DESEMPENHO

UnB fica em 9º lugar entre melhores universidades do país, segundo ranking mundial

Considerando as 32 instituições de ensino superior brasileiras mais relevantes do país, a Universidade de Brasília (UnB) ocupa a 9ª posição, emplacando 10 disciplinas no ranking da 11ª edição do QS World University Rankings by Subject

Ana Maria Silva
Talita de Souza*
postado em 05/03/2021 06:00
Marina é filha de ex-alunos da UnB. A estudante de direito acredita que o resultado da universidade se dá pela excelência no ensino -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
Marina é filha de ex-alunos da UnB. A estudante de direito acredita que o resultado da universidade se dá pela excelência no ensino - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

A Universidade de Brasília (UnB) subiu uma posição entre as melhores universidades brasileiras listadas da 11ª edição do QS World University Rankings by Subject — que analisa o desempenho de 51 áreas acadêmicas de mais de 1,4 mil instituições de ensino superior do mundo. Este ano, a UnB passou para o 9º lugar, com 10 disciplinas listadas, entre 32 universidades do Brasil que participam da lista. Em 2020, ela estava em 10º, com nove áreas de conhecimento, quando houve 14 universidades do país avaliadas.

O ranqueamento é feito por analistas do ensino superior da empresa britânica QS (Quacquarelli Symonds). A novidade para a UnB nesta edição é o aparecimento do curso de matemática da instituição brasiliense em meio aos melhores do mundo: ele está entre a posição 450ª e a 500ª. Em seis disciplinas, a universidade manteve o posicionamento obtido em 2020: agricultura (entre as 201 e as 250 melhores), ciência da computação (entre 501 e 550), economia (entre 401 e 450), ciências ambientais (entre 351 e 400), direito (entre 251 e 300) e sociologia (entre 201 e 250). Em três áreas, houve queda: Química, Ciências biológicas e Medicina.

De acordo com a reitora da UnB, Márcia Abrahão Moura, o resultado reflete a dedicação de toda a comunidade educacional nas áreas acadêmica e administrativa. “Os rankings, contudo, não expressam toda a nossa competência, que está presente em inúmeras atividades de ensino, pesquisa e extensão, em áreas, por vezes, não capturadas nas avaliações internacionais”, pondera a educadora. “De todo modo, ter um reconhecimento internacional, como esse, mostra que estamos no caminho certo, a despeito das muitas dificuldades orçamentárias pelas quais temos passado”, completa Márcia.

Coisa de família

Para a estudante do 3º semestre do curso de direito Marina Monzillo de Almeida Costa, 20 anos, a tradição da UnB e a qualidade do seu capital humano são os principais motivos que fizeram com que a instituição alcançasse esse reconhecimento e motivaram sua escolha pelo curso. “A UnB também é coisa de família. Estudo nas mesmas salas que meus pais estudaram, às vezes com os mesmos professores. Porém, mais do que a nostalgia, minha escolha foi embasada pela autoridade que a instituição tem como um centro de ensino de excelência, reforçada agora pelo ranking”, explica Marina.

A condecoração da universidade estimulou a jovem. “É gratificante saber que estou me desenvolvendo em uma instituição tão relevante dentro do cenário acadêmico. Sinto orgulho de fazer parte de uma universidade considerada exemplar. Espero fazer jus ao reconhecimento recebido pela UnB e extrair o que há de melhor”, ressalta Marina.

Orgulho

João Victor de Sá Resende, 22, está no 7º semestre de economia e avalia que o motivo do destaque da UnB é a competência da instituição na formação dos alunos e investimento no quadro de docentes. “Outro ponto a se destacar é a grande variedade de oportunidades que um estudante encontra dentro do curso, além de diversos projetos que preparam os discentes e os estimulam a atividades de pesquisa, ensino e extensão”, enumera o rapaz.

Filho de químicos formados pela UnB, João diz que a familia fez diferença na escolha da instituição. “Sempre tive essa influência familiar, que me fez olhar a universidade com grande admiração. Eu cresci sabendo que a UnB sempre foi uma referência de excelência em ensino superior”, lembra. Com a nova colocação no ranking, o universitário diz que o sentimento que predomina é orgulho. “É uma instituição que se esforça ao máximo para nos entregar a melhor experiência possível, mesmo com todas as dificuldades que vivemos desde 2015, principalmente nesse último ano de pandemia”, ressalta.

