Divulgada nesta quarta-feira (3/3), a 11ª edição do QS World University Rankings by Subject (que analisa o desempenho de 51 áreas acadêmicas de mais de 1,4 mil universidades do mundo) reafirmou a qualidade de ensino de instituições do Brasil e do mundo. O ranqueamento é feito por analistas do ensino superior da empresa britânica QS (Quacquarelli Symonds).
No total, 32 universidades brasileiras aparecem na lista. Entre as instituições do país, a Universidade de Brasília (UnB) foi a 9ª mais listada, emplacando 10 disciplinas no ranking. Das universidades brasileiras incluídas na pesquisa, apenas três são particulares. As outras são públicas.
A Universidade Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) são as instituições de ensino com melhor desempenho, ocupando o primeiro lugar em 12 disciplinas. As instituições de ensino do Reino Unido também ganham destaque: 13 das 51 áreas de conhecimento são lideradas por universidades britânicas, sendo cinco delas pela Universidade de Oxford.
Na Ásia, duas universidades de Cingapura mostram ótimo desempenho. A Universidade Tecnológica Nanyang é a primeira em ciência de materiais, e a Universidade Nacional de Cingapura lidera o ranking de engenharia de petróleo. De acordo com a organizadora do ranking, as duas instituições receberam grandes aportes financeiros para a área de pesquisa.
Ensino superior brasileiro demonstra bom desempenho em saúde e agricultura
Odontologia, medicina, engenharia de petróleo e agricultura são as áreas em que as 32 universidades brasileiras no ranking conseguiram melhor desempenho. Entre as 32 instituições de ensino brasileiras que aparecem no ranking, apenas três são particulares: a Fundação Getulio Vargas (FGV) e as pontifícias universidades católicas de São Paulo (PUC-SP), do Rio de Janeiro (PUC - Rio) e do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Além disso, quatro disciplinas de universidade brasileiras conquistaram uma posição entre as 50 melhores do mundo na área delas pela primeira vez; sendo três da USP e uma da Unicamp. As três disciplinas estreantes da Universidade de São Paulo são hospitalidade e turismo (37º lugar), ciência política e relações internacionais (50ª posição) e antropologia (44ª). A Universidade Estadual de Campinas emplacou engenharia agrícola e ambiental (49º lugar).
A Universidade de São Paulo (USP) foi considerada a melhor instituição de ensino superior da América Latina: tendo 13 programas entre os 50 melhores do mundo. O maior destaque da universidade foi alcançado em odontologia: a USP ocupa a 13ª posição global, um aumento de cinco posições em relação a 2020.
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) subiu 15 posições em odontologia e ocupa o 22º lugar da disciplina. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) não fica muito atrás e ocupa a 26ª posição na área odontológica.
Instituições brasileiras também garantiram posições entre as 50 melhores do mundo na disciplina de engenharia do petróleo, com a Unicamp (28ª) e a USP (29ª). Já em agricultura, 17 universidades do país aparecem no ranking.
As 22 universidades brasileiras com melhores pesquisas e formações em medicina:
Medicina é a área de conhecimento com o maior número de faculdades brasileiras no ranking: 22 apresentam programas entre os melhores do mundo, entre elas estão as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Minas Gerais (UFMG) e de Goiás (UFG). Confira o ranking:
- Nome da instituição - posição ou faixa de posição mundial
- Universidade de São Paulo (USP) - 85ª
- Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - 201ª - 250ª
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - 201ª - 250ª
- Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - 201ª - 250ª
- Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) - 201ª - 250ª
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - 251ª - 300ª
- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) - 351ª - 400ª
- Universidade de Brasília (UnB) - 401ª - 450ª
- Universidade Federal da Bahia (UFBA) - 401ª - 450ª
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - 401ª - 450ª
- Universidade Federal do Paraná (UFPR) - 401ª - 450ª
- Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - 451ª - 500ª
- Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) - 451ª - 500ª
- Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) - 501ª - 550ª
- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) - 501ª - 550ª
- Universidade Federal do Ceará (UFC) - 501ª - 550ª
- Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) - 551ª - 600ª
- Universidade Estadual de Londrina (UEL) - 601ª - 650ª
- Universidade Federal de Goiás (UFG) - 601ª - 650ª
- Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) - 601ª e 650ª
- Universidade Federal do Rio Grande Do Norte (UFRN) - 601ª - 650ª
- Universidade Federal Fluminense (UFF) - 601ª - 650ª
Brasil se destaca na pesquisa contra a covid-19
O vice-presidente sênior de serviços profissionais da QS, Ben Sowter, afirma que o ranking é uma boa notícia para as universidades brasileiras. “A universidade principal do Brasil (a USP) continua a afirmar seu status de potência de pesquisa do continente. Mas também vimos exemplos notáveis de outras instituições”, diz.
Ben incentiva as universidades a promover mais parcerias internacionais. “Para continuar melhorando em nossos rankings, as instituições brasileiras devem continuar a se envolver em parcerias internacionais, com ênfase em pesquisas que tenham implicações práticas claras”, sugere.
Ele destaca a experiência da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “A recente parceria entre a UFPR e a Universidade de Tübingen, na Alemanha, criou um teste de detecção de covid-19 em 12 minutos. Isso colocou os pesquisadores brasileiros na vanguarda da resposta à pandemia global”, elogia.
