Estudantes de farmácia da Universidade de Brasília, câmpus Darcy Ribeiro, denunciaram o Departamento do curso. De acordo com os alunos, as denúncias e constantes reclamações são em razão do impedimento de fazer o estágio obrigatório, matéria essencial para a conclusão da graduação.
A UnB deixou a cargo de cada Departamento a escolha de ofertar, ou não, os estágios obrigatórios presenciais. Os alunos do Câmpus Darcy Ribeiro (Asa Norte) questionam a decisão e entendem a suspensão como infundada e prejudicial para o prosseguimento da graduação. Em contrapartida, o Departamento de Farmácia do câmpus de Ceilândia autorizou o prosseguimento da disciplina.
Em resposta ao Eu, Estudante, a professora Dâmares Silveira, coordenadora da graduação do período noturno, disse que os estágios obrigatórios estão suspensos devido à pandemia e que os alunos estão autorizados a fazer estágios extracurriculares. Após avaliação, essas atividades podem ser aproveitadas.
Para estudantes na fase final do curso, a possibilidade de ingressar em estágio extracurricular não resolve o problema, pois empresas não têm interesse na contratação de estagiários prestes a se formar. Dessa forma, não conseguem estágio e não podem concluir o curso. De acordo com os graduandos, são cerca de 180 alunos em situação parecida.
Natália Silva* está no 12º semestre e espera, há um ano, a possibilidade de fazer o estágio obrigatório para se formar. Ela já finalizou todas as disciplinas e não consegue entrar no mercado de trabalho. “Eu sou da periferia e preciso me formar porque preciso ajudar minha mãe”, diz.
Ela passou por processos seletivos, mas não foi aceita em nenhum. “A indústria não quer ter esse gasto”, conta. Além disso, Natália perdeu oportunidades de emprego por não saber quando terminará a graduação. “A gente não pode passar essa garantia porque não sabemos quando vamos formar”.
Fernanda Cunha* também está no 12º semestre e precisa iniciar o estágio obrigatório. Para ela, a proibição de estagiar prejudica não apenas a formação profissional, mas também os esforços para combater o coronavírus.
“Nós somos profissionais da saúde e, nesse cenário que a gente se encontra, cada vez mais está se mostrando o papel e a importância do profissional farmacêutico”, observa. Entre as atuações do farmacêutico, estão a produção de vacinas, possíveis medicamentos, análises clínicas em laboratórios e atuação em drogarias.
“Essa deliberação do Departamento é muito prejudicial não só pra gente, mas também para toda a sociedade porque são novos profissionais que poderiam estar no campo atuando”, afirma.
Amanda Ferreira* está no oitavo semestre do curso. Atualmente, cursa cinco matérias e sente falta do estágio obrigatório. “Eu estou com muito medo porque vai me atrasar mais de um ano e meio”, explica.
Resposta do Departamento de Farmácia
Após denúncias ao Ministério Público e Conselho Regional de Farmácia (CRF), os estudantes de farmácia da Asa Norte tiveram reunião on-line com o departamento do curso. Eles contam que foram repreendidos pela movimentação em busca da liberação dos estágios. “Disseram que isso era uma vergonha para a UnB”, conta Amanda.
Segundo o Departamento, ainda não há previsão para o retorno das atividades. “Os esforços do Departamento de Farmácia têm sido focados em assegurar a proteção aos alunos e docentes e minimizar os prejuízos à formação dos alunos”.
O Departamento flexibilizou a graduação com a outorga antecipada de grau, quebra de pré-requisitos para cursar disciplinas e aproveitamento das atividades extracurriculares.