Conquista

Estudante goiana é aprovada em quatro universidades estadunidenses

Maria Júlia, de 17 anos, se mobiliza para conseguir dinheiro para bancar os custos da mudança. Ela pretende estudar ciências sociais na Minerva Schools

Gabriella Castro*
postado em 07/05/2021 20:10 / atualizado em 07/05/2021 20:42
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

Quando Maria Júlia Castro, 17 anos, abriu o site da Minerva Schools, universidade de São Francisco, Califórnia, demorou para acreditar que havia sido aprovada na instituição dos sonhos. Natural de Caldas Novas (GO) e atualmente residente em Goiânia, ela tinha o sonho de estudar fora do país desde que participou da etapa nacional da Olimpíada Brasileira de Robótica, em 2014.


Agora, Maju procura meios de viabilizar financeiramente parte da mensalidade e as despesas da moradia. A estudante já se inscreveu em bolsas da Associação de Estudantes Brasileiros (Brasa) e do Programa de Líderes Estudar. Ela também criou uma vaquinha e uma campanha na internet para auxiliar no financiamento.


Além da universidade de São Francisco, na qual ganhou bolsa de 80%, a goiana passou em mais três instituições de ensino superior estadunidenses. Foram essas a Davidson College, em Davidson, na Carolina do Norte; University of Notre Dame, em Notre Dame, Indiana e University of Wisconsin, em Madison, Wisconsin.


A liberdade para escolher disciplinas de várias áreas do conhecimento fizeram com que Maju escolhesse a universidade de Minerva, ela explica que sempre foi uma aluna interessada em diversas disciplinas. “Eu gostava muito de estudar e eu não conseguia ver uma área específica para me comprometer”, conta.


Outro motivo foi a pluralidade cultural que vai encontrar na universidade. A Minerva Schools é conhecida por ser uma instituição com 90% de estudantes estrangeiros, o que Maria Júlia acredita ser um ponto positivo para a formação profissional e como indivíduo. “Eu vejo a faculdade muito como um degrau para me construir como profissional e chegar no que realmente é meu sonho, impactar o Brasil e trazer mudanças através de políticas públicas”, explica. Para atingir esse objetivo, a jovem pretende seguir carreira na área de ciências sociais.

Trabalhos sociais foram determinantes para a escolha 


Com o sonho de impactar e trazer melhorias para a vida de outras pessoas, a menina se envolve em trabalhos voluntários. Ela conta que na escola onde estudava em Caldas Novas havia estímulo a ações voluntárias e gincanas solidárias.


Ao chegar em Goiânia, onde foi morar aos 13 anos para estudar, ela resolveu dar continuidade a esses projetos. “Eu sei que eu venho de um meio de muito privilégio, estudava na escola particular e tinha pessoas ali ao meu redor que podiam ajudar bastante”, comenta.


Maria Júlia, então, criou uma organização na escola onde estudava chamada Comissão de Voluntariado. O intuito era organizar uma frente estudantil para fazer doações e ajudar projetos de relevância para a comunidade desfavorecida.


Segundo ela, o projeto foi fundamental para a escolha da carreira que quer seguir. Antes, pensava em cursar engenharia mecatrônica. “Eu vejo as políticas públicas como uma forma de trazer um impacto que a tecnologia não me traz”, explica.


Pessoas que abraçam sonhos


“Eu cheguei na frente dos meus pais com um sonho muito doido, que desde o começo eles já me contaram que ia ser difícil para a gente conseguir”, recorda a estudante sobre a reação deles. Ela afirma que a principal dificuldade seria conseguir bolsa de estudos, pois a família não tem condições de financiar.


Mesmo assim, eles apoiaram e participaram de todo o processo junto com a filha. “Meus pais sempre foram muito de abraçar meus sonhos, então eles queriam fazer junto comigo”, recorda. “Eu não sei o que eu ia fazer se um dia meus pais tivessem dito para eu não ir atrás, acho que provavelmente eu não teria chegado onde eu cheguei”.


Além dela, outro membro da família decidiu se aventurar em um sonho da educação. A mãe de Maju recentemente voltou para a faculdade e cursa psicologia.


Dicas para quem deseja estudar no exterior


Uma dificuldade encontrada por diversos estudantes que desejam estudar no exterior é entender como funciona o processo de admissão. Maria Júlia afirma que um ponto crucial para que conseguisse alcançar o sonho foi entrar para o processo de mentoria Prep Estudar Fora, da Fundação Estudar.


Para quem compartilha do mesmo objetivo de fazer graduação fora do país, ela dá três dicas: A primeira delas é procurar pessoas que tenham objetivos semelhantes e ter um grupo de apoio. “É um período de extrema ansiedade que você precisa compartilhar com pessoas que entendem o que você está passando”, afirma.


Ela também aconselha a pedir ajuda de profissionais e não seguir sozinho nesta jornada para a aprovação. Ela cita os projetos de mentoria, que afirma serem de grande ajuda.


“O mais importante é não desistir porque vai ser complicado, mas você tem que manter em mente o seu sonho”, avisa.

 

*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo

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