O Distrito Federal acompanha um aumento exponencial dos casos de infecções respiratórias, mas algumas instituições de ensino superior se preparam para voltar às aulas presenciais, com todos os cuidados necessários. É o caso da Universidade de Brasília (UnB), que anunciou o retorno gradual das atividades acadêmicas a partir de segunda-feira (17/1), com prioridade para disciplinas práticas, que precisam ocorrer nos campi, além das matérias necessárias a estudantes perto de se graduar.
A previsão de retorno consta na etapa 2 do Plano Geral de Retomada das Atividades Presenciais, elaborado pelo Comitê de Coordenação das Ações de Recuperação (Ccar) da universidade e com atualização mais recente divulgada em junho. O texto detalha que essa fase consiste no exercício das funções administrativas essenciais no câmpus, bem como na retomada gradual daquelas essenciais ao exercício das atividades acadêmicas.
A UnB calcula que, do total de turmas oferecidas neste semestre letivo, cerca de 15% devem contar com "algum elemento de presencialidade". Além disso, a universidade informou que cada faculdade teve autonomia para decidir sobre a volta às salas de aula e que, caso alguma turma tenha optado pelo formato remoto, não poderá mudar para o regime presencial até o fim do semestre. A possibilidade vale apenas para o caminho inverso: aquelas com atividades nos campi desde o início do ano e pretendem migrar para o formato virtual.
De forma antecipada, a Faculdade de Medicina da UnB divulgou um ato, assinado pelo diretor do departamento, Gustavo Adolfo Sierra Romero, para suspender as atividades presenciais de todas as áreas do curso que receberam aprovação para retomada. O professor afirma ser "evidente o crescimento exponencial do número de casos da infecção (covid-19) no Distrito Federal". O documento veta qualquer tipo de aula no câmpus, incluindo atividades de avaliação, e acrescenta que a decisão "será revisada com periodicidade semanal".
Estudante do sexto semestre de engenharia de produção na UnB, Thiago Veleci, 20 anos, disse concordar em partes com a decisão do retorno gradual das atividades. Ele argumenta que, apesar dos "excelentes números da vacinação contra a covid-19 no DF, o cenário sanitário das últimas semanas tem levantado questionamentos". O estudante se matriculou em turmas híbridas — com encontros on-line e presenciais — e ficou surpreso ao saber que algumas disciplinas optaram pela aplicação de avaliações no câmpus.
"Particularmente, optei por turmas on-line, mas fui surpreendido com algumas que optaram por provas presenciais. Para mim, o problema foi a falta de padronização entre os departamentos. Não gostei muito dessa dinâmica, porque ela pode ser prejudicial para os alunos, por desconsiderar quem mora fora do DF e terá de viajar a Brasília só para fazer os testes, em datas isoladas ou para atividades esporádicas, que, talvez, não sejam marcadas com tanta antecedência", opina Thiago.
Em nota, a UnB informou que, para dar início à etapa, disponibilizou mais de 1,1 mil totens e frascos com álcool em gel em todos os campi; instalou bebedouros que funcionam por aproximação; e trocou as torneiras dos sanitários; distribuiu placas e cartazes com orientações; e comunicou que as salas de aula com turmas presenciais estão "completamente adequadas para o uso", com ventilação e distanciamento adequados para garantia da segurança sanitária.
Em relação ao comprovante de vacinação, a instituição de ensino superior afirmou que o documento é exigido para acesso ao Restaurante Universitário e à Biblioteca Central, no câmpus da Asa Norte, e que, assim como na gestão das turmas, cada faculdade terá autonomia para cobrar ou não o certificado dos estudantes que terão aulas presenciais.