.

Confira a carta na íntegra

Estimados,
O Centro Acadêmico Professor Gilberto de Freitas, órgão representativo dos estudantes de Medicina da Universidade de Brasília, vem por meio desta vos informar publicamente, que após Assembleia Geral dos estudantes realizada no dia 14/01(sexta-feira) foi deliberada uma Paralisação Estudantil, a qual ocorrerá no dia 19/01 (quarta-feira), aliado a um Ato Estudantil, que ocorrerá no mesmo dia.

O CAMED vem acompanhando de perto e participando ativamente das discussões acerca da retomada de atividades desde o início da pandemia e trazendo diversas questões para o debate. Entretanto, na última semana houve a decisão de que a FM suspenderia as atividades e reavaliaria as condições sanitárias semanalmente para realizar o retorno.

Considerando o anseio estudantil por essas atividades e o planejamento prévio, inclusive daqueles estudantes que moram fora do DF e vinham se organizando há meses para ter as atividades, essa decisão gerou grande mobilização, sentimento de frustração, incerteza e descontentamento por parte do corpo discente, que vem cada vez mais manifestando indignação diante da postura adotada pela
Coordenação e Direção da FM. Diversos outros cursos da saúde da UnB manterão as suas atividades práticas, o que nos deixa com profunda insatisfação já que prestamos assistência diretamente à nossa população.

Apesar de respeitarmos as decisões tomadas pela Direção da FM e entendermos o cenário epidemiológico preocupante do Distrito Federal, com aumento dos casos de COVID-19, transmissão comunitária da variante ômicron e epidemia de influenza; reconhecemos também que o momento na pandemia é diferente daquele que vivíamos há um ano que impedia as nossas atividades presenciais: o quadro vacinal da maioria dos estudantes está completo, inclusive com dose de reforço, o que minimiza as chances de agravamento caso adquiram a infecção. Ademais, o uso de máscara adequada e medidas de higiene aliado ao esquema vacinal completo reduz consideravelmente
as chances de adquirir qualquer infecção.

Estamos chegando no terceiro ano de ensino remoto, muitas turmas tiveram apenas aulas nesse modelo, muitas estão atravessando o ciclo clínico sem ter aulas práticas. A medicina não pode se fazer atrás de um computador e até o momento não temos noção do quanto nós estudantes estamos sendo prejudicados e de qual será o impacto dessa perda de atividades práticas no futuro e na assistência aos
nossos pacientes. Diversos alunos já entraram no internato sem reposição de aulas práticas perdidas e nem mesmo foi feito um plano de reposição por parte da FM. Com a ausência de acadêmicos nos cenários da Região Leste e no HUB, durante toda a pandemia, vimos estudantes de outras faculdades ocupando os nossos espaços que conquistamos com suor e luta.

O Internato, fase final da faculdade de Medicina, é o momento em que os alunos realmente vivenciam o dia-a-dia do médico. Considerando a importância de serem formados estudantes que saibam atuar no Sistema Único de Saúde, o qual tem como base a Atenção Primária à Saúde, é inadmissível que o eixo que envolve a Medicina de Família e Comunidade esteja, nesse ponto de implantação do currículo novo,
esvaziado. Trazemos essa consideração nesta carta, pois este é o Eixo que vem sendo cada vez mais sobrecarregado dentro da faculdade e ainda assim o que mais escuta as reivindicações estudantis.

A falta de comunicação com os discentes evidenciou que nem mesmo fomos informados das alterações no 12° semestre, as quais foram publicadas no site da Faculdade de Medicina sem maior alarde. Desde o início da pandemia já havíamos alertado quanto ao possível choque de turmas no internato e apesar das solicitações de organização do calendário, as deliberações têm sido frequentemente adiadas ou deixadas de lado pela coordenação. A Universidade de Brasília, da qual somos discentes, formará 3 turmas até o mês de fevereiro de 2023, e a Faculdade de Medicina tem como previsão a formação de somente uma turma neste mesmo período. Mesmo após a decisão de regularização do calendário pelo CEPE, em Dezembro, não foi anunciada nenhuma previsão de regularização de calendário.

Com 6 Faculdades de Medicina no Distrito Federal, tornou-se fundamental que sejam ocupados os espaços aos quais temos direito.

Entretanto, a turma recém-formada, 103, não realizou o estágio do SAMU, e a turma 104 foi impossibilitada por um período de transitar no Instituto Hospital de Base do Distrito Federal, por falhas de comunicação entre as Coordenações locais. Além disso, a turma 104 somente poderá, mesmo com preceptoria no local, ter duas manhãs na semana no Pronto-Socorro de Pediatria do Hospital da Região da Leste, devido a questões administrativas. Necessitamos de cenários perenes, que tenham nossa presença solidificada, que nos permitam transitar da Atenção Básica a Atenção Especializada, para que enfim possa ser implantado o que o novo currículo da Medicina da Universidade de Brasília preconiza.

Dito isto, elencamos as seguintes pautas que irão direcionar nossa manifestação:

- Lentidão no processo de retorno presencial e de aulas práticas – queremos a garantia que serão elaborados planos de aprendizado das disciplinas, prevendo a realização de atividades práticas;

- Perda e falta de cenários para o internato, com esvaziamento deles na região Leste e ocupação por outras escolas médicas do DF – exigimos que sejam assegurados cenários estáveis e perenes para nosso estágio obrigatório;

- Descaso da coordenação com os pedidos de organização do calendário, adiamento de reuniões, termo de outorga e outras solicitações do internato;

- Falta de corpo docente no eixo de MFC.


Frente às problemáticas, adotamos a medida supracitada, a qual foi considerada na Assembleia Geral dos estudantes. Deixamos claro que estamos abertos para o diálogo e acordos para melhor construir nossa Universidade com qualidade. Após nossa paralisação realizaremos nova assembleia para deliberação dos rumos do nosso movimento.

Cordialmente,

Centro Acadêmico de Medicina Prof. Gilberto de Freitas, Gestão Florescer

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