Três estudantes brasileiros foram selecionados para estudar na Universidade Harvard, localizada em Cambridge, Massachusetts (EUA), e uma das melhores instituições do mundo. O anúncio dos 747 nomes escolhidos ocorreu em 17 de dezembro de 2020 e o processo contou com 10.086 aplicações de estudantes. E o Distrito Federal tem um representante: Eduardo Vasconcelos, 18 anos, conquistou a oportunidade de estudar na instituição a partir de setembro.
O ex-aluno do Colégio Militar de Brasília (CMB) ressalta que esta é uma conquista não só pessoal, como de toda a família. “No início de 2020, eu decidi que estudar nos Estados Unidos era realmente o sonho da minha vida”, afirma. Eduardo explica que, por ser apaixonado por ciências políticas e filosofia e o investimento na área ser muito maior no exterior, decidiu por um intercâmbio.
A escolha da universidade não foi por acaso. Eduardo teve a oportunidade de conhecer o câmpus em uma simulação de uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) em que colégios militares de todo o país participaram. Desde então, decidiu que estudaria lá, mas precisou contornar a falta de recursos.
Ele contou com suporte na Fundação Estudar, EducationUSA e Brasa (sigla em inglês para Associação de estudantes brasileiros no exterior) para pagar o processo de aplicação e garantiu bolsa da universidade para custear os estudos e a estadia.
Experiência de vida contribuiu na aprovação
Eduardo acredita que a trajetória pessoal contribui para a aprovação. Na redação, ele explicou como o contato com o trabalho da mãe, de atenção a jovens em medidas socioeducativas, impactou suas perspectivas de futuro. “Eu sempre levei as palavras da minha mãe e essa questão dos delinquentes juvenis, além de toda a sensibilidade com relação a eles, com muito carinho durante a minha vida”, pontua.
O estudante também considera que o trabalho voluntário, dando aula de civismo e democracia para jovens brasilienses em situação de vulnerabilidade social, contribuiu para a escolha, junto à participação como deputado federal jovem do DF em iniciativa da Câmara dos Deputados. No Colégio Militar de Brasília, o estudante também contribuiu para a criação de um projeto de educação inclusiva.
Para quem sonha com uma oportunidade no exterior, ele dá a dica: “Não se prenda à educação de dentro de sala de aula, essa é uma concepção que existe na educação dos EUA. Grande parte do que é analisado pelas universidades de lá não está dentro de sala de aula, como as notas, mas, sim, como você se engaja com sua comunidade, melhora a vida dos que estão ao redor e como foi a sua história de vida”.
Do Nordeste, mais um representante brasileiro
Outro brasileiro selecionado para estudar em Harvard é representante da região Nordeste e também se formou num colégio militar, o de Recife. João Victor Bezerra de Arruda, 17, ainda está extasiado com a notícia. O morador de Camaragibe (PE) conta que essa foi a primeira tentativa de ingresso na universidade, por isso, não estava muito seguro da aprovação, mas decidiu arriscar. “Eu acho que tinha 60% de confiança de que não passaria de primeira”, disse.
Ele contou com o apoio da EducationUSA para realizar a candidatura já que foi preciso enviar redações, notas do ensino médio, as conquistas no ambiente escolar, cartas de recomendação, testes padronizados, como o SAT (sigla em inglês para Teste de Aptidão Escolar), e atividades desenvolvidas fora da escola. Além disso, garantiu que as despesas fossem custeadas com recursos da universidade.
João Victor considera um diferencial a forma como se apresentou e contou a própria história durante o processo de candidatura. “Tentei mostrar como minhas experiências moldaram meus interesse para o futuro", afirma
Durante a vida escolar, o estudante marcou presença em iniciativas como o Parlamento Jovem Brasileiro, quando escreveu um Projeto de Lei sobre a instalação de placas solares em regiões remotas do Brasil. João Victor também teve a oportunidade de viajar para os EUA com apoio do Colégio Militar do Recife para simulação de conferência da ONU, no início de 2020.
O jovem vai se formar na área de governo, equivalente a ciências políticas ou gestão pública. Ele deseja retornar ao Brasil para aplicar os conhecimentos adquiridos no exterior. “É com essa intenção que estou indo para lá. Talvez atuar no Brasil na área de diplomacia ou política, mas, com certeza, contribuir com os meus conhecimentos para a construção de um país melhor”, almeja.
Os estudantes ressaltam que os veteranos tiveram notícia de mais uma brasileira aprovada, que é moradora de São Paulo. No entanto, a reportagem não conseguiu o retorno da jovem para confirmar a informação e falar da experiência.