UnB é destaque em mais uma disciplina entre as melhores do mundo
A Universidade de Brasília (UnB) foi listada 10 vezes no ranking, uma a mais do que em 2020. A novidade é o aparecimento do curso de matemática da instituição brasiliense entre os melhores do mundo: ele está entre a posição 450ª e 500ª entre 1,4 mil universidades.
Em seis disciplinas, a UnB manteve o posicionamento obtido em 2020: agricultura (entre as 201 e as 250 melhores), ciência da computação (entre 501 e 550), economia (entre 401 e 450), ciências ambientais (entre 351 e 400), direito (entre 251 e 300) e sociologia (entre 201 e 250).
Nas outras três áreas, houve queda nas posições. A área de química estava, em 2020, entre as posições 551ª e 600ª e, neste ano, foi para o intervalo entre 601ª e 620ª. Ciências biológicas foi outra área que registrou queda no ranqueamento: passou de estar entre os 401 e os 450 melhores cursos para o intervalo entre os 451 e os 500 melhores cursos.
Por fim, o curso de medicina também registrou queda: estava entre os 351 e os 400 melhores e, neste ano, passou para intervalo entre os 401 e os 450 com melhor desempenho.
Para a decana substituta de Pesquisa da UnB, Cláudia Naves Amorim, o reconhecimento da universidade em rankings é uma prova de que a instituição tem conseguido manter a produção de conhecimento mesmo com grandes cortes no orçamento.
“O resultado mostra que continuamos a desenvolver pesquisa de excelência mesmo com os cortes na área, que são imensos. Com o suporte financeiro que temos hoje, estamos tendo visibilidade alta”, conta.
A falta de financiamento em pesquisa causou a queda do ensino superior do Japão, considerado pelo ranking como um dos piores na área após a desvalorização das instituições.
“Se estivéssemos recebendo auxílio suficiente, seria normal estar em rankings, mas, como não estamos, é preciso considerar o fato de que, ainda na escassez, entregamos coisas boas”, aponta a decana.
O reconhecimento em pesquisa é reafirmado pelo ranking, visto que um dos componentes de classificação é a reputação acadêmica, etapa na qual a consultoria QS entrevista acadêmicos de todo mundo e pede que listem universidades que considerem excelentes na área de pesquisa do entrevistado.
Por este motivo, ela comemora também o aparecimento de uma nova área no ranking. “Tem disciplinas que nunca tinham aparecido nos rankings, como a de matemática. Isso mostra uma evolução na área e uma consequente aparição para novos parceiros, novos pesquisadores, o que pode gerar mais desenvolvimento”, diz.
A UnB, inclusive, tem tomado medidas para auxiliar pesquisadores nacionais e internacionais, assim como empresas que produzem este tipo de ranking, a encontrarem mais facilmente os conteúdos produzidos pela universidade.
“Neste último ano, temos tentado dar visibilidade para a pesquisa. Um dos pontos trabalhados foi organizar nosso site, criar a aba Pesquisa e inovação, e colocar lá os dados dos pesquisadores, as pesquisas e os artigos”, relata Cláudia.
“Temos uma massa de pesquisa imensa e organizar ajuda na visibilidade, fomenta parcerias e também ajuda no reconhecimento. Há rankings que só trabalham com dados de sites das universidades”, observa.
De acordo com o site da UnB, há mais de 600 grupos de pesquisa certificados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) em várias áreas do conhecimento, além de 4 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). A área de matemática, nova no ranking, conta com 17 grupos de pesquisa.
Ranking usa metodologia de pesquisa e inovação
O QS World University Ranking é feito desde 2004, mas, apenas a partir de 2020, o levantamento incluiu mais um componente de classificação: a indicação de universidades por quase 95 mil pesquisadores acadêmicos do mundo.
Os outros componentes considerados são: a reputação entre empregadores, citações de pesquisa por artigo e o índice H.
O primeiro se refere a indicações de universidades feitas por empresas que contratam pós-graduados. Já a citação por artigo é a contagem de quantas vezes um documento acadêmico foi citado. Por último, o Índice H é uma pontuação formada pela junção do número de artigos mais citados de uma área e o número de citações que eles receberam em outros artigos.
Confira as 32 universidades que aparecem no ranking, por ordem de vezes que foi mencionada:
- Universidade de São Paulo (USP) - 44 vezes
- Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - 29
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - 27
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - 20
- Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) - 16
- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) - 15
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - 14
- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) - 11
- Universidade de Brasília (UnB) - 10
- Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)- 10
- Fundação Getulio Vargas (FGV) - 6
- Universidade Federal do Paraná (UFPR) - 6
- Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - 4
- Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) - 4
- Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - 3
- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) - 2
- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) - 2
- Universidade Estadual de Londrina (UNEL) - 2
- Universidade Federal de Viçosa (UFV) - 2
- Universidade Federal Fluminense (UFF) - 2
- Universidade Federal da Bahia (UFBA) - 1
- Universidade Federal da Paraíba (UFPB) - 1
- Universidade Federal de Goiás (UFG) - 1
- Universidade Federal de Lavras (UFLA) - 1
- Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) - 1
- Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - 1
- Universidade Federal de Uberlândia (UFU) - 1
- Universidade Federal do Ceará (UFC) - 1
- Universidade Federal do Rio Grande Do Norte (UFRN) - 1
- Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) - 1
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa