EDUCAÇÃO

Após erro em edital, estudantes da UFRPE fazem vaquinha para estudar na França

Diário de Pernambuco
postado em 27/10/2021 21:32 / atualizado em 27/10/2021 21:32
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

Em abril de 2020, as estudantes de Economia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Jacielle Lima (21) e Sabrina Araújo (28) receberam a notícia de que tinham sido selecionadas no Programa CAPES-BRAFAGRI em primeiro e segundo lugar para embarcar em um intercâmbio na França. A mobilidade seria em setembro de 2020, mas, devido à pandemia, o intercâmbio foi adiado por um ano. Enquanto as estudantes se preparavam para a experiência, receberam a notícia que não seriam contempladas com as bolsas em junho de 2021.

Após mobilizações de Jacielle e Sabrina, o órgão justificou o corte afirmando que o edital não contempla o curso das candidatas. Porém, a Diretora do Núcleo de Internacionalização da UFRPE, Rita de Cássia, enviou um ofício registrando estudantes de economia da instituição que participaram das edições anteriores do programa e ainda assim não obteve resposta ou amparo da CAPES.

“A gente cumpriu todos os requisitos, passamos com margem, e aqui estamos, sem apoio do governo e ignoradas pela justiça. Mas lutamos diariamente e vamos provar que é a educação que mudará este país”, afirma Jacielle.

Mesmo com o corte no edital, a universidade francesa Montpellier SupAgro informou que poderia receber as estudantes para o intercâmbio em janeiro de 2022. Jacielle e Sabrina decidiram não desistir do sonho: criaram um perfil no instagram (@economianafranca) para divulgar a história e buscar apoio financeiro para conseguir o visto.

Sem a bolsa, elas precisam comprovar renda para tirar o visto. Entre os documentos necessários, é solicitado uma declaração de financiamento parental ou de autofinanciamento de € 615 mensais. Como a universidade francesa ofertou um semestre, é preciso comprovar essa renda (€ 615 x 6) e arcar com passagens, visto e tradução de documentos. Por isso, a meta é R$ 25.000 para cada, totalizando R$ 50.000 na vaquinha.

Para acrescentar no valor da vaquinha, as estudantes vendem feijoada e sarapatel aos finais de semana e fizeram um bazar de roupas. Outro meio de arrecadação são as rifas, que já lançaram três. Quando possível, também vendem água na praia. Uma professora de microeconomia da UFRPE chegou a doar móveis para Jacielle e Sabrina venderem e alavancar o recebimento.

Sabrina mantém as esperanças de realizar o sonho: “A experiência de vida no exterior será muito enriquecedora do ponto de vista pessoal, pois aprenderei a lidar com o inesperado e a descobrir outras formas de pensar, estudar e trabalhar. Sem contar que, no meu retorno ao Brasil, poderei implementar estas novas competências, contribuindo assim para o desenvolvimento do meu país”.

“Batalhamos muito, estudávamos francês pela manhã, seguíamos para o trabalho e à noite tínhamos aula na UFRPE. Foi um sonho que batalhamos juntas e passar também juntas marcou muito e valeu muito a pena cada esforço e noites mal dormidas”, acrescenta Jacielle sobre todo o processo que fizeram as duas passarem juntas no programa.

Procurada pela reportagem, a CAPES reitera que “as estudantes citadas não tiveram as bolsas cortadas, pois as mesmas não tiveram as suas candidaturas homologadas. A seleção interna da universidade trata-se de apenas uma das etapas para aprovação da candidatura. No caso das estudantes, elas não atenderam aos critérios do edital da CAPES, portanto, não passaram por todas as etapas do processo”.

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Pix: economianafranca@gmail.com
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titular: Sabrina Araújodiario
Link da vakinha: vaka.me/2332346

Nota da Capes


O programa CAPES-BRAFAGRI, em cooperação com a França, seleciona projetos de parcerias universitárias nas áreas de ciências agronômicas, agroalimentares e veterinária, disciplinas correlatas. Portanto, os estudantes selecionados pelas universidades precisam estar matriculados em cursos das áreas referidas para atender aos critérios elegíveis do edital do programa, o que não é o caso das estudantes mencionadas.

A CAPES esclarece que as estudantes citadas não tiveram as bolsas cortadas, pois as mesmas não tiveram as suas candidaturas homologadas. A seleção interna da universidade trata-se de apenas uma das etapas para aprovação da candidatura. No caso das estudantes, elas não atenderam aos critérios do edital da CAPES, portanto, não passaram por todas as etapas do processo.

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