Uma das maiores referências mundiais em neurociência, o médico brasileiro Miguel Nicolelis se aposentou da carreira de professor para se dedicar à liderança de um projeto de colaboração internacional com foco em aplicar e disseminar as próprias terapias para tratar diferentes doenças cerebrais. Recentemente, o neurocientista tem ganhado destaque ao fazer projeções da pandemia no Brasil que, mais tarde, vieram a se confirmar.
A estimativa de atingir 500 mil mortes em junho se confirmou, como ele havia previsto em março. Mais recentemente, ele calculou que o número de brasileiros que morrerão pela covid-19 vai ultrapassar o dos Estados Unidos que, atualmente, soma 606,4 mil óbitos, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.
Nicolelis passou quase 40 anos se dedicando à vida acadêmica, sendo 27 deles como professor e pesquisador da Duke University, na Carolina do Norte (EUA). No último dia 30, ele se aposentou, tornando-se professor emérito do Departamento de Neurobiologia da faculdade de medicina da universidade.
A universidade prestou homenagens a Nicolelis, fazendo um apanhado da trajetória como docente, mentor, pesquisador e premiado neurocientista. "Em qualquer medida, Miguel teve uma carreira científica espetacular com muitas descobertas importantes", resumiu a homenagem.
O médico iniciou a carreira na Duke University como professor assistente em 1994 e se tornou titular em 2001. Foi fundador e diretor do Centro de Neuroengenharia da instituição e ganhou importantes prêmios como o National Institutes of Health Director's Pioneer Award, em 2010.
Entre as conquistas mais notórias, está a descoberta da linguagem dos neurônios, de forma a conseguir transformar impulsos elétricos em comandos entendidos por computadores. Nomeada de "interface cérebro-máquina", a tecnologia usada para auxiliar, aumentar ou reparar funções cognitivas, motoras e sensoriais.
Na conta de Nicolelis, há, até o momento, 219 artigos acadêmicos publicados em várias revistas científicas. Além de prosseguir com as pesquisas, agora o médico dará seguimento a seus projetos no Brasil, bem como à carreira literária, com o lançamento do primeiro livro de ficção científica em 2022.