Novas portas

O reconhecimento da UnB pode garantir novas oportunidades aos estudantes, conforme explica o também estudante João Pedro Cardoso Dias, 20, do 6º semestre de economia. “Estudar em uma universidade renomada me deixa bem otimista, pois eu sei que, dessa forma, mais portas se abrem para que eu construa uma carreira, seja na própria Academia, recebendo oportunidades de mestrado, doutorado e especializações, seja fora dela”, argumenta.

Desde o ensino médio, João tinha como objetivo entrar na UnB. “É a melhor universidade do DF e o melhor curso de economia”, conta. “Em tempos de crise, no mercado de trabalho, isso faz toda a diferença”, acrescenta.

Investimento

A decana substituta de pesquisa da UnB, Cláudia Naves Amorim, explica que o reconhecimento da universidade em rankings é uma prova de que a instituição tem conseguido manter a produção de conhecimento, apesar dos cortes no orçamento. “A UnB tem trabalhado fortemente para ser vista e reconhecida pela sociedade em geral, interagindo para a melhoria da qualidade de vida da população, então os rankings têm também o papel de evidenciar este reconhecimento e tornar público o bom resultado alcançado”, diz.

Cláudia reforça que a UnB tem tomado medidas para auxiliar pesquisadores nacionais e internacionais, assim como empresas que produzem esse tipo de ranking, a encontrarem mais facilmente os conteúdos desenvolvidos pela universidade. “Temos realmente feito um enorme esforço para continuar a pesquisa de qualidade, mantendo nossos laboratórios, equipamentos e insumos, com os poucos recursos e com pouquíssimas bolsas. Continuamos investindo e conseguindo atrair recursos humanos de qualidade, na forma de parcerias com outras instituições, de redes nacionais e internacionais”, menciona.

A UnB tem mais de 600 grupos de pesquisa. Além de quatro Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), que representam excelência em pesquisa, a instituição possui mais de 700 laboratórios pujantes, que exigem constante investimento e demandam grande esforço para serem mantidos.

De acordo com Cláudia, os alunos, grande massa de pesquisadores — em especial na pós-graduação —, precisam de bolsas para se dedicarem completamente à pesquisa “Tudo isto pertence à cidade de Brasília e ao Brasil, foi construído com enorme dedicação e precisa ser valorizado, é patrimônio da sociedade, e, aqui, nos referimos ao espaço físico e aos recursos humanos, que também necessitam ser mantidos e renovados, para que a universidade continue a exercer seu papel formador e de produção de conhecimento”, finaliza.

Metodologia

O QS World University Ranking é feito desde 2004. A partir de 2020, o levantamento incluiu mais um componente de classificação: a indicação de universidades por quase 95 mil pesquisadores acadêmicos do mundo. Os outros componentes considerados são a reputação entre empregadores, citações de pesquisa por artigo e o Índice H.

O primeiro se refere a indicações de universidades feitas por empresas que contratam pós-graduados. A citação por artigo é a contagem de quantas vezes um documento acadêmico foi citado. Por último, o Índice H é uma pontuação formada pela junção do número de artigos mais citados de uma área e a quantidade de citações que eles receberam em outros trabalhos científicos.

*Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho

Conhecimento

O ranking é de áreas de conhecimento, ou assuntos (“subject”), ou seja, inclui graduação e pós-graduação, além das pesquisas e impacto científico da produção nesta área de conhecimento da universidade. O ranking avalia a reputação da área por parte dos pesquisadores e dos empregadores e também o impacto da produção científica daquela área, por meio dos artigos publicados e quantas vezes são citados.

Top 10 Brasil (2021)

Pódio é composto pelas universidades que mais tiveram áreas do conhecimento listadas na 11ª edição do QS World University Rankings by Subject

1. Universidade de São Paulo (USP) — 44 vezes
2. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) — 29 vezes
3. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — 27 vezes
4. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — 20 vezes
5. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) — 16 vezes
6. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) — 15 vezes
7. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — 14 vezes
8. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) — 11 vezes
9. Universidade de Brasília (UnB) — 10 vezes
10. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) — 10 vezes

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