Cinco estudantes de engenharia aeroespacial do câmpus Gama da Universidade de Brasília (UnB) foram convidados para participar do 72º Congresso Internacional de Astronáutica (IAC, na sigla em inglês), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Entre 25 e 29 de outubro, Mateus Sant’Ana, 23 anos, Pedro Henrique dos Santos, 21, Renato de Brito, 24, Tiago Rodrigues, 24, e Maurício Sá Gontijo, 24, vão expor trabalhos sobre plataforma de testes para propulsão de motores de foguetes e estruturas aeroespaciais de satélites em modelos 3D. A UnB, com seis projetos, é a universidade brasileira com mais trabalhos aceitos para o evento. Ao todo, 25 instituições do Brasil vão participar do IAC.
O congresso, organizado pela Federação Internacional Astronáutica (IAF, na sigla em inglês), é o maior evento da área espacial do mundo e reúne mais de 6 mil pessoas anualmente, entre as quais estão os maiores nomes do setor, como cientistas, pesquisadores, engenheiros, agências governamentais, estudantes, jovens profissionais, políticos, astronautas e empresários. No ano passado, o IAC — que inclui programa de palestras e discussões, projeto técnico, fórum de contatos empresariais e exibições — foi realizado, pela primeira vez, de maneira remota, por conta da pandemia da covid-19. Em 2000, o Rio de Janeiro foi a única sede brasileira do congresso. Em 2022, a capital francesa, Paris, deve receber o evento.
O grupo formado por Mateus, Pedro, Renato, Tiago e Maurício vem desenvolvendo pesquisas na área há, pelo menos, três anos e são orientados por dois professores, das disciplinas de propulsão, termodinâmica e estruturas.
Projetos
Os dois artigos do grupo foram submetidos ao congresso em 5 de março e aceitos em 30 de abril. O trabalho sobre propulsão de motores envolve estudos que podem aperfeiçoar a maneira como a testagem dos sistemas é feita atualmente por pesquisadores e profissionais da área. “É uma proposta de bancada vertical de testes para obter resultados sobre o funcionamento dos motores. Estamos propondo melhorias na infraestrutura dos materiais usados nos testes. Essa estrutura é a mesma utilizada no mundo todo na testagem de motores de foguetes”, explica Renato de Brito. “Participar do evento vai ser muito importante, ainda mais pelo fato de sermos alunos de graduação. A maioria das pessoas com trabalhos aceitos no congresso são engenheiros formados, doutores e professores. Mostra que nosso trabalho é bem-feito e de alto nível. É o maior congresso e é internacional, então vamos ter muito contato com empresas da área e fazer importantes conexões e contatos com o mercado”, destaca o morador de Ceilândia Norte.
O segundo trabalho que o grupo vai apresentar no congresso diz respeito à aplicação de satélites. “Desenvolvemos um modelo que usa impressão em 3D e otimiza as estruturas usadas nos satélites, chamadas de painéis sanduíches. O objetivo é torná-las mais leves e mais resistentes. Além da fabricação, elaboramos os ensaios mecânicos para validar nosso trabalho e comparar com as simulações”, descreve Mateus Sant’Ana. “É muito gratificante termos sido aceitos. Essa participação pode abrir muitas portas e é uma grande chance de criar outras oportunidades, não só para nós, mas para a UnB, como um todo”, avalia o morador de Ceilândia Sul.
Um dos coordenadores dos projetos é Manuel Barcelos, professor de engenharia aeroespacial e vice-diretor do campus do Gama da UnB. O docente orienta o trabalho sobre as estruturas dos satélites e concorda com os alunos em relação ao nível de formação. “Normalmente, esse congresso tem mais trabalhos de pós-graduação, mas eles são muito interessados e dedicados. Com a transformação dos projetos em artigos para a submissão no evento, a proposta é divulgar para a comunidade científica o que estamos fazendo”, observa Manuel. Mesmo com a campanha de arrecadação, o professor vem tentando levantar recursos para a ida ao IAC por meio de agências governamentais. “É muito difícil ter editais com recursos financeiros para alunos de graduação. A divulgação é benéfica para eles, ainda que o valor necessário não seja arrecadado, porque pode chamar a atenção para outras oportunidades, inclusive de emprego”, destaca o pesquisador, ressaltando que os alunos vão usar o dinheiro arrecadado para doar cestas básicas, caso a vaquinha não atinja o objetivo.
Recursos
Para arcar com os custos da participação no congresso internacional, os estudantes pretendem juntar entre R$ 38 mil e R$ 40 mil. O valor envolve hospedagem, alimentação, transporte e pagamento das taxas de inscrição no evento para os cinco membros. “Os projetos de graduação têm mais restrições para patrocínio de projetos e fomento de pesquisas. As passagens para Dubai são os itens mais caros”, explica Mateus. Renato concorda com o colega e alega que não têm acesso à destinação de verbas, porque não são formados ainda. “E, mesmo assim, fomos selecionados”, completa. Até o fechamento desta edição, o grupo tinha conseguido arrecadar R$ 940.
Ajude
Para contribuir com a viagem dos estudantes para o congresso em Dubai
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